A complexidade da vida moderna parece conspirar
contra a tua paz interior e, maquinalmente conduzido pela multifária
engrenagem, sentes verdadeira conjuração dos fatores que conseguem, por fim,
sulcar a tua face com os sinais da intranqüilidade, da revolta, do azedume.
Não obstante o confôrto que deriva das facilidades ao
acesso de grande parte dos homens, experimentas sérias conjunturas afligentes
que te molestam, solapando os alicerces da tua estrutura emocional.
Todavia, se te permitires ligeira análise das possibilidades
que fluem ao teu alcance, modificarás as disposições negativas e te renovarás.
Enseja-te um coração afável.
Experimenta aplicar esses valôres desconsiderados que
são a palavra gentil, o gesto simpático, o sorriso delicado, a paciência
generosa, e fortunas de verdadeira alegria espalharão moedas de bem-estar
através de ti, envolvendo-te, também num halo de felicidade interior.
Francisco de Assis, embora enfêrmo e asceta,
caminhando por sendas de cruas dificuldades, conseguia cantar as belezas da
“irmã natureza”, dos “irmãos animais”, dos “irmãos pássaros”...
Helen Keller, conquanto limitada pela surdez, pela cegueira
e pela mudez, pôde exaltar a beleza das paisagens, a claridade das manhãs, a
fragrância das flôres, fazendo da existência um hino de louvor à vida...
Gandhi, apesar de dispor de vastos recursos para o
triunfo mundano, abraçou a causa da “não violência” e deu-se integralmente aos
aflitos e necessitados em constantes recitativos de amor à vida e abnegação
pela vida.
Corações afáveis!
Quantas oportunidades desperdiças de semear júbilos
fora e dentro de ti mesmo, porque insignificante problema toldou a luz do teu
amanhecer, ou irritação por coisa de monta insignificante produziu um mal-estar
na execução do teu programa?
Lutaste para conservar a mágoa, disputando a tarefa
de parecer e ser infeliz, esquecendo as fartas concessões que o teu coração,
tornado afável, poderia conseguir!
Simplifica o teu roteiro de ação, dilata a visão do
bem no panorama das tuas horas, e com o preço mínimo de um sorriso considera a
coleta de júbilos que dêle se deriva e que poderás colher.
Jesus, dilatando o seu coração afável, contou as mais
belas hipérboles e hipérbatos, parábolas e poemas que o homem jamais escutou.
Um grão de mostarda, uma moeda insignificante, algumas varas, uma pérola
luminosa, peixes e rêdes, talentos e sementes receberam da sua afabilidade um
toque especial de beleza que comoveram, a princípio, uma mulher atormentada
por obsessão pertinaz, um príncipe petulante e douto, um cobrador de impostos
rejeitado, jovens homens da terra e velhos marujos decididos, sensibilizando,
depois, incontáveis corações para com êles inaugurar um reino diferente de
amor, que até hoje é a mais fascinante História da Humanidade.
Começa, dêsse modo, desde agora, a experiência de
manter um coração afável, disseminando bênçãos.
“Bem-aventurados os limpos de coração,
porque êles verão a Deus”.
(Mateus: capítulo 5º, versículo 8)
“A pureza do coração é inseparável da
simplicidade e da humildade. Exclui tôda idéia de egoísmo e de orgulho”
(Capítulo 8º, Item 3)
(Do livro “Florações Evangélicas, do médium Divaldo Pereira
Franco, ditado pelo Espírito Joanna de Angelis)
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