Palestra realizada na CASA DO CAMINHO, em 4/2/2014
A MISSÃO DO BRASIL COMO PÁTRIA DO EVANGELHO
PARTE I
Chico
Xavier psicografou um livro chamado “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho”, pelo espírito Humberto de Campos.
Com
base nele, preparamos o presente estudo, que tem como objetivo passar a noção
da responsabilidade da missão de todos nós, filhos da “Pátria do Evangelho”.
Essa
obra busca esclarecer as origens remotas do Brasil, com base nas informações
passadas pelo mundo espiritual, principalmente pelas falanges amigas, dedicadas
aos sacrifícios em prol da humanidade.
Ao
contrário do que muitos pensam, nosso País não está somente destinado a suprir
as necessidades materiais, com alimentos, petróleos e animais.
Deve,
isso sim, ser um grande celeiro de claridades espirituais. Por isso, a
espiritualidade alerta que o Brasil é quem atestará a imortalidade do espírito
para todo o orbe terrestre, inundando-o com uma nova luz.
Além
de toso os atributos físicos, o Brasil é um País eminentemente espiritual, em cujas
estradas, cheias de esperança, luta, sonha
e trabalha o povo fraternal e generoso, cuja alma é a “flor amorosa de três raças tristes”.
Trata-se
de um mundo de ouro dos corações, onde se dará uma epopéia de realizações
morais em favor do mundo.
Na
abençoada tarefa de espiritualização, o Brasil caminha na vanguarda e essa
posição é explicada pela marcha história através dos tempos.
O
Brasil, em verdade, teve sua origem no plano espiritual, onde Jesus, pelas mãos
carinhosas de Ismael, acompanha a evolução da pátria.
“Brasileiros, ensarilhemos,e para
sempre, as armas homicidas das revoluções!... Consideremos o valor
espiritual do nosso grande destino. Engrandeçamos a pátria no cumprimento do
dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedicação mediante o trabalho honesto
pela sua grandeza! (…) Não nos compete estacionar, em nenhuma circunstância, e sim marchar, sempre, com
a educação e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na sua
admirável espiritualidade e na sua grandeza
imperecível!”
Depois
de inúmeras guerras incompreensíveis em nome de Deus, Jesus, mirando a Terra e
sobre ela refletindo, ouviu de Helil (do hebraico “louvado”), um anjo
conselheiro, diante de uma assembléia de querubins, o seguinte apontamento:
“Senhor, se esses povos infelizes, que procuram na grandeza material uma felicidade impossível, marcham irremediavelmente
para os grandes infortúnios coletivos, visitemos os continentes ignorados, onde
espíritos jovens e simples aguardam a semente de uma vida nova. Nessas terras,
para além dos grandes oceanos, poderíeis instalar o pensamento cristão, dentro das
doutrinas do amor e da liberdade.”
E
deu-se a partida de uma caravana fulgurante que, passando por cenário abençoado
e harmonioso, deu com os silvícolas humildes e simples, com largo potencial de
energia e bondade.
Jesus
então determinou que, para esta terra bendita, fosse transplantada a árvore de
Seu Evangelho de piedade e amor.
Determinou
a Helil que corporificasse, entre o povo mais pobre e trabalhador do Ocidente,
mais ao Sul do Continente, um roteiro de coragem, que poderia servir de tenda
de trabalho para a nação mais humilde da Europa.
“Aproveitaremos o elemento simples de bondade, o coração fraternal dos habitantes destas terras novas, e, mais tarde,
ordenarei a reencarnação de muitos Espíritos já purificados no sentimento da
humildade e da mansidão, entre as raças oprimidas e sofredoras das regiões
africanas, para formarmos o pedestal de solidariedade do povo fraterno que aqui florescerá.”
Todas
as ordens do Senhor foram cumpridas integralmente e, em 1394, Helil se
estabelecia na Terra, como filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre. Foi o
heróico Infante de Sagres, que operou a renovação das energias portuguesas,
expandindo –as para além dos mares.
A
colaborar com a missão de Helil, almas bem-aventuradas por suas renúncias
reencarnaram nas costas da África, formando falange abnegada que veio ao
Brasil, a Terra de Santa Cruz, escrever capítulo de sacrifício e sofrimento em
favor da humanidade.
D.
Henrique de Sagres, grande navegador, desencarnou em 1460, deixando o legado do
amor pelo desconhecido. Ele dizia ter certeza da existência de terras
maravilhosas, cuja beleza havia contemplado com seus olhos espirituais.
De
volta à espiritualidade, o mensageiro do Mestre não descansou. Procurou
influenciar o curto reinado de D. Duarte e D. Afonso V, sem lograr êxito.
Elevou-se
ao poder, então D. João II, de reinado enérgico e realizador. Helil encontrou
guarida em seu coração e expedições diversas se organizaram, malgrado entidades
atrasadas na sua carreira evolutiva se unissem contra as realizões.
D.
João II perde o filho num desastre e morre envenenado em 1495.
Todavia, com a ascensão de
D. Manuel I ao poder, em 1498, Vasco da Gama descobre o caminho marítimo das
índias. Mais tarde, Gaspar de Corte Real descobre o Canadá.
Todos
os navegadores saem de Lisboa com instruções secretas para chegar à terra
desconhecida.
No
dia 7 de Março de 1500, preparada a grande expedição de Cabral, os navegadores
imploraram as bênçãos de Deus na Ermida do restelo, pouso de meditação
construído por D. Henrique.
Henrique
de Sagres aproveita essa maravilhosa possibilidade e sua falange se aproveita
de todos os ascendentes mediúnicos. As noites de Cabral são povoadas de sonhos
sobrenaturais e as caravelas cedem à orientação invisível.
As
ondas, vindas da paisagem de caprichosas folhas e flores, repletas de perfumes,
convidam Cabral e sua gente.
O
céu celebrou o acontecimento com grande júbilo e há um contentamento indisível
em todos os corações.
Henrique,
mais uma vez, dirige-se ao Mestre, dizendo temer que nações ambiciosas matasse
as possibilidades da nova terra.
Jesus,
confiante no Pai, acalma o trabalhador, dizendo que a região do Cruzeiro
estaria eternamente ligada ao seu coração. “Em
seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal,
unindo todos os espíritos.”
E
só o Brasil conseguiu manter-se uno entre os embates políticos, porque o
coração do orbe não poderia se fracionar.
OS DEGREDADOS
Parecia,
então, que os pescadores humildes, conheceram os passos do Mestre Jesus, tinham
se transplantado para o Brasil e uma alegria paradisíaca tomou conta dos
espíritos.
Noutra
assembléia angelical, Jesus assinalou a Ismael que seu coração mandava que ele
fosse o “zelador dos patrimônios imortais” da Terra do Cruzeiro. Mandou que
reunisse as incansáveis falanges do infinito e iniciasse a pátria do seu
ensinamento.
Jesus
disse que o Brasil seria “a doce paisagem dilatada do Tiberíades” e pediu a
Ismael que guardasse o símbolo da paz e nele inscrevesse o leme da coragem e de
bem servir à causa de Deus.
Ismael,
numa bandeira alva, fizera inscrever seu lema imortal: “Deus, Cristo e Caridade”.
Ele
e o seu exército de redenção desceram à Terra.
A
frota de Cabral sai, então, das águas da Baía de Porto Seguro. Afonso Ribeiro,
um dos condenados ao desterro, desesperado ao ver as caravelas ao longe, anseia
por morrer, dizendo-se caluniado e, por isso, esquecido. Rogou a Jesus e
recebeu do plano espiritual uma alvorada de luz que lhe encheu de esperança.
Sua
jangada regressou à praia e as ondas tentaram arrebatá-lo. Uma força misteriosa
o conduziu a terra firme. Era Ismael, que obedecia o Divino Mestre e trazia um
náufrago inocente para a base da sociedade que se formaria.
Primeiro,
eram os índios, simples de coração. Depois, os sedentos de justiça e, mais
tarde, os escravos, humildes e aflitos.
Assim,
se formava a alma coletiva do povo bem-aventurado.
OS MISSIONÁRIOS
D.
Manuel I, ávido pelos tesouros das índias, recebeu sem surpresa a notícia do
descobrimento do Brasil.
Entretanto,
os navegadores portugueses destinavam suas expedições ao Brasil, cujo Nordeste
centralizava atenção dos franceses, inclusive.
As
caravelas traziam exilados e aventureiros e retornavam com pau-Brasil e a nova
colônia de Portugal estava abandonada para exploração dos franceses e
espanhóis.
D.
Manuel se fartou do tom jocoso da opinião de seu tempo e mandou viesse ao
Brasil a expedição de Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio, para demarcação do
território com bandeiras portuguesas.
Julgando-se
no estuário de um rio esplêndido, denomina a Baía de Guanabara como Rio de
Janeiro. Feita a demarcação, o monarca português limitou-se a permitir o
estabelecimento de feiras de pau-brasil.
Por
essa época, Ismael reuniu seus colaboradores mais devotados e pediu: “Voltemo-nos para os centros culturais de
Coimbra e de Lisboa, a regenerar as fontes do pensamento, no elevando sentido
de ampliarmos a nossa ação espiritual. Temos que buscar no seio da igreja as
roupagens exteriores de nossa ação regeneradora. Um sopro de reformas se
anuncia impetuoso no âmago das organizações religiosas da Europa. O
característico de vossa ação, como missionários do Pai Celestial, será um testemunho
legítimo de renúncia a todos os bens materiais
e uma consoladora pobreza.”
Em
1531, alguns membros dessa assembléia chegavam ao Brasil. Martim Afonso de
Sousa, a fundar S. Vicente e Piratininga. Manuel de Nóbrega com Tomé de Sousa,
em 1549, aportava na Bahia. José de Anchieta, em 1553, com Duarte da Costa.
Alguns historiadores narram a energia vigorosa do apóstolo, aliada à suprema
ternura.
D.
João III, entretanto, teve a infelicidade de introduzir, em Portugal, a
Inquisição e, com os tribunais da penitência, vieram os jesuítas.
OS ESCRAVOS
Mais
uma vez, numa das esferas superiores do Infinito, Jesus se encontrou com
Ismael, que não trazia alegria em seu coração.
Narrou
que a civilização da Terra de Santa Cruz se contaminara por lamentáveis
acontecimentos. Disse que os donatários dos latifúndios escravizaram os negros
da Luanda, da Guiné e de Angola, que chegaram ao Brasil como se fossem
selvagens. E caiu em pranto.
Jesus,
então, lhe disse: “Asserena teu mundo
íntimo. Bem sabes que os homens têm a sua responsabilidade pessoal nos feitos.
Mas, se não podemos tolher-lhes a liberdade, lembra que cada qual receberá de
conformidade com os seus atos. A colaboração africana para o povo do Brasil
deveriam se verificar sem abalos, cumprindo minhas amorosas determinações. O
povo da Europa, desejando entregar-se ao prazer fictício, procura eximir-se de
trabalhos pesados. Os que praticarem o nefando comércio sofrerão, igualmente, o
mesmo martírio, nos dias futuros, quando forem vendidos e flagelados. A
evolução se processa pela prática do bem Colocarei a minha luz sobre essas
sombras, amenizando tão dolorosas crueldades. Infelizmente, Portugal, que
representa um agrupamento de espíritos trabalhadores e dedicados, remanesce dos
antigos fenícios. O luxo das conquistas lhe amolece as fibras.”
Assim, os donatários passaram a sofrer os mais tristes reveses. Os
índios reagiram contra os colonizadores e lutas cruentas foram desencadeadas. Uma
luxuosa expedição que se destinava ao Maranhão, para conquistar o ouro dos
Incas, no Peru, dispersou-se no mar. Os tesouros das índias levaram o povo
português à decadência e à miséria. A corrida pelo ouro fez a população
abandonar os campos.
Contudo,
Portugal ainda insistia em mandar para o Brasil somente os criminosos e os
homens sem escrúpulos, dos quais fugiam os índios.
Eis
que Tome de Souza trouxeram consigo de Postugal alguns dos missionários de
Ismael. Os franceses estabeleceram feitoria na Baía de Guanabara e Nicolau de
Villegaignon, religioso e honesto, aportou na Ilha de Sergipe, em 1555,
cativando devotados colaboradores entre os nativos. Em 1559, regressou à França
para buscar recursos oficiais e não conseguiu retornar ao Brasil.
Em
1558, Mem de Sá, assumindo o governo-geral, expulsou os franceses do Rio de
Janeiro. Mal se retirou e os Cuhambebes restabeleceram a ordem francesa, muito
diferente da crueldade portuguesa.
Estácio
de Sá, sobrinho do governador, foi encarregado de plantar guarnição em defesa
da cidade. Todavia, franceses e índios se unem e Estácio de Sá morre em 1567.
Mem de Sá, em represália, obtém a mais completa vitória, permitindo a
consumação de grande crueldade com os inimigos. Nas esferas superiores, Ismael
e suas abnegadas falanges choram.
A
cidade, então passa a proteção espiritual de Sebastião, martirizado por sua fé,
ao tempo de Diocleciano, em 288.
Estácio
de Sá, desencarnado, une-se às falanges amorosas, corporificando-se outras
tantas vezes para viver no Brasil e, há alguns anos, reconhecemo-lo na figura
do benemérito Osvaldo Cruz.
Ismael
viu, então, a necessidade de discriminar as funções de cada região da pátria.
Cada
estado tem a sua função. São Paulo e Minas Gerais foram as regiões escolhidas
como as duas fontes poderosas de energias orgânicas, conchas da balança
política e econômica da nação, irmanados junto do cérebro do país. Sabedores
disso, espíritos inimigos da obra de Jesus agem nos bastidores administrativos
destes Estados, provocando a vaidade de seus homens públicos. As fraquezas têm
separado muitas vezes os dois grandes Estados da República.
OS NEGROS DO BRASIL
Sob
o domínio espanhol, sofria Portugal. Ismael, a seu turno, sancionou a mudança
do nome “Terra de Santa Cruz” para Brasil, visando resguardar a pátria dos
perigos da Inquisição.
Aqui,
os negros e índios sofriam toda sorte de humilhações. Ismael e seus
colaboradores sofrem, tentando organizar o instituto sagrado da família nas
florestas inóspitas, e clama pela ajuda do Cristo.
Jesus
lhe aconselha: “Ismael, considera que a
dor é a eterna lapidaria de todos os espíritos e o Nosso Pai não concede aos
filhos fardo superior às suas forças. As lágrimas lavam todas as manchas da
alma.”
Ismael, sentido luzes compassivas em seu coração, exorta irmãos
desencarnados, vitimados pelas batalhas, cruzadas e outras mazelas, ao novo
trabalho, na oficina de amor, e falanges imensas atenderam ao seu chamado.
Essas entidades, envoltas pela ciência, mas pobres de humildade e de amor,
ouviram os apelos de Ismael.
“Foi por isso que os negros do Brasil se
incorporaram, com suas abnegações santificantes e prantos abençoados, à Pátria
do Evangelho. O Senhor lhe assinalou o papel de formação e foi por isso que
eles deram os mais extraordinários exemplos de sacrifício. Demonstraram todos
os grandes sentimentos que nobilitam as almas humanas.”
A INVASÃO HOLANDESA
Também
dos indígenas se exigia imenso sacrifício. Os padres piedosos também sofriam,
por proteger a alma simples dos naturais. Os missionários sustentaram pesadas
lutas e, regressando ao Além, pediram a colaboração misericordiosa de Ismael
para modificar a situação.
Ismael
ressaltou a liberdade dos encarnados e pediu esforços para que pudessem
compreender as leis fraternas. Disse que, malgrado a cobiça, era no povo
lusitano que havia, ainda, honradez e grandes qualidade de valor e sentimento.
Por isso, ele buscaria na Europa um príncipe liberal, trabalhador e justo para
auxiliar o Brasil.
Ismael
disse: “Ele virá na qualidade de
invasor, mas sua permanência no Brasil será curta.”
Em
1624, os holandeses tomavam a Bahia. As cenas lastimáveis da invasão não foram
programadas pela falange de Ismael, mas deveram-se ao estado evolutivo dos
companheiros de propósito do príncipe holandês.
Em
1637, o general holandês João Maurício, príncipe de Nassau, chegou a Pernambuco
e sua administração trouxe inúmeros benefícios. O príncipe embelezou a cidade
de Recife e reconstruiu Olinda. Entretanto, o amor e respeito que ele votava à
liberdade fizeram-no devotado por brasileiros e portugueses. Todos os escravos
e índios procuravam abrigo à sombra de sua bandeira e eram declarados livres.
A
lição do príncipe fora preparada no plano espiritual, para que os colonizadores
da terra brasileira recebessem um novo clarão, mas ele teve que regressar à sua
pátria por imposição de espíritos avarentos.
A RESTAURAÇÃO DE PORTUGAL
O
esplendor das conquistas portuguesas desapareceu.
Nesse
tempo, Henrique de Sagres, o fiel Helil, procurou Jesus e, tocado de compaixão
e angústia, implorou a bênção de sua misericórdia para a nação portuguesa, que
era o gênio renovador do Brasil.
Jesus
lhe atendeu, dizendo: “Os portugueses
não souberam corresponder à nossa expectativa. No Brasil, onde lançamos os
fundamentos da Pátria do Evangelho, introduziram o tráfico de homens livres,
forçando as falanges de Ismael a despender todos os esforços possíveis.”
Helil,
amargurado, defendeu Portigal, dizendo a Jesus que a pátria aprendeu muito no
caminho das experiências dolorosas. Rogou a piedade divina. Pediu apoio a
Jesus, para buscar descendentes ao trono de D. Afonso e propôs combinar forças
com as falanges de Ismael, para intensificar o pensamento cristão em ambos os
países.
Bondoso,
Jesus abençoou o plano de Helil. Pediu inspiração para a Casa de Bragança,
ainda despreparada para o intento, mas a que ostentava melhores condições.
Disse
ainda: “Bem saber que, enquanto os
homens não se integrarem no conhecimento pleno da minha doutrina de amor e
fraternidade, os tratados comerciais serão os necessários jogos de interesses a
equilibrarem as ambições, em proveito dos setores da verdadeira evolução
espiritual.”
Henrique de Sagres organizou suas falanges e, em 1640, subia ao
trono de Portugal D. João IV.
Sob
a orientação espiritual, através de tratados, Portugal colocou o Brasil a salvo
da Inglaterra. Ismael e Helil buscam o coração de Antônio Vieira, poderoso
revelador mediúnico que toma lugar na corte e, depois, embarca para o Brasil.
Sua
voz esclarecida os corações e muitos senhores, tocados dessas claridades
divinas, devolveram a liberdade aos escravos.
Ismael,
atento, reuniu círculo de espíritos de sua falange e disse: “regressareis dentro de breves dias aos
núcleos de trabalho estabelecidos. Com vossa dedicação, novas atividades serão
descobertas e novas possibilidades há de felicitar a existência dos
colonizadores. Até hoje têm-se multiplicado as tristes caçadas humanas. Vossa
tarefa será rasgar as selvas remotas.”
Dentre os ouvintes, Fernão Dias Paes quebrou o silêncio,
perguntando o que haveria de ser feito para que o ouro não corrompesse os mais
nobres propósitos.
Ismael
esclareceu: “A Terra é a escola
abençoada, onde aplicamos todos os elevados conhecimentos adquiridos no
Infinito. Nos nevoeiros da carne, todas as trevas serão desfeitas pelos nossos
próprios esforços individuais. Procurando a grandeza ilusória do ouro, edificareis as cidades novas, fomentareis a pecuária e a agricultura,
desbravando caminhos inóspitos em favor de outras almas.”
E para Fernão Dias disse especialmente: “Sereis o chefe da expedição mais difícil de todas, porém, da tua
coragem há de surgir um caminho novo para todos os espíritos.”
O
grande bandeirante recebeu a determinação do bom anjo e as bandeiras paulistas
se espalharam por todas as regiões da terra virgem.
Em
1672, Fernão Dias organizou a mais célebre expedição, saída de São Paulo, rumo
a Minas Gerais. Rebeliões e discórdias ameaçam seu intento e, para fortalecer a
disciplina, o bandeirante manda enforcar o próprio filho, rebelde. As jóias de sua mulher e filha são empregadas
no empreendimento, arruinando a família. Por onde passa, florescem povoados.
Seu espírito lutador se desprendeu do corpo exausto, quando, no íntimo de seu
coração, rogava perdão para o enforcamento do filho.
Foi
consolado por Ismael neste instante, que disse: “Irmão, as quedas constituirão degraus do teu caminho. A essas mesmas
paragens voltarás com o teu filho, a fim de reparares o passado.”
(Paula Duran)
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