sábado, 30 de junho de 2018

Outro sábado de 1981


A tarde mostrava-se fria e chuvosa. Todos estávamos bem agasalhados, contrastando com a fila imensa dos irmãos necessitados que estavam expostos às intempéries, dizendo sem palavras do quanto ainda há por fazer.

As crianças se reuniam em torno de fogueiras improvisadas... Mas, em todos os semblantes existia alegria. Chico, como sempre, contagiava-nos com o seu bom humor. Uma senhora já bastante idosa, moradora do bairro, varou a multidão para beijar aquelas abençoadas mãos. Chico chamou-a pelo nome, perguntou se tudo ia bem. Ela se retirou feliz, falando baixinho: "Ele é um pai pra mim. Quando meu marido morreu foi ele quem cuidou de tudo..."

Cremos que a nossa crônica poderia encerrar-se por aqui, tal o material de reflexão que o depoimento espontâneo daquela irmã nos oferece, mas convém que avancemos. Feita a prece inicial, o "Evangelho" no seu Cap. V — "Bem-aventurados os aflitos", nos chamou a atenção para o item "Motivos de Resignação".

Companheiros vários, são convidados à palavra, pelo tempo de dois a quatro minutos. Esse sistema de comentários, já tivemos oportunidade de analisar, é o que melhor funciona, pois, além de prender atenção dos ouvintes, em quatro minutos é-nos possível sintetizar a mensagem que desejamos transmitir e, depois cada um aborda o tema por prisma diferente.

Após os primeiros comentários, um confrade mencionou a resignação dos primitivos cristãos, testemunhando, nas arenas do sacrifício, a fé nas palavras do Senhor. Citou o romance de Emmanuel "Há Dois Mil Anos" mostrando a vitória da resignação de Lívia ante o orgulho do senador Públio Lentulus... Outro exaltou a excelência da Doutrina Espírita, que nos enseja vários motivos de resignação. 

A palavra de Chico Xavier, aguardada com expectativa, fez-se ouvir agora naquele ambiente de paz. E ele contou uma lenda hindu, em que dois irmãos desejavam conquistar a pureza, seguir a trilha dos "mahatmas"... Combinaram que, depois de vinte anos, ambos deveriam encontrar-se naquele mesmo local. Cada qual seguiu o seu caminho. Um se isolou do mundo, mergulhando na meditação e na prece. O outro voltou para casa, lutando com as dificuldades naturais da família.

O tempo correu. Vinte anos haviam se passado, quando os dois irmãos, fiéis à palavra empenhada, reuniram-se no mesmo lugar. O primeiro, o que se havia isolado, não reconheceu o segundo, tal o estado deplorável de imundície em que se encontrava, estava sujo, rasgado, seguido por um grande séquito de necessitados...

O primeiro exibia uma túnica muito alva e refletia grande segurança. Depois de se identificarem, foram à presença de um Anjo do Senhor, que somaria as dúvidas quanto ao aproveitamento de ambos, nas lutas da Vida. A escolha recaiu sobre o segundo,o que havia voltado para o convívio familiar, expondo-se às tentações.

"Mas, Anjo Bom — disse o primeiro — eu alcancei a pureza máxima, ao passo que o meu irmão traz o joelho ralado pelas sucessivas quedas... Eu consegui atravessar o Ganges sem sequer tocar os pés na água.... O Espírito iluminado, depois de ouvi-lo, falou, melancolicamente: "Ah! meu irmão, para atravessar o Ganges sem molhar os pés, bastaria que você construísse uma pinguela..."

A lição nos tocou bem fundo a alma. Com a prece final, fomos todos dar o nosso abraço de amizade aos irmãos que nos aguardavam, na certeza de que o melhor processo de avançar será sempre trabalhar e esperar.

Livro - Chico Xavier, à sombra do abacateiro
Francisco Cândido Xavier, Emmanuel, Carlos Antônio Bacelli
Editora Ideal

*Resumos de palestras pronunciadas pelo Médium Francisco Cândido Xavier, nos cultos de evangelho e de assistências, aos sábados, em Uberaba, Minas Gerais, sobe inspiração e supervisão de Emmanuel.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Polão e o mês dos três Santos




Muitos bons dias, moçada!

Muita luz pra todos e que o Pai Nosso deixe cair sobre vossas cabeças todas as bênçãos do céu!

Começou o mês de junho! Mês dos três Santos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Mês de erguer a bandeira do santo de devoção, de rezar o terço, de fogueira, quadrilha, pipoca, batata doce e quentão.

Quando eu estava aqui, no mundo dos encarnados, esse era o mês que eu mais gostava. Nas noites frias o céu era lindo e as estrelas pareciam mais brilhantes espalhadas no negrume do manto celeste. De vez em quando, uma cadente riscava o céu deixando um rastro de esperança naqueles que viam e faziam seus pedidos.

Eu era um homem muito simples, semianalfabeto, mas nos dias de festa dos santos ganhava a minha importância porque era chamado para puxar o terço. Eu era um rezador dos bons e por isso era disputado nas casas que faziam a festa em homenagem ao Santo de devoção. E lá ia eu, terço na mão, chapéu de palha na cabeça por causa do sereno e muita, muita fé no coração.

Casa após casa, até cinco ou seis por noite, rezando e puxando ladainha, não deixava ninguém na mão. Começava no Santo Antônio com o menino no braço, o santinho casamenteiro, o santo das moças solteiras que judiavam um bocado do coitadinho pra conseguir marido.

Depois vinha o São João com o carneirinho no colo. Esse era o meu preferido. Eu achava lindos os cachinhos do São João e pra ele eu rezava com mais fervor. Aí, no fim do mês era a vez de São Pedro segurando as chaves. Esse, eu achava muito sisudo, mas devia ser por causa da responsabilidade de guardar a porta do céu. E assim, ia eu rezando, puxando a ladainha e cantando:

“São João Batista, Batista João, suspender bandeiras com vela na mão. Se João soubesse qual era o seu dia, desceria a terra de tanta alegria.”

Pra ser honesto, devo dizer que quando terminava a rezação dos terços, eu já estava um pouco tonto, porque em toda casa que ia tinha que tomar um gole de quentão pra não fazer desfeita.

Um dia chegou na cidade, um moço que tinha sido seminarista, muito bem falante, que rezava os terços pelas cartilhas e eu fui ficando meio esquecido, porque os terços do outro eram mais bonitos, e acho que os santos gostavam mais.

Eu ainda era chamado, mas pelos amigos mais chegados, pelos compadres que me tinham grande consideração. Não fiquei magoado, mas um pouco triste porque o tempo passou e o velho teve que ceder o lugar ao novo. Essa é a lei.

Agora que estou aqui, bem mais perto dos meus santinhos queridos, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de fazer tanta gente rezar junto.

Então, eu desejo a todos vocês um lindo mês de junho, com muita festança, sem esquecer das rezas!

Polão, de profissão lixeiro e rezador de terço nas noites de junho.

*Mensagem psicografada pela médium Dona Cida, em 02 de junho de 2012.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Bem-aventurados





Irmãos, bendito sejam todos que buscam nesta manhã a luz do Mestre Jesus. Vós sois privilegiados estão em busca do caminho reto, aquele que nem sempre será de calmaria ou flores, mas o caminho que leva ao Pai.

Bem-aventurados são todos que buscam a verdade, que estão sedentos de Paz. Bem-aventurados os que acordaram da inércia e hoje se colocam à disposição do trabalho do bem. Àqueles que se esquecendo de seus problemas, aceitam o trabalho e o chamado do Amor.

Não temas, caminha sobre as pedras do caminho e eleva-se ao alto. São bem-aventurados, chamados ao exercício de regeneração deste orbe, escola abençoada chamada Terra. Eis que um dia, em sua jornada, esteve junto da Estrela Celeste chamada Jesus.

Oh, são, somos todos bem-aventurados por termos sido criados para compor essa casa de regeneração.

Mestre Jesus e suas estrelas, Espíritos de Luz que nos cercam, que sublimados e despertos, livres dos charcos das reencarnações, voltam-se todos para Nós, pequenos grãos de areia a nascer e morrer e renascer neste Planeta Azul.

Oh, divino amigo, Jesus, banhe nossos corpos, nossas mentes, nossa jornada, para que bem-aventurados acordemos às suas mais doces tarefas de amar, perdoar e servir.

Amados, que as luzes do mais alto banhem suas almas e revigorados fortaleça-os a caminhar confiantes e agradecidos ao nosso misericordioso e amado, Pai.

Jesus, Mestre de Luz, sê conosco neste educandário de amor.
Inspire-nos a sermos mais servos, mais resilientes, mais amorosos, e assim, caminharmos todos juntos, rumo à perfeição.

Bem aventuranças aguardam todos que confiam em Ti.

Que assim seja, na graça do Pai.

Mensagem ditada pelo Espírito Oliveira, em 22 de abril de 2018, à médium Evanize Patriota.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

A Lição da Aranha





O aprendiz perguntou ao orientador, depois da aula, em torno das dificuldades humanas:
 -Instrutor, onde os motivos pelos quais sempre se multiplicam os obstáculos, diante dos homens, impedindo-lhes a sublimação espiritual? O amigo convidou o discípulo a visitar um casarão próximo, semi-abandonado. Entraram e, numa sala espaçosa, grande aranha se mostrava presa no centro da caprichosa rede de fios, entretecida por ela mesma.

-Vês esta aranha encarcerada no labirinto, feito por ela própria? – indagou o mentor. -Ante o sinal afirmativo do rapaz, o amigo acrescentou: -Observemos. Passados alguns instantes, apareceu jovem auxiliar de serviço, naquela moradia quase desabitada e usando um espanador, desfez o tecido, libertando a aranha, que se deu pressa em esconder sob pesado móvel.  -Voltaremos amanhã para nossos apontamentos – falou o orientador.

No dia seguinte, professor e discípulo regressaram ao casarão e, num aposento diverso, a mesma aranha se apressara no centro de outros fios tecidos por ela própria. Decorridos poucos segundos, a jovem da véspera reapareceu e acabou com a trama, libertando a aranha que se afastou, ocultando-se em antigo móvel desocupado.

 Mais um dia e, pela terceira vez, o instrutor e o aprendiz retornaram ao mesmo local, surpreendendo a mesma aranha no centro de outra complicada rede de fios, criada por ela mesma. A jovem, já conhecida, surgiu e agitando o espanador liberou a aranha que, rapidamente, tomou novo esconderijo sob mala suspensa.

 Foi então que o mentor, dirigindo- se ao rapaz, resumiu a lição, esclarecendo. -Lembrou você que os homens lutam com grandes entraves, no caminho da elevação, mas é preciso reconhecer que a maioria dos nossos companheiros, no plano físico, quase sempre agem à maneira da aranha. O espanador providencial do sofrimento surge a liberta-los das prisões engenhadas e construídas por eles, entretanto, que podemos fazer se eles mesmos se escondem nos hábitos que acalentam e, depois, usando o livre arbítrio, criam novos problemas para eles próprios?

Da obra 'AGORA É O TEMPO' – Espírito: EMMANUEL – Médium: FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.
Credito Foto: Pixabay 

domingo, 3 de junho de 2018

Disciplina


Não nos repugne o verbo obedecer.

Tudo o que constitui progresso e aperfeiçoamento guarda a ordem por base.

Não olvides que a disciplina principia no céu.

As mais sublimes constelações atendem às leis de equilíbrio e movimento.

O sol que nos sustenta a vida no mundo repete operações de ritmo, há numerosos milênios.

A lua que clareava o caminho das mais remotas civilizações da Índia e do Egito efetua, ainda hoje, as mesmas tarefas, diante da Humanidade.

No campo da Natureza, a disciplina é alicerce de toda bênção.

Obedece o solo. Obedece a árvore. Obedece a fonte.

Qualquer construção obedece ao plano do arquiteto que a idealiza.

E, no aconchego do lar, obedecem o piso anônimo, o vaso amigo e o pão que enriquece a mesa.

Na experiência física, a saúde é obra da disciplina celular.
Quando as unidades microscópicas da colmeia orgânica se desarvoram, rebeladas, encontramos os tormentos da enfermidade ou as sombras da morte.

Chamados a servir aos nossos semelhantes no Espiritismo Cristão, em favor de nós mesmos, saibamos cultivar a liberdade de obedecer para o bem, aprendendo e ajudando sempre.

Jamais nos esqueçamos de que Jesus se fez o Mestre Divino e o Soberano das Almas, não somente porque tenha vindo ao mundo, consagrado pelos cânticos das Legiões Celestes, mas também por haver transformado a própria vida, em Seu Apostolado de Amor, num cântico de humildade, obedecendo constantemente a Vontade de Deus.

Taça de luz. Espírito Scheilla. Psicografado por Chico Xavier

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Tarefa do Amor




A tarefa do amor é sublime sementeira que vai deixando pelo caminho os frutos divinos. 

Ora, agradece as benesses de Deus, seu Pai. Não te percas pela vida. Crê na doce presença do Mestre, crê na vida que se modifica a cada respirar. Crê na natureza que se renova. Sois filhos do amor e para o amor foste chamado.

Atenda obediente essa voz que fala de perdão, que toda manhã deseja contigo seguir. E sabes que se for forte, se silenciar, sua alma ouvirá.

Vê quanto amor recebes! Podes sentir o eflúvio a derramar-se sobre ti? É o amor que não vês, mas que sentes.

Aceita-te, assim como o Pai, e por Ele melhoras, para que seu amanhã seja farol a iluminar a criação.

Ama-nos, Jesus.

Espírito Maria Clara


Mensagem psicografada pela médium Evanize Patriota - Domingo, 22 de abril de 2018.

Foto: Mar da Galileia (*Pixabay) Irmãos, que alegria estarmos todos aqui neste ambiente de paz, amor, fraternidade e luz, muita...