segunda-feira, 25 de junho de 2018

Polão e o mês dos três Santos




Muitos bons dias, moçada!

Muita luz pra todos e que o Pai Nosso deixe cair sobre vossas cabeças todas as bênçãos do céu!

Começou o mês de junho! Mês dos três Santos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Mês de erguer a bandeira do santo de devoção, de rezar o terço, de fogueira, quadrilha, pipoca, batata doce e quentão.

Quando eu estava aqui, no mundo dos encarnados, esse era o mês que eu mais gostava. Nas noites frias o céu era lindo e as estrelas pareciam mais brilhantes espalhadas no negrume do manto celeste. De vez em quando, uma cadente riscava o céu deixando um rastro de esperança naqueles que viam e faziam seus pedidos.

Eu era um homem muito simples, semianalfabeto, mas nos dias de festa dos santos ganhava a minha importância porque era chamado para puxar o terço. Eu era um rezador dos bons e por isso era disputado nas casas que faziam a festa em homenagem ao Santo de devoção. E lá ia eu, terço na mão, chapéu de palha na cabeça por causa do sereno e muita, muita fé no coração.

Casa após casa, até cinco ou seis por noite, rezando e puxando ladainha, não deixava ninguém na mão. Começava no Santo Antônio com o menino no braço, o santinho casamenteiro, o santo das moças solteiras que judiavam um bocado do coitadinho pra conseguir marido.

Depois vinha o São João com o carneirinho no colo. Esse era o meu preferido. Eu achava lindos os cachinhos do São João e pra ele eu rezava com mais fervor. Aí, no fim do mês era a vez de São Pedro segurando as chaves. Esse, eu achava muito sisudo, mas devia ser por causa da responsabilidade de guardar a porta do céu. E assim, ia eu rezando, puxando a ladainha e cantando:

“São João Batista, Batista João, suspender bandeiras com vela na mão. Se João soubesse qual era o seu dia, desceria a terra de tanta alegria.”

Pra ser honesto, devo dizer que quando terminava a rezação dos terços, eu já estava um pouco tonto, porque em toda casa que ia tinha que tomar um gole de quentão pra não fazer desfeita.

Um dia chegou na cidade, um moço que tinha sido seminarista, muito bem falante, que rezava os terços pelas cartilhas e eu fui ficando meio esquecido, porque os terços do outro eram mais bonitos, e acho que os santos gostavam mais.

Eu ainda era chamado, mas pelos amigos mais chegados, pelos compadres que me tinham grande consideração. Não fiquei magoado, mas um pouco triste porque o tempo passou e o velho teve que ceder o lugar ao novo. Essa é a lei.

Agora que estou aqui, bem mais perto dos meus santinhos queridos, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de fazer tanta gente rezar junto.

Então, eu desejo a todos vocês um lindo mês de junho, com muita festança, sem esquecer das rezas!

Polão, de profissão lixeiro e rezador de terço nas noites de junho.

*Mensagem psicografada pela médium Dona Cida, em 02 de junho de 2012.

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