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De que dispõe o médium psicofônico consciente para distinguir seu
pensamento do pensamento da entidade comunicante?
Divaldo - O médium
consciente dispõe do bom senso. Eis porque, antes de exercitar a mediunidade
deve estudá-la; antes de entregar-se ao ministério da vivência mediúnica é-lhe
lícito entender o próprio mecanismo do fenômeno mediúnico. Allan Kardec, aliás,
sábio por excelência, teve a inspiração ditosa de primeiro oferecer à
Humanidade O Livro dos Espíritos, que é um tratado de filosofia moral. Logo
depois, O Livro dos Médiuns, que é um compêndio de metodologia do exercício da
faculdade mediúnica. Há de ver-se, no capítulo 3º, que é dedicado ao método,
sobre a necessidade de o indivíduo conhecer a função que vai disciplinar. Então
o médium tem conhecimento de suas próprias aptidões e de sua capacidade de
exercitá-las.
Na mediunidade
consciente ou lúcida o fenômeno é, a princípio, “inspirativo”.
Naturalmente os
espíritos se utilizam do nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais
expressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente ou sonambúlica. O
médium, no começo, terá que vencer o constrangimento da dúvida, em cujo período
ele não tem maior certeza se a ocorrência parte do seu inconsciente, dos
arquivos da memória anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca.
Através do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal maneira equilibrado
que poderá identificar quando se trata de si próprio - animismo ou de
interferência espiritual - mediunismo. Através da lei dos fluidos, pelas
sensações que o médium registra, durante a influência que o envolve, passa a
identificar qual a entidade que dele se acerca. A partir daí, se oferece numa
entrega tranqüila, e o espírito que o conduz inspira-o além da sua própria
capacidade dando leveza às suas idéias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade
de síntese que não lhe é comum, canalizando idéias às quais não está acostumado
e que ocorrem somente naquele instante da concentração mediúnica. Só o tempo,
porém, pelo exercício continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para
discernir quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou da
interferência dos Bons Espíritos.
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Pode o médium, em algumas comunicações, não conseguir evitar,
totalmente, as atitudes desequilibradas
dos espíritos comunicantes?
Divaldo - À medida
que o médium educa a força nervosa, logra diminuir o impacto do desequilíbrio
do comunicante. É compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos
a esperar harmonia por parte da entidade em sofrimento; alguém que foi vítima
de uma tragédia sendo arrebatado do corpo sem o preparo para a vida espiritual
apresentará no médium o estertor do momento final, na própria comunicação,
algumas convulsões em virtude do quadro emocional em que o espírito se
encontra.
Há, porém, certos
cacoetes e viciações que nos cumpre disciplinar. Há médiuns que só incorporam (termo
incorreto), isto é, somente dão comunicação psicofônica, se bocejarem bastante.
Para dar um toque de humor: quando eu comecei a freqüentar a Casa Espírita, na
minha terra natal, a primeira parte era um Deus-nos-acuda! Porque as pessoas
bocejavam e choravam, demasiadamente. Eu, como era médium principiante, cria
que também deveria bocejar de quebrar o queixo. A “médium principal”, que era
uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre depois de intermináveis
bocejos e tosses que a levavam às lágrimas. Hoje não bocejo, nem no meu estado
normal. Quando eles vêm eu cerro os dentes e os evito.
É lógico que uma
entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa, advindo o desejo de
exteriorizar pelo bocejo. É uma forma de eliminar toxinas. Mas nós podemos
eliminá-las pela sudorese, por outros processos orgânicos, não necessariamente
o bocejo. Há outros médiuns que têm a dependência, de todas as vezes em que vão
comunicar-se os espíritos, bater na mesa ou bater os pés, porque se não baterem
não se comunicam. Lembro de uma vez em que tivemos uma mesa redonda. Ô
presidente da mesa era um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia
entendido bem a Doutrina, tendo idéias doutrinárias muito pessoais. Ele me
perguntou quando é que o espírito incorpora no médium. Mas logo respondeu: “A
gente chupa... chupa... até engolir! Não é verdade ?“. São cacoetes,
destituídos de sentido e lógica.
Os médiuns têm o
dever de coibir o excesso de. distúrbios da entidade comunicante.
Na minha terra, vi
senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros prestimosos
ajudá-las... Graças a Deus eram todas magrinhas...
O médium deve
controlar o espírito que se comunica, para que este lhe respeite a
instrumentalidade, mesmo porque o espírito não entra no médium.
A comunicação é
sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao desencarnado. Todavia,
a diretriz é do encarnado.
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Quais são os requisitos necessários aos médiuns que militam na tarefa
mediúnica?
Raul - Percebendo que a mediunidade é uma faculdade mental,
ela independe de o indivíduo ser nobre ou devasso. Sendo a mediunidade essa luz
do espírito que se projeta através da carne, admitiremos também poder
encontrá-la representando a treva do espírito que escorre através do soma. E
exatamente por isso, percebemos que o médium deverá ajustar-se, quando deseje
servir com o Cristo. Atrelado às forças do bem, ajustar-se ao esforço de
vivenciar as lições evangélicas, renovando, gradativamente, os panoramas da própria
existência, domando as inclinações infelizes, inferiores, elevando o padrão
mental para que sua mentalização se dirija para o sentido nobre, fazendo-o cada
vez mais vibrátil nas mãos das Entidades Felizes.
Logo, os requisitos para o exercício da mediunidade no
enfoque espírita serão o exercício da humildade, da humildade que não se
converte em subserviência, mas que é a atitude de reconhecimento da grandeza da
vida em face da nossa pequenez pessoal; o espírito de estudo, de apercebimento
continuado das leis que nos regem, que nos governam. O médium espírita deverá
estar sempre voltado para aumentar o seu patrimônio de conhecimento das coisas,
dando-nos conta de que o Espírito da Verdade nos disse ser necessário o amor
que assiste, que guarda, que renuncia, que serve, e, ao mesmo tempo, a
instrução que de maneira alguma representará apenas o diploma acadêmico, mas
que é esse engrandecimento do caráter, da inteligência, esse amadurecimento
que, muitas vezes, o diploma não confere. Exatamente aí o médium deverá ater-se
ao estudo, ao trabalho, à abnegação ao semelhante é nesse esforço estará
logrando também subir a ladeira para conquistar a humildade.
Numa colocação feita pelo espírito Albino Teixeira, através
de Chico Xavier, no livro Paz e Renovação, diz ele que o melhor médium para o
mundo espiritual não é o que seja portador de múltiplas faculdades, mas é
aquele que esteja sempre disposto a aprender e sempre pronto a servir.
(Do livro “Diretrizes
de Segurança”, de Divaldo Franco e Raul Teixeira)
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