segunda-feira, 2 de abril de 2012

102 ANOS DA BENDITA VINDA DE CHICO XAVIER

Perguntou Allan Kardec aos Espíritos que o auxiliaram na compilação de questionamentos que compõem o Livro dos Espíritos:

320. Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?

Eis que os Espíritos explicaram: Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.

Daí porque, hoje, 02 de Abril de 2012, convocamos a todos para comemorar não o 102º aniversário de Chico Xavier, que ele completaria nesta data, se encarnado ele ainda estivesse.

Conclamamos, pois, sim, a todos, para louvar os 102 ANOS DA BENDITA VINDA DE CHICO XAVIER, para viver entre nós, entre os encarnados.

Vamos aproveitar, então, essa data para levar ao nosso amado Chico a nossa cara lembrança, agradecendo ao Pai por ter possibilitado a execução dos misteres desse médium tão especial. Sua vida, seu trabalho, sua mediunidade, sua caridade, seu exemplo: tudo compõe um grande e infindável legado de amor.

Da bibliografia do médium editada pela Revista Época (Editora Globo), inserta na coleção Personagens que Marcaram Época, tem-se muitas informações fantásticas, mas hoje, em destaque, trazemos a vocês um capítulo muito perspicaz e que ressalta, mais uma vez, o brilhantismo do Chico.

"A Herança do Médium Mineiro

Os autores consideram que o espiritismo moderno, como é conhecido e praticado hoje, ganhou força desde as experiências realizadas com as irmãs norte-americanas Fox (Lia, Margareth e Kate), na cidade de Hydesville, Estado de Nova Iorque, em 1848.

Muito jovens, elas ouviam batidas no assoalho e nas paredes da casa onde a família morava. As batidas levaram ao contato com o espírito de Charles B. Rosma, ex-morador que havia sido assassinado e sepultado no porão da residência. Esses fenômenos foram testemunhados por diversas pessoas e noticiados pela imprensa, dando início a uma série de demonstrações públicas de mediunidade supervisionadas por comissões e análise que atestaram sua autenticidade.

Por esse tempo, na Europa, as chamadas mesas girantes faziam sucesso nos círculos sociais elegantes e eram alvo de curiosadade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia).

O fenômeno chamou a atenção de Hippolyte León Denizard Rivail, um pedagogo francês fluente em diversos idionams, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica, que não acreditou imediatamente nos fenômenos das mesas girantes. Estudou-os atentamente, observou que uma força inteligente as movia e investigou a natureza dessa força, que identificou como os 'espíritos dos homens que haviam morrido'. Rivail fez centenas de perguntas aos espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as. Assim, em abril de 1857, chegou às livrarias O Livro dos Espíritos, que ele publicou com o pseudônimo de Allas Kardec. Nos anos seguintes ele escreveria O Livro dos Médiuns (abril de 1864), O Céu e o Inferno (agosto de 1865) e a Gênese (janeiro de 1868), que compõem uma biblioteca básica do kardecismo. A elas viriam se juntar O que é o Espiritismo, em 1859, e as Obras Póstumas, em 1890.

(...) No já citado artigo 'Chico Xavier e a Cultura Brasileira', publicado na Revista de Antropologia, editada pelo Departamento de Antropologia da FFLCH da Universidade de São Paulo (vol. 44, nº 1, de 2001), o professor Bernardo Lewgoy traça um curioso paralelo em que relaciona as diferenças às vezes significativas entre o espiritismo concebido por Allan Kardec e o praticado por Chico Xavier, no qual alguns vêem traços do que poderia ser um 'espiritismo à brasileira'.

Segundo o professor Lewgoy, o modelo de Kardec sinalizou, do ponto de vista doutrinário, uma oposição ostensiva à Igreja Católica, atribuiu pouca importância à figura do médium e valorizou mais o espírito crítico que o exercício da piedade. O sistema de Chico Xavier enfatiza a 'mediunidade com Jesus', que o antropólogo vê como uma proposta de sincretismo religioso, dá suma importância ao médium e oferece oposição branda à Igreja Católica, absorvendo mesmo algumas de suas crenças. Nos livros de Kardec há redações conjuntas, enquanto nas obras psicografadas pelo médium mineiro as mensagens vêm sempre com indicação da autoria.

O espiritismo clássico de Kardec aboliu a noção de graça, destacando, em vez dela, o princípio do merecimento. No espiritismo de Chico, a idéia da dádiva divina convive harmoniosamente com o sistema da dívida cármica. O racionalismo moral abstrato de Kardec previu uma justiça cármica baseada na inflexibilidade do princípio de causa e efeito, pregou a necessidade de reforma íntima do indivíduo e tratou a caridade de forma mais reflexiva, enquanto Chico pregou a aceitação da intercessão e da graça, típicas da espiritualidade católica, conjugando dívida e perdão. Para ele, a caridade é meio de se alcançar a evolução espiritual e a graça de Deus. A unidade de trabalho do kardecismo tradicional era o centro espírita. No kardecismo de Chico Xavier, a unidade de trabalho está dividida entre o centro espírita e o lar, como no culto do Evangelho no lar.

Lewgoy conclui que a implantação do espiritismo no Brasil não é alheia ao fenômeno do sincretismo religioso, embora não reconheça explicitamente a influência católica, a não ser partindo de críticos e dissidentes do movimento espírita. "Ora, o fenômeno Chico Xavier mostra-nos que o espiritismo kardecista está longe de ser apenas uma tendência européia, branca e de classe média, ou uma mera matriz de religiosidade vividas em nosso país. Ao contrário, a dominante cultura católica brasileira impregnou os diferentes espaços sociais, tradições e atores que vivenciam o espiritismo no cotidiano das grandes cidades brasileiras, operando-se uma síntese original de catolicismo e de kardecismo, que ganha uma definitiva referência nacional na vida e na obra do médium mineiro.' (...)"

Se o Chico praticou o "Espiritismo à brasileira" ou não, é matéria de saudável discussão. O que é indiscutível, entretanto, é a sua bendita última reencarnação, que trouxe à nossa Pátria um espírito ímpar, de bondade e misericórdia indizíveis. Deus permita que Chico continue, de lá do Alto, a emanar sua bondade a nós, brasileiros, que tanto necessitamos de suas preces.



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