quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

ESCREVE AÍ... PRA NÃO ESQUECER EM 2015!

Escreve aí em teu caderno. “Eu sou livre!”.
Só para lembrar. Tu bem sabes, mas não custa repetir.
Amar não é ter posse sobre ninguém. Quando te sentires escravizar, manda às favas! Assim, simples, direto e com toda a força. Fecha teus olhos, respira fundo e manda embora todo aquele, aquela e aquilo que te faz mal. Não carece verbalizar, repetir, soletrar em voz alta, gritar e essas coisas tão deliciosas. Diga a ti mesmo, esculhamba o opressor aí dentro primeiro. Aperta o botão vermelho, dá de ombros, dá as costas e vai em frente para longe dessa lama doentia.
Por que carregar esse peso, hein? Para onde? Vai valer de quê?
A vida é uma viagem e a mala dos outros não te cabe. Despacha. Expulsa. Demite. Tu és livre, criatura!
A maior concentração de idiotas por metro quadrado do mundo está aí mesmo, ao teu redor. Repara. Observa.
Tem sempre um cretino por perto, cada vez mais próximo, exalando sua incrível capacidade de invadir o espaço alheio e um hálito estranho a tuas entranhas.
Se vacilas, descuida, cochila e permite sem querer uma só aproximação, logo ele terá cravado os caninos em teu pescoço. Estará pendurado em ti, no pleno e livre exercício de seu parasitismo.
Rejeita. Escapa da areia movediça das relações doentias.
Percebe o quanto tu, criatura divina que um dia foi amada com honestidade sob a forma de um bebê inocente, frágil, corre agora o risco de ter a vitalidade sugada por um espírito miserável, patológico e paranoico, povoado de expectativas unilaterais.
Não te obrigues a agradar quem quer que seja antes de te contentares.
Não te encantes com ninguém antes que um amor louco por ti mesmo fortaleça tua alma e dê sentido a cada santo dia.
Acredita. Tu haverás de amar honestamente só aqueles que mereçam o privilégio.
Teus amigos, tua família, tua gente e olhe lá.
Esses estarão contentes com o quinhão de amor e dedicação que tu lhes der, seja qual for o tamanho disso.
Ao resto, tu deves nada, nada! Quanto àqueles que não entenderem, que se danem! Danem-se com todas as letras e ferros.
Porque a nós nada está garantido mesmo senão a danação absoluta. E se te permitires afagar o ego de outro antes de mais nada, está escrito que também irás te danar mais cedo!
Manda longe aqueles que te “amam” sob a condição de que faças exatamente o que de ti esperam.
Porque se ousares fazer diferente, se te atreveres a seguir tua própria vontade, sem nada conceder ao capricho alheio, rapidamente te odiarão com a mesma fúria com que hoje te adoram.
Desiste. Desiste de agradar a Deus e todo mundo. Afaga antes a ti mesmo e, se Deus quiser,
o mundo todo será teu.
Então poderás escolher o que queiras dele e a ele devolver o que puderes. Cuidado com quem te cobra coerência,
perfeição e generosidade.Atenção a quem te julga egoísta por valorizares a vida que te foi dada.
Geralmente, é um cínico despejando em ti os defeitos que não suporta saber em si mesmo.
Olho vivo na turma do olho gordo, tão boazinha e viciada em sentir pena dos outros para disfarçar e esquecer sua própria miséria.
Evita, evita descaradamente os santinhos e sanguessugas dissimulados, entregues a sua corrida de lesmas.
Tu não precisas provar nada a ninguém, não deves nada além das contas que pagas a tão duras penas, nada senão respeito a toda e qualquer criatura honesta que viva sua própria vida e não atrapalhe a dos outros.
Corre. Corre o mais rápido que puderes das malditas expectativas, as suas e as alheias.
Expectativas são bichos não domesticáveis, aranhas peludas de mil pernas, escravizando suas vítimas em teias de preconceito para devorá-las no mingau gelado da frustração. Melhor é criar filhos, cachorros, gatos e lembranças.
E sobretudo perdoa. Aprende a perdoar quem te ataca em tua mais óbvia fraqueza: tu és nada além de um ser humano cheio de falhas que ora carece de companhia, ora anseia por solidão. Mas não te esquece: perdoa, sai de perto e segue em frente.
Porque o perdão é a tua liberdade com outro nome.
Reconhece então tua fraqueza e cai no sono sem culpa.
Quando acordares, serás ainda a mesma criatura imperfeita de sempre, mas terás mais força que nunca para seguir correndo.
Em frente, atrás, de lado, não importa. Só o que ainda vale de tudo isso é o puro e simples movimento.
Dispensa o peso. Manda embora. Liberta-te. Levanta e voa!
(André J. Gomes)


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sábado, 20 de dezembro de 2014

ORAÇÃO DO CORAÇÃO

Que meu coração reflita serenidade
Que meu coração espelhe grandeza
Que meu coração seja silente
Que meu coração seja paciente
Que meu coração tenha vitalidade
Que meu coração seja um poço de sentimentos bons
Que meu coração sempre bendiga a tua palavra
Que meu coração mantenha conexão com a minha alma
Que meu coração seja generoso
Que meu coração seja misericordioso
Que meu coração pulse vida
Que meu coração celebre seus movimentos
Que meu coração se comova
Que meu coração se renove
Que meu coração se envolva
Que meu coração sempre floresça
Que meu coração seja vermelho de paixão
Que meu coração seja verde de saúde
Que meu coração seja azul em tranquilidade
Que meu coração seja lilás em suas reflexões
Que meu coração seja um arco-irís total
Que meu coração esqueça do que não deve ser lembrado
Que meu coração mantenha vivo o amor que o alimenta
Que meu coração despreze sentimentos contrários
Que meu coração tenha batimentos únicos de amor
Que meu coração não seja áspero,
Menor, pequeno, disfarçado, covarde
Que meu coração seja real, resplandecente, irreverente
Que meu coração seja forte, imbatível e esperançoso
Que em meu coração não haja dor
Que em meu coração não haja ardor
Que em meu coração haja esperança
Que em meu coração more a luz
Que meu coração sangrado, reaja,
Que meu coração atacado, sonhe
Que meu coração triste, se renove
Que meu coração amedrontado, enfrente
Que meu coração cheio de graças, agradeça
Que meu coração seja EU
Que meus batimentos sejam cordiais
Que meu coração se comova
Que meu coração conserve as boas lembranças
Que meu coração nunca se canse de querer viver
Que DEUS habite sempre e por todo sempre o meu coração

(Esta oração belíssima foi uma colaboração da Adriana Araf, a quem agradecemos imensamente as palavras amorosas)

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

AUXÍLIO NO AUXÍLIO

"Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar-nos uns aos outros".
 - João - I João, 4:11.

Há quem pergunte como auxiliar aos outros sem possuir recursos materiais.
E, dentre as
muitas formas de amparar sem apoio amoeda do, falar para o bem é uma delas.

Recorda o tesouro das boas palavras que transportas contigo.
Basta ligar os dispositivos da memória e o verbo edificante se te derramará da boca, à feição de uma torrente de luz.

Ajuda aos que ajudam, em benefício do próximo, criando o clima do otimismo e da esperança indispensável à sustentação da alegria e da paz.

Não pronuncies a frase de pessimismo ou desencanto, reprovação ou amargura.

A dificuldade estará presente, mas se forjamos a confiança na força espiritual que nos é característica, de modo a transpô-la ou desfazê-la, conseguiremos liquidá-la muito mais facilmente, de vez que estaremos mobilizando o poder da cooperação.

A enfermidade estará golpeando fundo no irmão que a suporta, no entanto, se exteriorizamos, em favor dele, um pensamento de reequilíbrio ou de fé, será essa a medida providencial que o habilite, por fim, a iniciar a marcha mental para a justa restauração.

Não desencorajes, seja a quem seja.
Feridas reviradas agravam o sofrimento.
Erros comentados estendem a sombra.
Cada consciência é um mundo por si, com obstáculos e problemas próprios.

Cada qual de nós - os espíritos em evolução na Terra - temos qualidades nobres que acumulamos e imperfeições de que nos devemos desvencilhar.

Lembremo-nos do auxílio que podemos aditar ao auxílio daqueles que se consagram a auxiliar para o bem dos semelhantes.
Se nos propomos a colaborar, na edificação do Reino de Deus, comecemos pela caridade silenciosa de não complicar e nem desanimar a ninguém.

(Do livro “Mais Perto”, de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de Emmanuel)


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A ARIDEZ DOS DIAS COMUNS

Alguns dias despertam mais áridos que outros.
Você acorda e nenhuma peça se encaixa, nenhuma roupa tem bom caimento, o cabelo mudou de humor, o espelho traz um reflexo ruim.

 O embaçado das horas toma conta de alguns dias estranhos, mas a gente sabe que vai passar. Se não é depressão _ doença séria que merece medicação_ faz parte do ser humano, de sentir-se vivo, de absorver energias ao nosso redor, de sentir empatia, de estar alinhado a outras consciências, nem sempre conscientes de si.

 Nem todo dia promete, nem toda espera tem o seu encontro, nem tudo se aperfeiçoa dentro da gente.
Tem dias em que você tem que se deixar pra lá, se relevar, esquecer de tentar ser o mesmo.
Dias áridos acontecem o tempo todo, pra qualquer um _ até para aqueles que não sofrem de alterações hormonais nem carregam bipolaridades.
São saudades vazias que voltam pra assolar o peito, desejos insatisfeitos, falta de sentido diante do trivial, percepção do mundo por lentes desfocadas, ausência de fome para o novo.
Nesses dias tão estranhos não adianta insistir. Nem tentar manter a rotina de antes (você estará diferente por alguns dias, apenas tolere).

 Mude o trajeto, inove na frente do espelho, recolha sua decepção diante daquilo que não vingou _ nem todo projeto se concretiza_ saia da dieta, não faça restrições ao chocolate ou a um bom vinho, assista a um DVD diferente. Esqueça diagnósticos sombrios _ você é como todo mundo, e dias assim acontecem a todo momento (se durar mais que uma semana, procure ajuda).
Porque chega uma hora em que as janelas querem ser novamente escancaradas, o sol deseja queimar a pele de um jeito novo e o tédio dá lugar à esperança.
Mas ainda assim, são ciclos. E por mais cansativo que seja, você não está livre de, uma hora qualquer, voltar a habitar o árido que há em você.
Porém, ao entender que ele existe e não pode ser negado _ apenas enfrentado_ conseguirá aceitar melhor os momentos e a si mesmo.

 Infelizmente forçamos demais a barra para sair do acinzentado dos dias. Só nos permitimos navegar em águas límpidas e remamos desesperados para longe do rio turvo que de vez em quando vem se juntar ao nosso mar. Esquecemos que a existência não é linear. Ao contrário, de vez em quando nossos remos pesam e nossas braçadas ficam mais difíceis. Mas chega uma hora em que, do mesmo jeito que as peças se desalinham, elas também se organizam. E naquele mesmo lugar onde só havia inadequação, começamos a enxergar beleza e verdade. Sem explicação. Sem questão hormonal que explique o peso e a leveza que se intercalam em nossas caminhos ou esquinas...

(Fabíola Simões)


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

LIVRE-ARBÍTRIO

Atingido o patamar evolutivo, que permite ao Espírito integrar-se ao reino humano,
conquista ele a faculdade do livre arbítrio, ou seja, passa a ter a liberdade de escolha, e
torna-se, a partir de então, artífice do seu próprio destino.

Como conseqüência natural do poder escolher, temos a responsabilidade pela
escolha como característica básica deste momento evolutivo.

Por isso, essa faculdade sópode ser conquistada pelo ser pensante no momento em que ele se acha maduro para tal.
O livre arbítrio é sempre proporcional à condição evolutiva do ser.

Nos primeiros  momentos de humanidade, o Espírito quase não o tem.

Está mais sujeito ao determinismo, porque não tem conhecimento nem experiência para avaliar melhor sua escolha.

É como aquela criança a quem não permitimos realizar determinadas ações, por ela não conhecer ainda os perigos que corre.

Nesta fase, o Criador, em sua infinita misericórdia, permite que Espíritos mais elevados tracem-lhe o caminho a seguir, como forma de suprir-lhe a falta de experiência.

O Espírito de média evolução tem menos restrita esta faculdade.

É como o jovem,
que após passar pela disciplina necessária do momento infantil, tem mais possibilidades de
decisão.

O Espírito evoluído é como o homem maduro em que as provações e os corretivos
já formaram sua personalidade, e como conseqüência sua liberdade é maior.

“Um dia, no curso dos milênios, o nosso livre-arbítrio se harmonizará
plenamente com a verdade total, com as deliberações superiores. Nesse dia
saberemos executar, com fidelidade, o pensamento do Cristo, Mestre e Senhor
Nosso.”

E aí repetiremos com Ele, “A minha comida é fazer a vontade daquele que me
enviou, e realizar sua obra”.


(João, 4: 34)

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

AUTO-ESTIMA: A CHAVE A FELICIDADE

Marry levou-me a um outro Departamento, onde fomos recebidos por
Tanajá, psicólogo e psiquiatra, com seu carisma, logo nos colocou à vontade.

- Irmão, nesta faculdade trata-se da mente? ,

- Um pouco de cada coisa. Quase todas as doenças partem de um
só princípio: mente enferma.

-Tudo é "cuca"?

-Mais ou menos.

(...) - Luiz, tudo é preocupante, mas o que também nos tem deixado
apreensivos por demais são as doenças psicossomáticas.

- Parece que ficar estressado é moda, Tanajá.

- A vida moderna leva o homem ao estresse, porque ele não busca
um momento para si.

- Como, Tanajá? Explique.

-Está provado cientificamente que a prece ajuda o homem. Quantas
pessoas oram? Muito poucas. Alguns acham que é ignorância orar.

- Quer dizer que a prece nos ajuda na manutenção do nosso cérebro?

- Luiz, a prece, a meditação, a dietoterapia energética, a nutrologia, a medicina ortomolecular e a fitoterapia são também caminhos eficazes para
o homem proteger-se contra a danificação dos neurônios e a deficiência dos neurotransmissores. Com nutrientes adequados, poupamos o cérebro do desgaste que ele teria, com todas as turbulências da vida moderna. É normal o declínio da memória pela morte de um grande número de neurônios, devido aos radicais livres e ao menor aporte de sangue e oxigênio ao cérebro.

- Tanajá, o que leva à ação desses radicais livres?

- O desequilíbrio, a insuficiência entre várias substâncias responsáveis
pela neurotransmissão, que são conseqüências dos desarranjos que o
homem causa ao cérebro com a sucessão de maus tratos e instabilidades.

   - O estresse então leva a isso tudo?

- Em relação ao estresse, ocorre o excesso de secreção cortical, um
dos hormônios fabricados pelas glândulas supra-renais, que em excesso no dia-a-dia, danifica e mata milhões de neurônios. O homem, por qualquer coisa, se desespera, vendo-se acuado e amedrontado. E aí diminui-lhe a auto-estima, vindo, ao mesmo tempo, a tristeza, pelo déficit de serotonina, e a diminuição da libido, pela deficiência hormonal, porque corpo e mente estão desgastados.

- Então o homem deve evitar o estresse, que pode levar à depressão,
e esta causar danos ao cérebro, certo?

- Luiz Sérgio, o homem suicida-se através da má alimentação e dos
maus pensamentos. Ele não deseja aprender a pensar bem; almeja, sim, viver além das horas do relógio, e como o seu corpo também é uma máquina, que precisa ser respeitada, quando é agredida, vem a falhar. O estresse afeta o sistema imunológico, aumentando o risco também das infecções.

-Em um livro nosso falamos da fadiga crônica.

- Muitos remédios ajudam a reduzir os efeitos da fadiga crônica, ao
inibirem a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, impedindo, desta
forma, que ele sobrecarregue o sistema imunológico.

- Então, Tanajá, a fé é que traz alegria ao coração, podendo fortalecer
a mente?

- Sim. O homem deve dar os passos de acordo com sua capacidade.
O mal da época moderna é que o homem está parecendo um animal:
corre, corre e corre, e muitas vezes esquece-se até de se alimentar. Vemos
pessoas cuja vida lhes proporcionou todo conforto, família equilibrada, mas vivem estressadas e em depressão, tudo as aborrece. O que o homem necessita é buscar Deus e fazer um acordo com Ele, para que o Criador possa ouvi-lo todos os dias, através da meditação; só assim o homem vai parar um pouco o fluxo do seu pensamento e procurar fortalecer o cérebro. Os orientais costumam dizer que o coração rege a mente, e o que é bom para o coração é bom para o cérebro. Hoje vemos que o homem está infeliz, porque o seu coração está inquieto e vazio. E quando o coração está desocupado, a mente entra em desalinho. Aí vem a falta de auto-estima e, sem motivação, o homem se entristece. Quem pode viver sem sonhos? O sonho é a esperança de alcançar a felicidade. Portanto, vamos, como disse o Mestre Jesus, tornar-nos misericordiosos, principalmente conosco mesmos, respeitando-nos, amando-nos, porque só assim saberemos como é bom ser amado e respeitado; e com isso vamos amar e respeitar o próximo. Ter o coração vazio de sentimentos nobres faz com que coloquemos nele a tristeza e o medo; e aí, como é o coração que rege a mente, esta morre de tristeza, como dizem os orientais. O homem corre em busca do conforto, da projeção social, dos divertimentos, sem recordar que o ar que respira é uma emanação divina, sem se lembrar de agradecer a fonte de onde provém. O homem quer ganhar o céu, mas não deseja colocar os pés na estrada do Mestre, preferindo os caminhos asfaltados do mundo material. E ninguém vive bem, longe da fonte da vida e do equilíbrio: Deus. Esta é a causa de presenciarmos, no momento atual, tanto desequilíbrio, tais como incompreensão conjugai, desrespeito
à família, falta de força na educação dos filhos, enfim, o desconhecimento
total das leis de Deus. Muitos homens julgam que não possuem um
mandatário, que não têm um dono e que, estando no plano físico, a ninguém devem satisfação de seus atos. Puro engano. Cada ser, por mais simples que seja, obedece à hierarquia da vida, e seus atos estão sendo catalogados nos computadores do Plano maior. Poucos se contentam com o que têm, ou melhor, sabem aproveitar as horas de um dia. Alguns choram de saudades; outros preocupam-se com o dia de amanhã. Por que não procuram viver as horas do dia, como se elas fossem os doze meses do ano? Desde o amanhecer, ao se espreguiçar na cama, deve o homem parar um pouco e perguntar: quem é capaz de fazer um corpo tão perfeito como este que eu tenho? Procure espreguiçar o máximo possível, bem devagar. Se prestar atenção no fluxo da sua respiração, irá sentir que Deus está dentro de si, que o ar que respiramos dele emana. Ao nos auto-analisáramos, adentramos o nosso corpo físico e descobrimos que cada departamento seu merece respeito, principalmente a nossa mente e o nosso coração. Por que sobrecarregá-los com o lixo da saudade em desequilíbrio? Não bastam as muitas horas do dia que devemos bem aproveitar no hoje, e ainda vamos buscar as que já passaram ou as que ainda nem sabemos como serão: as do amanhã?
"Morrer de saudade", como dizem alguns, ou ficar irritado ao recordar os fatos tristes que vivemos causados por alguém - tudo é lixo, e esses detritos poluem o nosso cérebro e fazem mal para o nosso coração. O Cristo, como Mestre que é, e grande conhecedor das almas, alertou a todos de que não se preocupassem com o dia de amanhã, também falando: "deixai os mortos enterrarem seus mortos". Aquele que não aproveita o dia que chega com o alvorecer, e fica jogando lágrimas no jardim da saudade e da revolta é um "morto que enterra morto", porque quem é "vivo" busca viver, e viver é aproveitar bem as horas de um dia, plantando a cada segundo um jardim de esperançosas realidades. Para que isso venha a acontecer, o homem tem de buscar a auto-estima, nunca desanimar, nunca pensar negativamente, nunca sentir-se a pior e a mais infeliz das criaturas. com a chegada da aurora, que é o amanhecer de cada dia, o homem tem de buscar o néctar da vida e do amor, que é Deus. Se não nos agarrarmos a Ele, não obteremos a força necessária para superar a ociosidade da alma, muitas vezes comprometida com o ontem, sendo esta a causa de hoje, mesmo vivendo uma nova existência, não desejarmos
lutar para obter a felicidade. A ignorância leva o homem a não observar
o que se passa ao seu redor e o desequilíbrio leva-o a desejar uma felicidade fictícia. Muitas vezes, ao procurá-la, deixa lágrimas no seu caminho e, em vez de felicidade, sente é remorsos. Uns dizem que a fé apalerma; outros, que leva ao fanatismo; outros, ainda, que é coisa de gente ignorante. Queremos dizer que a fé em Deus, o respeito à Sua constituição, que é imutável, jamais conduz ao fanatismo. Muitas vezes são essas pessoas sem fé que se tornam presa fácil dos ídolos de pedra, que são as seitas com homens desprovidos do amor a Deus. Mas aquele que segue as leis divinas encontrará força nele mesmo para se auto-educar, e quem se auto-educa tem autoestima...”


( Do livro “Ensina-me a falar de amor”, pelo espírito Luiz Sérgio, psicografado por Irene Pacheco Machado)

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

MUDANÇAS

Sempre achei que transferir o título de eleitor fosse a conclusão máxima de um projeto de mudança. Semelhante a conseguir se desfazer do guarda roupa na casa dos pais (que continuam morando no interior enquanto você se mudou para a capital), transferir o título de eleitor é admitir que não há mais volta, o adeus foi consolidado, não existe possibilidade de retorno.

 Morando há anos em Campinas, meu título continuava ligado ao sul de Minas, e era sempre uma ótima desculpa para uma viagenzinha de dois dias ao interior, à casa de meus pais.

 Mas nem sempre _ quase nunca _ nossos planos são definitivos. Brisas leves ou ventos súbitos podem mudar nossas órbitas num piscar de olhos. Pensando controlar nossos pontos cardeais com a precisão de bússolas competentes, desconhecemos a força e o empenho do acaso.
E como guarda-chuvas que se dobram à grandes tempestades, quebrando a armação e revirando o tecido do avesso, é sempre tempo de descobrir que somos mutáveis também. Que muito além do novo corte de cabelo que denuncia grandes mudanças na vida (quem nunca?), acatar o inesperado desejando boas vindas ao novo é sinal de sabedoria.

 Transferir o título de eleitor é aprender a aceitar o fim de um tempo e o começo de outro. Quem me ensinou isso foi dona Clau, minha mãe.
 A senhorinha, muito mais que mudar o corte de cabelo, abriu as portas para a novidade em sua vida com o vigor de uma jovenzinha. E me ajudou a aceitar a morte de um tempo também, ao dar-me o exemplo de seguir adiante.
 Há dois anos, logo após sua definitiva mudança para Campinas, fomos ao cartório, nós duas, pedir a transferência. Saímos de lá deixando uma parte de nossas vidas definitivamente para trás.

 Porém, ainda assim, ela precisava de uma última decisão. Na semana seguinte me apresentou outro voucher. Não ia viajar, mas tinha comprado uma vaga _ para todos nós _ no cemitério de Campinas. Quase caí pra trás! Mas aos poucos compreendi a realidade _ e a necessidade de seguir em frente.

 Com ela aprendi que a reinvenção de uma história só depende de nossa vontade e coragem de dar o primeiro passo. Lamentar o que aconteceu faz parte _ ninguém é de ferro _ mas daí por diante quem determina o espaço para a alegria ou tristeza somos nós mesmos.
Nós e nossa capacidade de baixar uma receita nova na internet e preparar um lanche da tarde diferente; nós e nossa vontade de ir ao Ceasa comprar novas mudas de flores e começar um jardim; nós e nossa decisão de nos matricularmos na ginástica, num coral ou numa aula de dança de salão; nós e nosso empenho de frequentar um curso de bordado ou fotografia; nós e nossa decisão de deixar o passado pra trás e começar do zero outra vez.


 Nem tudo é fácil, quase nunca estamos prontos para as medidas mais práticas em relação à vida e à morte. Viver é aprender a conviver com as mudanças que ocorrem com ou sem nosso consentimento, e nos abalam por momentos estreitos ou demorados demais.
 Nem sempre estamos na mesma vibração dos acontecimentos que nos rodeiam, e pode demorar algum tempo até que possamos perceber que estamos no fim de uma história e começo de outra.

 Mudar o corte de cabelo e transferir o título de eleitor podem ser bons começos e rendem ótimos enredos. Pequenos gestos que nos ensinam que crescer não é simples, e deixar partir é doloroso.

 Mas ainda assim, são movimentos que nos fazem caminhar adiante, pois é assim que os relógios giram, as noites acontecem e o sol nasce todas as manhãs.
 Bem vindo à Vida!
                                                                                                                             (Fabíola Simões) 

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

ANTE O ESTUDO

Necessário em qualquer mister. Impostergável para o aprimoramento humano. Valioso para maior integração do indivíduo nos objetivos a que se vincula. Indispensável para a iluminação interior. Em todo ministério de enobrecimento, o estudo tem regime de urgência como diretriz de segurança e veículo de libertação íntima.

Ninguém pode vincular-se em definitivo ao ministério redentor sem conhecer as razões preponderantes da existência espiritual. Evidente que antes de qualquer realização, programas e projetos devam constituir bases experimentais. O estudo, desse modo, fornece as coordenadas para maior penetração na tarefa buscada: seja a de ajudar, seja a de ajudar-se.

No que diz respeito à Doutrina Espírita, cabe-nos a todos o dever de mergulhar o pensamento nas fontes lustrais do conhecimento, a fim de melhor entendermos os quesitos preciosos da existência, simultaneamente as leis preponderantes da Causalidade, de modo a podermos dirimir equívocos e dúvidas, colocando balizas demarcatórias no campo das conquistas pessoais, intransferíveis: um quarto de hora, diariamente, dedicado ao estudo;
pequena página para reflexão, diuturnamente; um conceito espírita como glossário para cada dia; uma nótula retirada do contexto luminoso da Codificação para estruturar segurança em cada 24 horas; uma noite por semana para o estudo espírita, no dia reservado ao Culto Evangélico do Lar, como currículo educativo; uma pausa para a prece e singelo texto para vigilância espiritual, sempre que possível...

Sim, todos podem realizar curso inadiável para promoção espiritual na escola terrestre. O estudo do Espiritismo, portanto, hoje como sempre é de imensurável significação. Definiu-lhe a validade o Espírito de Verdade, no lapidar conceito exarado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Espíritas! Amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo." Estudar sempre e incessantemente a fim de amar com enobrecimento e liberdade.


(Do livro “Celeiro de bênçãos”, de Divaldo Franco, pelo espírito de Joanna de Angelis)

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

RETORNO

Retornarás!
Por mais longos sejam os teus dias na Terra, durante a abençoada jornada corpórea, dia luze em que retornarás à Pátria espiritual que é o teu berço de origem e a sagrada morada onde permanecerás nas emprêsas do porvir...
Medita!
Absorvida pela atmosfera, a linfa cantante flutua na nuvem ligeira para retornar ao seio gentil da terra que a conduzirá logo mais aos imensos lençÓis dágua do subsolo, que afloram em correnteza can­tante, mais além.
A semente exuberante enclausurada no fruto que balouça nos dedos da árvore retorna ao âmago do solo generoso donde prevejo.
Também o homem.
Afastado do círculo donde procede em excursão de lazer ou refazimento, de trabalho ou produtivi­dade, de estudo ou repouso sente o chamado lon­gínquo dos amôres da retaguarda, retornando logo para o labor em que as emoções se renovam e as esperanças se realizam.
Muitos cantam a Pátria com o seu magnetismo e as suas tradições, explicando as evocações e os impulsos heróicos dos homens, seus sonhos de glória e suas lutas de sacrifício. Assim, também, a Pátria do Espírito sempre presente nos painéis mentais como paisagens etéreas, porém vivas, lon­gínquas, no entanto latejantes, murmurejando sal­modias, que se transmudam, às vêzes, em melanco­lias longas e tormentosas ou excitantes expectativas que exaltam o ser a providências sublimantes...
Considera a lição necessária do retôrno.
Como organizas equipagem, mimos e lembran­ças, arquivas roteiros e assinalas fatos para futuras narrações e imediatos aprestos, prepara a bagagem com apuro e justeza, demorando-te em vigília para quando chegue o esperado momento da volta.
Retornarás, sim! Vive, pois, de tal modo, na laboriosa escola do corpo disciplinado e em equilíbrio, que facultem uma valiosa colheita de bênçãos a se transformarem em luzeiro clarificante para o caminho espiritual por onde retornarás.

“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida”.
1ª Epístola de João: capítulo 3º, versículo 14.

“Ao entrar no mundo dos Espíritos, o homem ainda está como o operário que comparece no dia do pagamento. A uns dirá o Senhor: “Aqui tens a paga dos teus dias de trabalho”; a outros, aos venturosos da Terra, aos que hajam vivido na ociosidade, que tiverem feito consistir a sua felicidade nas satisfações do amor próprio e nos gozos mundanos: “Nada vos toca, pois que rece­bestes na Terra o vosso salário. Ide e re­começai a tarefa”.
Capítulo 5º — Item 12, parágrafo 5.


(Do livro “Florações Evangélicas”, de Divaldo P. Franco)


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

MEU FILHO

O que segue é uma tradução.

O texto original é da Dra. Shefali Tsabary, psicóloga e autora do consagrado livro "The Conscious Parent".

“Meu filho não é minha tela para pintar
Nem meu diamante para polir.

Meu filho não é o meu troféu para mostrar ao mundo
Nem minha medalha de honra.

Meu filho não é uma ideia, uma expectativa ou uma fantasia
Não é meu reflexo nem meu legado.

Meu filho não é o meu fantoche ou um projeto
Não é a minha batalha ou o meu desejo.

Meu filho está aqui para gaguejar, tropeçar, tentar e chorar
Aprender e se atrapalhar.
Errar e tentar de novo.
Ouvir o som da batida de um tambor tímido para nossos ouvidos adultos
E dançar para uma música que se revela na liberdade.

Minha missão é caminhar ao seu lado,
Estar perto na possibilidade infinita,
Curar minhas próprias feridas,
Preencher meu próprio vazio
E deixar meu filho voar.”



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

MEU LUXO É CLICHÊ

Ontem acabaram minhas férias, quinze dias de puro luxo.
Como já disse Danuza Leão, existem luxos e luxos.

 Obedecendo a cartilha da colunista, estive em Buenos Aires com o livro "De malas prontas" debaixo do braço, cheio de dicas.
 Seguimos a recomendação de tomar o chá da tarde no Alvear, hotel tradicional do bairro Recoleta.
Sentados diante de uma mesa com porcelana centenária e canapés minimalistas, olhava para os lados e me perguntava quem é que estava se divertindo ali.
Tudo bem, de vez em quando é bom entrar no clima, tomar uma taça de champagne no meio da tarde com o marido, mas aquilo de beliscar micro-sanduichinhos e comer tortinhas decoradas com frutas em compotas, certamente não faz parte de minha natureza nem do meu "requinte".

 Dias depois, de volta ao meu ninho, o frio chegou a Campinas. Numa tarde de puro ócio com meu filho, partimos para o clássico piquenique na cama.
Ele decidiu fazer uma barricada de almofadas e cobertor, enquanto preparei pão de queijo e chocolate quente.
Um clichê luxuoso acompanhado da série "Anos Incríveis" (tenho os episódios gravados da 'Cultura', e meu menino não conhecia).
A poesia do seriado nos preencheu duas tardes inteiras, e lá pelas tantas perguntei afirmando: "Nosso lanche tá melhor que aquele chá do hotel chique em Buenos Aires, não é?" , ao que ele respondeu de boca cheia: "Bemmm melhor..."

 Cheguei à conclusão que meu luxo é clichê. Não tem relação com dinheiro, e sim com a forma de usufruir a rotina ou simplesmente pausar o instante a fim de percebê-lo melhor.

 Meus luxos são clichês, tão comuns como assistir "Anos Incríveis" na cama, numa tarde chuvosa.
 Buscar o filho na escola e comprar um saquinho de pipoca na saída; tomar um café fresco na xícara de estimação enquanto escuto Chico Buarque cantar "Carolina" e pensar que poderia chamar-me Carolina também, e ter aqueles olhos tristes cheios de sentimento e poesia; assistir pela milionésima vez "Era uma vez na América" e me encantar_ de novo _ com Robert de Niro, com a trilha sonora e com a emoção que o filme desperta; ganhar de presente um livro novo, de um autor desconhecido, ficar embasbacada com a forma que ele escreve e querer escrever assim também; tomar uma taça de vinho no jantar, mesmo sendo segunda feira, e ficar engraçada de repente, fazendo o marido rachar de rir; ouvir um elogio sincero; ter vontade de fazer um elogio sincero; colocar o filho pra dormir e ganhar um abraço de urso; sol de inverno no rosto; quentão e vinho quente em copinho térmico na festa junina; lavar a louça do almoço de família enquanto minha mãe enxuga os pratos e confidencia bafos e babados de uma época feliz; assistir à reprise das novelas no "Viva" e perceber que o tempo não poupa ninguém; encontro de primos; visitar a rua que moramos na infância e reparar que a antiga residência continua igualzinha àquela que a memória guardou; ler cartas antigas e relembrar uma amizade verdadeira que ficou pra trás; réveillon na casa daquele tio saudosista que adora vinho e tangos; ganhar florzinha colhida pelo sobrinho pra enfeitar o cabelo; ligar para a avó e ela te tratar como uma criança trinta anos mais jovem; acertar a receita da lasanha e impressionar os sogros e as cunhadas; acordar no meio da noite para cobrir o filho e não perder o sono depois disso; pedir para o cabeleireiro cortar só dois dedinhos e ele cortar só dois dedinhos; receber email do pai; voltar do trabalho pra casa ouvindo Eric Clapton e pensando 'como a vida faz sentido quando se ouve Change the World...'  ; ir à terapia e notar o olhar orgulhoso da terapeuta comunicando: 'como você progrediu...'; andar no shopping de mãos dadas com meu menino de oito anos e perceber que logo logo ele irá crescer e esse costume vai passar; ajeitar o cabelo fino de minha mãe e descobrir que preciso ter mais tempo para ajeitar o cabelo fino de minha mãe; ganhar um desenho do filho em que ele me retrata mais linda e mais sorridente do que posso supôr; fazer uma lista de luxos e constatar que tenho tido uma vida luxuosa, ou _ melhor dizendo_ uma vida feliz...


(Fabíola Simões)

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PERTENÇA-SE A SI MESMO!

Este é um texto que começou devagarzinho, fruto de uma provocação que me foi feita por um livro.
Chamava-se “Quem me roubou de mim?”, do Padre Fábio de Melo, homem que eu admiro muito.

No começo, confesso que me deslumbrei um pouco com a proposta dele em descobrir quem de fato nos rouba de nós mesmos.
Depois, tomei consciência de que aquilo que ele chama de “seqüestro da subjetividade” acontece diuturnamente.
Quando interiorizei a mensagem, passei a me perguntar: Quem permitiu esse sequestro?

E quando cheguei à óbvia resposta, fiquei bastante satisfeita!
Eu! Eu permito que me roubem de mim mesma!
E isso é profundamente libertador.

Libertador, porque o cerne de tudo aquilo que eu posso pretender controlar, mudar, aperfeiçoar e evoluir sou eu mesma.
Então, se o seqüestro depende de mim, também depende de mim que eu
PERTENÇA A MIM MESMA.

E foi esta epifania que me levou a escrever algumas palavras sobre esse tema.

Pertencer.
Eu pertenço. A mim e só a mim.
Tu pertences. A você, e não a mim.
Ele pertence. A quem quer que ele queira, e isto não é problema meu. Ou seu.
Nós pertencemos a uma zona de intersecção de interesses, localizada no encontro das minhas e das suas pertenças.
Eu não pertenço a nada que não me pertença, só porque você quer pertencer.
E por aí vamos...

Feita a devida provocação, vamos problematizar.

O que é o seqüestro da subjetividade?

A palavra seqüestro já é absolutamente familiar a todos nós.
O seqüestro do corpo é uma forma de roubo.
Alguém é materialmente levado do seu meio.
O seqüestro da subjetividade se refere a outra forma de afastamento.
Neste caso, a privação mais danosa é a que sofremos de nós mesmos.

Estamos falando de um vínculo que mina nossa capacidade de ser quem somos, de pensar por nós mesmos, de exercer a nossa autonomia de tomar decisões e exercer nossa liberdade de escolha. Trata-se de um roubo silencioso que nos leva de nós.

O seqüestro da subjetividade pode acontecer em todas as instâncias de relacionamentos.
Um só descuido e as relações podem evoluir para essa violência silenciosa.
Basta que as pessoas se percam de seus referenciais, que se distanciem do verdadeiro significado de proteção, que confundam amor com posse, que abram mão de suas identidades e que se ausentem de si mesmas.

O seqüestro da subjetividade é uma forma de aliciamento.
A invasão é suave, processual.
Antes dos maus-tratos do cativeiro, a sedução da conquista.
É natural que seja assim.

Só por esses apontamentos esse texto já valeria.
Mas e o que dizer àquelas pessoas que se vangloriam e dizem “está bom pra mim assim” ou “eu seu o que estou fazendo”?
Não haveria dano em se deixar seqüestrar?

As conseqüências dessa violência são nefastas.
Nada pode ser mais cruel do que ser privado de si mesmo.
Trata-se de um crime afetivo que se desdobra em doença na carne.
A enfermidade que nasce do reconhecimento de que não fomos fiéis a nos mesmos, de que não nos empenhamos o suficiente para encontrar as chaves do cárcere que nos privava do amor que nos capacitaria a amar os outros.
Só podemos dar aquilo que temos.
Se nos falta amor-próprio, é certo que não teremos amor a oferecer.

Um mosaico é feito de partes; e essas partes se conjugam e compõem de uma única peça.
São inúmeros e pequenos detalhes que constroem a trama do mosaico.
A pequena peça é fundamental para a construção do todo, e por isso não pode ser negada, separada.

E o que fazer?
Compreendemos o problema do seqüestro da subjetividade, entendemos os danos e aprendemos a identificá-lo nos meandros da vida.
E como combater/evitar o seqüestro da subjetividade?

O evangelho é um instrumental poderoso, capaz de promover a vida e a liberdade necessária para bem vivê-la.
Jesus é o enviado que tem como missão específica salvar o ser humano de todas as amarras que o  privam de sua realização.
Ele é o Deus encarnado, o Verbo que assume a carne humana para resgatá-la de suas escravidões.
Por isso a palavra de Jesus é sempre simbólica.
Porque sua fala faz com que a pessoa ultrapasse o limite da palavra dita.
(...) a vida cristã consiste em ser um referencial de análise para todos os relacionamentos qu estabelecemos.

Somos todos chamados pelo Criador a viver e resguardar a liberdade que Ele nos concedeu, vivendo o desafio de sermos pessoas.

Ser pessoa consiste em dispor-se de si e dispor-se aos outros.
Trata-se de um projeto audacioso de pertencer-se para doar-se.

Sem rodeios.
Só há dois caminhos.
Ou o relacionamento nos fortalece a subjetividade, encaminhando-nos a uma natural partilha do que somos, ou ele nos enclausura nos cativeiros do afeto possessivo, retirando-nos o direito de dispormos de nós mesmos.

E pra pensar na cama:
“Há pessoas que nos roubam. 
Há pessoas que nos devolvem.”

(Paula Duran)


Foto: Mar da Galileia (*Pixabay) Irmãos, que alegria estarmos todos aqui neste ambiente de paz, amor, fraternidade e luz, muita...