sexta-feira, 27 de junho de 2014

AUTOSABOTAGEM: EU CONTRA MIM MESMO!

“Já enfrentei muitas dificuldades na minha vida. A maioria delas nunca existiu.”
 (Mark Twain)

Em 1916, Freud escreveu um artigo de grande repercussão no mundo científico intitulado: “Os que Fracassam ao Triunfar”. Ele tratava de pessoas que possuíam medo de ter satisfação e, por isso, sentiam-se aliviadas quando o que estavam fazendo, ou intentavam fazer, não dava certo.

Com o avanço da psicologia a patologia pôde ser cada vez mais estudada e, em 1978, surgiu à designação “auto-sabotagem”, estabelecida pelos psicólogos Steven Berglas e Edward Jones, os quais haviam feito pesquisas neste campo com comprovado resultado científico.

De forma simplista, quem sabota a si mesmo não consegue usufruir das dinâmicas da vida que geram alegria e prazer porque, cada vez que elas surgem na existência, vêm associadas a um profundo conflito com as crenças primordiais do sujeito. Em síntese, é como se alguém tivesse tudo para ser feliz e, de alguma forma, conseguisse arrumar um jeito para fugir da felicidade. É o famoso “medo de ser feliz”. Mas, como já citava Dostoievski, “A maior felicidade é saber por que se é infeliz”.

Do ponto de vista clínico, a psicopatologia é tão grave que pode provocar obesidade, depressão, cardiopatias, transtornos de ansiedade, pensamentos suicidas, diabetes e, em casos mais graves, até a auto-mutilação, que é quando a pessoa cria flagelos físicos em si mesma para se punir.

Apesar de parecer algo bizarro – não esqueçamos que se trata de uma doença – quem se auto-boicota sente prazer pelo desprazer, ou seja, quanto mais a vida se torna difícil, através de situações adversas e portadoras de sofrimento, tanto mais a pessoa se satisfaz, chega a ter prazer em ser maltratada ou sentir dor. É uma reação provocada pelo inconsciente que faz com que o sujeito sinta atração por tudo o que produz destrutividade, um comportamento ativado por uma forte negatividade e um complexo de inferioridade crônico.

Como bem citou Kelly Young “O problema não é o problema – o problema é a atitude com relação ao problema”. A grande maioria dos “dramas” da alma humana, como a auto-sabotagem, tem cura, mas exige determinação e, particularmente neste caso, uma mudança significativa em hábitos e atitudes.

Nas Escrituras nós encontramos um caso que, ao meu ver, aplica-se ao que estamos falando. Trata-se do aleijado do tanque de Betesda, descrito no capítulo 5 do Evangelho de João. Sua atitude de auto-sabotagem fica muito clara quando Jesus lhe pergunta: “queres ser curado?”, e ele responde: “Senhor, não tenho quem me coloque no tanque”. Era o paradoxo de quem desejava a cura e, ao mesmo tempo, tinha medo dela. A pergunta de Jesus era objetiva, a resposta do aleijado subjetiva. A questão é que já havia se instalado em sua alma, pelas dores e pelo tempo, os mecanismos inconscientes de auto-sabotagem.

Quando Jesus encontrou-se com aquele homem, que se arrastava por aquela casa de agonia havia 38 anos, ele “scaneou” sua alma, discerniu todas as suas desconformidades e doenças. Seu aleijão já se projetara do físico para o emocional, por isso, duas coisas eram necessárias ser feitas: 1- Jesus precisou quebrar o “padrão de pensamento” daquele moribundo – “levanta-te, toma o teu leito e anda”; 2- com a mudança instantânea das crenças subjacentes que haviam se acumulado em sua alma ele finalmente liberou a fé necessária para ser curado.

Os psicoterapeutas são unânimes em afirmar que o processo de cura para este tipo de doença emocional passa, irremediavelmente, pela tomada de consciência de que, não só estamos nos auto-sabotando, como também dos danos que tais atitudes demandarão. Eles descrevem que, quando o paciente descobre os “padrões” que estão embutidos nestes “mecanismos intra-subjetivos”, torna-se possível reformular a matriz cognitiva de valores e crenças que desencadeia as atitudes destruidoras. Como bem afirmou Albert Schweitzer: “A maior descoberta de uma geração é que os seres humanos podem mudar sua vida modificando seus pensamentos”, ou, como disse o apóstolo Paulo, numa outra “versão”, “transformai-vos pela renovação da vossa mente”.

Não raro tenho encontrado na caminhada pastoral pessoas com este tipo de problema. Elas precisam ser amadas e tratadas, entendidas e confrontadas. O processo de cura, nesses casos específicos, necessita do apoio do trinômio: psicoterapia, ação medicamentosa e discipulado. (...)


Deixo como ponto de reflexão final a frase de Frank Outlaw: “Cuide de seus Pensamentos, porque eles se tornam Palavras. Escolha suas Palavras, porque elas se tornam Ações. Compreenda suas Ações, porque elas se tornam Hábitos. Entenda seus Hábitos, porque eles se tornam seu Destino.”

(Carlos Moreira) 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

PACIÊNCIA E NÓS

Quando as dificuldades atingem o apogeu, induzindo os companheiros mais valorosos a desertarem da luta pelo estabelecimento das boas obras, e prossegues sob o peso da responsabilidade que elas acarretam, na convicção de que não nos cabe descrer da vitória final...

Quando os problemas se multiplicam na estrada, pela invigilância dos próprios amigos, e te manténs, sem revolta, nas realizações edificantes a que te consagras...

Quando a injúria te espanca o nome, procurando desmantelar-te o trabalho, e continuas fiel às obrigações que abraçaste, sem atrasar o serviço com justificações ociosas...

Quando tentações e perturbações te ameaçam as horas, tumultuando-te os passos, e caminhas à frente, sem reclamações e sem queixas...

Quando te é lícito largar aos ombros de outrem a carga de atribuições sacrificiais que te assinala a existência, e não te afastas do serviço a fazer, entendendo que nenhum esforço é demais em favor do próximo...

Quando podes censurar e não censuras, exigir e não exiges...

Então, terás levantado a fortaleza da paciência no reino da própria alma.

Nem sempre passividade significa resignação construtiva.

Raramente pode alguém demonstrar conformidade, quando se encontre sob os constrangimentos da provação.

Paciência, em verdade, é perseverar na edificação do bem, a despeito das arremetidas do mal, e prosseguir corajosamente cooperando com ela e junto dela, quando nos seja mais fácil desistir.

(Do Espírito de Emmanuel, pelo médium Chico Xavier)



terça-feira, 24 de junho de 2014

MALEDICÊNCIA


Nenhum trabalhador sério e abnegado da Seara do Cristo está a salvoem seus labores - da maledicência e da impiedade dos ociosos, invejosos e despeitados...

Os Benfeitores Espirituais nos aconselham a voltarmos as armas da nossa vigilância e oração contra a praga da maledicência aparentemente ingênua, mas que destrói toda a região por onde prolifera.

Os Espíritos Superiores que participaram dos trabalhos da Codificação Espírita junto a Kardec, não se descuraram do assunto em telaEis um pequeno extrato de suas instruções:

“A benevolência para com os seus semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que lhe são as formas de manifestar-se. Entretanto, nem sempreque fiar nas aparências.   A educação e a frequentação do mundo podem dar ao homem o verniz dessas qualidadesQuantoscuja fingida bonomia não passa de máscara para o exterior, de uma roupagem cujo talhe primoroso dissimula as deformidades interiores!   O mundo está cheio dessas criaturas que têm nos lábios o sorriso e no coração o venenoque são brandas, desde que nada as agaste, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua, de ouro quando falam pela frente, se muda em dardo peçonhento, quando estão por detrás...”
(Joanna de Angelis, por Divaldo Franco, no livro “Lampadário Espírita”).

Por estar tão arraigada na alma humana e ser tão perniciosa, a maledicência vem recebendo até hoje o foco da atenção.

Mais uma vez, é a lição de Joanna de Angelis que extraímos preciosas advertências para o nosso comportamento na Vida de relação:

Espinho cruel a ferir indistintamente é a palavra de quem acusa; cáustico e corrosivo é o verbo na boca de quem relaciona defeitos; veneno perigoso é a expressão condenatória a vibrar nos lábios de quem malsina; lama pútrida, trescalando fétido, é a vibração sonora no aparelho vocal de quem censura; borralho escuro, ocultando a Verdade, é a maledicência destrutiva.
A maledicência é cultura de inutilidade em solo apodrecidoMaldizer significa destruir.
A verdade é como claro sol; a maledicência é nuvem escura. No entanto, é invariável a vitória da luz sobre a treva.

O maledicente é atormentado que se debate nas lavas da própria inferioridade. 
Tem a visão tomada e tudo através das pesadas lentes que carrega.
A palavra malsinante nasce discreta, muitas vezes, para incendiar-se perigosa, logo mais, culminando na calúnia devastadora.
Nãodesejo de ajudar quando se censuraNinguém ajuda condenando.
 Nãosocorro se, a pretexto de auxílio, se exibem as feridas alheias à indiferença de quem escuta.

Quanto possível, extingue esse monstro da paz alheia e da tua serenidade, que tenta dominar-te a Vida
Caridade é bênção sublime a desdobrar-se em silencioso socorro
Volta as armas da tua oração e vigilância contra a praga da maledicência aparentemente ingênua, mas que destrói toda a região por onde prolifera.
Recusa a taça venenosa que a observação da impiedade coloca à tua frenteDesculpa o erro dos outros
 É  muito mais fácil informar-se erradamente do que se atingir o fulcro da observação exata
As aparências não expressam realidades.  A forma oculta o conteúdo.  
Ninguém pode julgar pelo exterior.

Quando vier a tentação de acusar e apontar de­feitos, lembra-te das próprias necessidades e limitações e, fazendo todo o bem possível ao teu alcance, avança na firme resolução de amar, e despertarás, além das sombras da carne por onde segues, num roteiro abençoado onde os corações felizes e livres buscam a Vida Verdadeira”.

Em outra oportunidade, embora elucidando acerca da mentira, Joanna de Ângelis teceu alguns comentários que podemos aproveitar como parâmetros de cuidados a serem observados com relação à praga da maledicência:

“(...) Uma disciplina e vigilância rígida na arte de falar, procurando (quando necessário) repetir o que ouviu como escutou, o que viu conforme ocorreu, evitando traduzir o que pensa em torno do assunto, que não corresponde à legitimidade do fato, são de vital importância para o encontro com a realidade.

A terapia da boa leitura, dos hábitos saudáveis no campo moral, sem pieguismo nem autocompaixão, produz resultado relevante e reajusta o indivíduo à harmonia entre o que pensa, , ouve e fala”.

Segundo a nobre Mentora de Divaldo Franco, a maledicência, a mentira, a calúnia e quejandos, formam um séqüito causador de terríveis distonias psicológicas e éticas no comportamento social e, por isso, devem ser sumariamente rechaçadas sob qualquer forma em que se apresentem, face aos prejuízos morais que provocam.


(Adaptação do texto de Rogério Coelho, “Maledicência e Dissimulação”)

quarta-feira, 18 de junho de 2014

QUERIDOS ANIMAIS

"Sabemos que não há uma ó criatura no Universo cujo propósito não tenha sido o pretendido pelo Pai Amantíssimo. 

Dito isso, lembremos que toda a qualquer criatura oferece a oportunidade de evolução e crescimento a qualquer outra. 

Assim, também os animais devem ser amparados e respeitados, em suas necessidades e limitações.

Saibamos, pois, reconhecer deus de Luz em toda e qualquer criatura: da mais peçonhenta a mais fraterna e carinhosa. 

Deus é onipresente: tudo sabe e tudo faz, movido pelo eterno amor que nutre por toda a Criação." 

(Mensagem Mediúnica)

 

terça-feira, 17 de junho de 2014

NÃO SE ESQUEÇA DE QUEM VOCÊ É!

Você pode estar sofrendo e reclamando dos problemas da sua vida, lamentando-se pelo número de situações negativas, as quais estão sucessivamente sendo atraídas para você.
Dores, doenças, crises e conflitos diários, falta de prosperidade, falta de sucesso pessoal, ansiedade e saúde frágil. Tudo isso tem uma causa: você se esqueceu!

Esqueceu-se de que quando olha para dentro de você, com sinceridade e analisa cada problema, na sua causa essencial, tem grandes chances de ser feliz!

Esqueceu-se de que quando você reclama dos sofrimentos é porque preferiu achar culpados. Você se esqueceu de que se algo vai mal, você pode mudar com base em ações novas, pensamentos modificados e hábitos renovados.

Esqueceu-se de que a força da sua alma é ilimitada e o tempo que você desperdiça focando na lamentação dos problemas é o mesmo precioso tempo que você poderia utilizar para sintonizar-se com a sua alma e com a força da sua espiritualidade. Você se esqueceu de concentrar tempo em reconhecer os seus princípios, virtudes e valores, pois eles são a sua força!

Esqueceu-se de buscar o caminho para a realização da missão da sua alma, pois esse é o caminho da verdade do seu espírito.

Esqueceu-se de querer ser feliz.

Você se distraiu... Você se esqueceu... Você se alienou da sua causa maior...

Pare agora! Analise a sua vida com as lentes da sua alma.

Dê uma nota de 0 a 10 para cada aspecto importante de sua vida e não pare de agir até que todos eles estejam nota 10!

Com atenção a isso, você nunca se esquecerá!

Quais são os seus sonhos?

O que você está fazendo para alcançá-los?

A forma como você está agindo atualmente vai lhe levar até onde?

Pense, reflita, reforme-se.

Lembre-se de quem você é e ilumine-se!

(Bruno Gimenes)

segunda-feira, 16 de junho de 2014

VAIDADE

“(…) A vaidade de certos homens, que julgam saber tudo e tudo querem explicar a seu modo, dará nascimento a opiniões dissidentes.
Mas, todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno que prenderá o mundo inteiro.
Estes deixarão de lado as miseráveis questões de palavras, para só se ocuparem com o que é essencial.
E a doutrina será sempre a mesma, quanto ao fundo, para todos os que receberem comunicações de Espíritos superiores.”
(Livro dos Espíritos)

Médiuns e pregadores ou expositores espíritas sem humildade, sem o devido conhecimento de suas próprias deficiências, são espantalhos no arrozal do Espiritismo.
  Conquistam uma popularidade falsa, glória mentirosa e nada fazem de bem, nem a si mesmos nem aos outros.
Seus sucessos são aparentes e efêmeros, mas a derrota moral que representam perdurará em seus espíritos, e em suas consciências.
  Para que o médium consiga superar essas dificuldades da relação com o público, é necessário que haja, primeiro, superado as dificuldades de suas relações com os espíritos.
 Enxameiam em torno dos médiuns espíritos pretensiosos, que desejam convertê-los em seus instrumentos de relação com os homens.
Mas os espíritos sinceros e bons, devotados ao bem, também o socorrem.
Se ele, porém, não houver treinado em silêncio, na meditação e na prece ou nas reuniões mediúnicas, os meios de livrar-se dos obsessores, não terá, na hora da prova, diante do interlocutor ansioso, muitas vezes suplicante, a possibilidade de fazê-lo.
As relações do médium com os seus orientadores espirituais antecedem as suas relações com o público e determinam a natureza destas.
  Para auxiliar os outros, o médium precisa haver sido auxiliado pelos espíritos bons.
Dessa maneira, os médiuns que realmente semeiam benefícios são aqueles que aprenderam a viver na intimidade dos seus protetores e amigos espirituais.
A vaidade é sempre o maior empecilho a essa intimidade, pois os médiuns, em geral, mal saíram de uma obsessão, já se consideram emancipados, capazes de agir por conta própria, preparando-se assim para nova obsessão. Kardec explica essas dificuldades com a maior clareza e precisão, mas os obsessores costumam soprar aos médiuns a ideia vaidosa de que Kardec se tornou artigo de museu, como se a verdade pudesse envelhecer.


 

sexta-feira, 13 de junho de 2014

SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

Segundo a tradição católica, é consagrado o dia 13 de junho a Santo Antônio De Pádua, um dos santos mais populares dos Brasil.

Segundo a nossa amada doutrina espírita, os santos nada mais são que espíritos evoluídos e ou de luz, que conforme seus próprios esforços e reforma íntima, alcançaram um grau evolutivo maior que nós.

Assim também se caracteriza Santo Antônio , que inclusive, era um médium que tinha muitas faculdades mediúnicas, de fenômenos inteligentes como os físicos , sendo mencionado por Allan Kardec no Livro dos Médiuns, parte 2, cap. 7, itens 119, que trata justamente da bicorporiedade e transfiguração:

“Santo Antonio de Pádua estava na Espanha e no tempo em que ali pregava, seu pai, que se encontrava em Pádua, ia sendo levado ao suplício, acusado de assassinato. Nesse momento Santo Antonio aparece, demonstra inocência do pai e dá a conhecer o verdadeiro criminoso que, mais tarde sofreu o castigo. Constatou-se que naquele momento Santo Antonio não havia deixado a Espanha. Santo Afonso, evocado e interrogado por nós sobre o fato referido, deu as seguintes respostas.

1. Poderias dar-nos a explicação desse fenômeno?

— Sim. Quando o homem se desmaterializou completamente por sua virtude, tendo elevado sua alma a deus, pode aparecer em dois lugares ao mesmo tempo. Eis como: o espírito encarnado, sentindo chegar o sono, pode pedir a deus para se transportar a algum lugar. Seu espírito ou sua alma, como quiseres, abandona então o corpo, seguido de uma porção do seu perispírito, e deixa a matéria imunda num estado vizinho da morte. Digo vizinho da morte porque o corpo permanece ligado ao perispírito e a alma à matéria, por um liame que não pode ser definido. O corpo aparece então no lugar pedido. Creio que é tudo o que desejas saber.

2. Isso não nos dá a explicação da visibilidade e da tangibilidade do perispírito?

— Estando desligado da matéria, segundo o seu grau de elevação o espírito pode se tornar tangível à matéria.

3. É indispensável o sono do corpo para o aparecimento do espírito em outros lugares?

— A alma pode se dividir quando se deixa levar para longe o corpo. Pode ser que o corpo não durma,embora seja isso muito raro, mas então estará em perfeita normalidade. Estará sempre mais ou menos em êxtase. 
Nota de Kardec: a alma não se divide, no sentido literal da palavra. Ela irradia em várias direções e pode assim manifestar-se em muitos lugares, sem se fragmentar. É o mesmo que se dá com a luz ao refletir-se em muitos espelhos.

4. Estando um homem mergulhado no sono, enquanto seu espírito aparece ao longe, que aconteceria se fosse subitamente despertado?

— Isso não aconteceria, porque se alguém tivesse a intenção de acordá-lo o espírito voltaria ao corpo, antecipando a intenção, pois o espírito lê o pensamento.


 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

FABIANO DE CRISTO

Ontem, fui surpreendida pela pergunta
“Por que alguns Centros Espíritas levam a referência a Fabiano – Lar de Fabiano, Casa de Fabiano? Quem foi Fabiano?”

E hoje, prontamente, me ponho a responder essa pergunta, agradecida pelo questionamento que me fez conhecer mais um espírito de escol.

João Barbosa nasceu em SoengasPortugal, em 8 de fevereiro de 1676 e faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de outubro de 1747 e é popularmente conhecido pelo seu nome religioso de Fabiano de Cristo.
Foi um frade da Ordem dos Frades Menores.
Ainda jovem emigrou para o Brasil, onde desenvolveu um trabalho de dedicação e amor ao próximo.

Filho de Gervásio Barbosa e sua esposa, Senhorinha Gonçalves, foi um dos seis filhos do casal, e o único homem.
De suas irmãs, quatro se tornaram religiosas.
João Barbosa foi criado no campo, pastoreando ovelhas.
A sua família havia sido abastada, mas à época sofria limitações financeiras e, por essa razão, o jovem não teve oportunidade de dedicar-se aos estudos.
Buscando retomar a antiga fortuna da família, mudou-se para a cidade do Porto, onde veio a trabalhar como conferente de cargas em uma firma que se dedicava à exportação de especiarias.
Era o início do ciclo do ouro no Brasil e, ouvindo dos marinheiros as notícias da riqueza e das oportunidades além do Atlântico, decidiu emigrar.
Com mais dois sócios, meses depois, desembarca na cidade do Rio de Janeiro.
Desta cidade, rumam a Paraty, ponto de partida do chamado "Caminho Velho".
Em suas buscas conheceu as cidades de Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo (atual Mariana) e Ouro Preto, experimentou diversas atividades.
De retorno a Paraty, decidiu abrir comércio, no qual, em pouco tempo, prosperou. Em 1704 já possuía imponente residência, não deixando de auxiliar os necessitados.

Um dia, entretanto, um de seus antigos sócios e um companheiro foram assassinados, sem motivo aparente, na aldeia de Aparição, o que terá feito João repensar a sua situação e questionar o que a fortuna amealhada realmente representava.

Em meio a esse questionamento, certo dia, ao retornar a casa após haver auxiliado financeiramente uma família necessitada, encontra uma pessoa abandonada no chão.
Num impulso de solidariedade, abaixa-se e agasalha o estranho em seus braços.

Tentando acalmar o desconhecido João fala:
- Vamos amigo, não tenha medo, procurarei ajudá-lo.
Sentindo uma energia estranha João prossegue e o homem lhe diz:
- Fui vítima de assalto.

João retruca:
- Não fale agora. Aqui perto há uma hospedaria. Lá será mais confortável e mais fácil tratá-lo.
Uma vez na hospedaria, João passa a noite ao lado do enfermo que em meio a delírios de febre lhe diz:
- Finalmente vens de encontro ao meu regaço.

João assusta-se:
- Mas quem é o senhor que parece conhecer-me?
E para sua surpresa, o estranho lhe diz:
- Sou aquele a quem há muitos séculos serves. Voltastes a procurar-me porque cansaste de juntar bens materiais, mas vieste ao meu encontro por procurares atender os aflitos, aplacando a fome do corpo. Mas seu coração inundado de luz alcança muito mais. Para continuar a servir-me, vai onde a dor é imensa. Enxuga as lágrimas maternais, ensina o caminho do Bem a quem desviar-se por arrastamentos e tentações inferiores. Vê que é chegada a hora para ti, de encontrar o verdadeiro tesouro que está nas Leis do nosso Pai.

João insiste:
- Mas quem é o senhor afinal?
- Eu sou o Cristo, meu filho e voltei para buscar-te e lembrar-te de tua verdadeira missão. A todos que servires, será a mim que estarás servindo. Portanto, dá tudo o que tens e terás a vida eterna. Terás-me por inteiro, e dessa forma trabalharemos juntos a servir o nosso Pai. – responde o desconhecido.

Em prantos, João refletiu sobre as palavras do “doente”, que entretanto desaparece sem deixar esclarecimentos. Passa o dia sem poder esquecer aquele encontro, na noite foi passada em claro.

Quando o dia está para nascer João conseguiu adormecer e teve um sonho estranho. Vê-se num lugar muito bonito e, à sua frente, um ser luminoso com um hábito marrom que lhe estende a mão sorrindo.
Reconhecendo a figura, João cai de joelhos e exclama:
Francisco de Assis!
- Pois bem, meu irmão - diz Francisco de Assis -, se seu coração anseia em amparar os aflitos e servir ao Senhor Jesus, vem comigo.
Ao que João retruca:
- Mas tenho que despojar-me dos bens terrenos.

E Francisco lhe fala mansamente:
- Os bens da vida eterna é que devem ser entesourados, Barbosa. De agora em diante, o Evangelho será o teu tesouro maior. Não percas mais tempo. Aplica-o na prática da caridade maior, entre todos. Tu não precisarás mais percorrer muitos lugares para falar da paz e do amor de Cristo. Muitos irão procurar-te e irás orientá-los para que encontrem o Reino de Deus. Para que trabalhes com tranquilidade, o teu trabalho será de cargo singelo. O teu coração nutrir-se-á de paciência e resignação. O teu corpo sofrerá para que liberto seja o teu espírito das tentações da carne.

Aos poucos as palavras de Francisco de Assis foram tornando-se incompreensíveis e a figura desapareceu.
João Barbosa acordou assustado, mas com uma paz indizível. Surgiu então em sua mente o Convento de São Bernardino de Sena, não tendo dúvida de era ali que deveria se entregar ao Cristo!
Dividiu a sua fortuna em três partes: a primeira foi enviada a Portugal, para a família e outros acertos; a segunda, foi destinada à obras de caridade; e a terceira foi distribuída entre os pobres. A 8 de novembro de 1704 apresentou-se no convento e, em 11 de novembro do mesmo ano, vestiu o hábito marrom de São Francisco trocando seu nome de João para "Frei Fabiano de Cristo".

Em 1705, Frei Fabiano de Cristo foi transferido para o Convento Santo Antônio do Rio de Janeiro, onde veio a desempenhar a função de porteiro. Ali, por volta de 1708, assumiu o cargo de enfermeiro, muito embora não tivesse conhecimento sobre o assunto. Na enfermaria, como em todos os cargos que ocuparia, o seu amor seria exemplo de dedicação. Optou por dormir na própria enfermaria a fim de ficar junto com os doentes, noite e dia, caso algum deles precisasse de seus cuidados. Serviu nesse posto por quase trinta e oito anos.

Após anos de serviço, desenvolveu uma erisipela crônica nas pernas, que o impedia de maiores movimentos. Surgiu-lhe também um quisto num dos joelhos que, de acordo com os médicos era devido às horas que permanecia de joelho a orar. Embora tendo lhe sido recomendado repouso, não reduziu as horas de trabalho em benefício do próximo. Nunca se queixou de dores, apenas de não poder trabalhar mais na enfermaria. O joelho doente foi submetido a quatro operações, sem anestesia, inexistente à época.

Prevendo a própria morte, anunciou-a com três dias de antecedência. Em 17 de outubro de 1747, por volta das duas da tarde, rodeado pelos irmãos, faleceu. Uma multidão acorreu às portas do convento para se despedir do religioso. Afirma-se que se despediu do Superior do Convento e pediu-lhe para abraçar, um por um, todos os enfermos e companheiros da enfermaria um dia antes de sua morte. A sua ossada ainda se encontra no Convento em que passou maior parte de sua vida e não são poucos os que ali vão para pedir a cura de enfermidades ou graças.

Segundo os adeptos da Doutrina Espírita, Frei Fabiano de Cristo seria a reencarnação do padre José de Anchieta, e até hoje trabalharia em favor dos necessitados inspirando mãos amigas no planeta Terra.

Muitas instituições foram fundadas com o seu nome. São muitos os casos em que curas são atribuídas ao espírito de Frei Fabiano de Cristo.

Foto: Mar da Galileia (*Pixabay) Irmãos, que alegria estarmos todos aqui neste ambiente de paz, amor, fraternidade e luz, muita...