TEMPO, ENERGIA E DINHEIRO

Aposto que quando você viu esses três pequeninos quadrinhos e os leu, deu um sorrisinho maroto no canto da boca e pensou: "É, é bem assim mesmo!" Alguns ainda foram além e sentenciaram: "Mas não tem o que fazer!"

A postagem de hoje não é para trazer uma fórmula mirabolante, então, de fazer você, quando criança, ganhar na loteria; quando adulto, ter um dia de 48 horas; nem quando idoso, encontrar o elixir da juventude. Não! Hoje você se deparará, tão-somente, com algumas proposições e com um singelo convite à meditação. Vamos lá?!

Quando criança, a insatisfação por vezes toma conta de nós, mormente quando queremos realizar fantasias que nossos pais acabam vetando, "porque dinheiro não dá em árvore, menino!". Acho que quando criança, deveríamos aprender as maravilhas que podemos executar tendo tempo e energia ilimitados. E acho mesmo que esse descontentamento com a falta de dinheiro próprio vem, muitas vezes, dos nossos pais, que exaltam a sua função de "sair e ganhar dinheiro", enquanto os pequenos ficam ali, "só sendo crianças".

Alto lá! "Só" ser criança?! Não! Ser criança é uma dádiva divina. Talvez, se os cuidadores dos pequeninos valorizassem a infância, as crianças também se sentiriam felizes em "só" ser criança. Por isso, acho que hoje, só hoje, os adultos poderiam continuar trabalhando e trazendo o sustento para o lar (e que tarefa difícil, heim?!), mas deveriam dividir com as crianças as bençãos de ter tempo e energia para realizar inúmeras façanhas, não, simplesmente, exaltar a falta de "obrigação" de ter que ganhar a vida. E amanhã, se esse reconhecimento vier do coração, o mesmo adulto já não fará isso porque lhe foi pedido, mas porque o faz voltar a ser criança também, ao menos por alguns instantes! Ah, que gostoso!

E a vida adulta? Nossa, o que dizer da energia que temos e do dinheiro que aprendemos a ganhar, realizando nossos desejos e amealhando coisas! Que realizador! Realizador? Perguntarão alguns menos fantasiosos. Realizador como?! Se eu mal consigo dar conta de tudo que eu tenho que fazer?! Ah, se meu dia tivesse 48 horas, aí sim, daria certo! Mentira! Se o seu dia tivesse 72 horas, com certeza, um adulto em plena capacidade produtiva daria um jeito de ocupar 68, para que só sobrassem 4 para dormir, e olhe lá!

Se deixarmos, o dia-a-dia engole a gente! E porque não somos super-heróis, deixamos uma lista de coisas para amanhã, não sem antes nos martirizarmos por isso. Daí vira uma bola de neve: não conseguimos fazer tudo o que queríamos, o pouco que conseguimos fazer não nos traz satisfação e a chateação de ter deixado uma lista enorme de tarefas pra depois acaba estragando a oportunidade de fazer bem feito o resto. 

É isso é que é ser adulto? Dá pra voltar? Não, ser adulto é driblar contratempos, fugir do relógio de vez em quando, rir do dia-a-dia e tentar, mais que tudo, aproveitar essa fase que tanto almejávamos na infância. 

E a terceira idade, heim?! Bom mesmo é a terceira idade, dirão os adultos estressados! Não, também não é um mar de rosas. Algumas limitações que vêm com o tempo acabam por dificultar o uso do tempo livre e das riquezas alcançadas. Isso sem contar que muitos idosos trabalham assiduamente, criam pequeninos ou auxiliam os adultos e têm outras tantas responsabilidades. O que muda, então? Muda o ritmo. Com a idade, vem a sabedoria de que, por mais que você tenha o tão desejado dinheiro da infância, as melhores coisas estão naquilo que ele não pode comprar. Com a idade, o idoso percebe que deixar o supermercado para amanhã, a louça suja na pia para o dia seguinte, a caminhada mais curtinha e a caixa de e-mails mais cheia não fazer lá muita diferença mesmo! E que o amanhã vai estar aí para você executar tudo que ficou faltando, mas o sorriso que você deixou de dar ao ver uma criança brincando e a lágrima de alegria que você deixou rolar ao receber um telefonema de uma amigo querido... isso pode não voltar!

E aí, depois de ler tudo isso, você pergunta: "Então, qual é a melhor fase?" Não sei! Refletindo sobre a charge, pensei: acho que melhor mesmo é fazer as DESCOBERTAS da infância, ter as CONQUISTAS da vida adulta e  USUFRUIR como na terceira idade SEMPRE! E colocar amor em tudo... E você, o que acha?