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O que deve fazer o médium quando influenciado por entidades da reunião,
no trabalho, no lar? Quais as causas dessas influências?
Divaldo
- No
capítulo 23º de O Livro dos Médiuns, Da Obsessão, o Codificador reporta-se à
invigilância das criaturas. É natural que o indivíduo seja médium onde quer que
se encontre. A mediunidade não é uma
faculdade que só funcione nas reuniões especializadas. Onde quer que se encontre
o indivíduo, aí estão os seus problemas. É perfeitamente compreensível que não
apenas na oficina de trabalho, como na rua, na vida social, ele experimente a
presença dos espíritos; não somente presenças positivas, como também
perniciosas, entidades infelizes, espíritos levianos, ou aqueles que se comprazem
em perturbar e aturdir. Cumpre ao médium manter o equilíbrio que lhe é proposto
pela educação mediúnica.
Mediante a educação mediúnica
pode-se evitar a interferência desses espíritos perturbadores em nossa vida de
relação normal, para que não venhamos a cair na obsessão simples, que é o
primeiro passo para a subjugação - etapa terminal de um processo de três fases.
Quando
estivermos em lugar não apropriado ao exercício da mediunidade ou à
exteriorização do fenômeno, disciplinemo-nos, oremos, volvamos a nossa mente
para idéias otimistas, agradáveis, porque mudando o nosso clichê mental,
transferimo-nos de atividade espiritual.
É necessário
que os médiuns estejam vigilantes, porque é muito comum, graças àquele atavismo a que já nos reportamos, a
pessoa se caracterizar como médium por meio de pantomimas, de manifestações
exteriores. Como querendo provar ser médium, a pessoa insensata faz caretas,
toma choques, caracterizando-se com patologias nervosas. A mediunidade não tem
nada a ver com essas extravagâncias muito ao gosto dos exibicionistas.
Como
acontece com pessoas que, quando escrevem com a mão, também escrevem com a
boca, retorcendo-se, virando-se. Não tem nada a ver uma coisa com outra. A
pessoa para escrever assume uma postura correta, que aprendeu na escola.
O médium deve aprender também a incorporas sem esses transtornos
nervosos. No exercício da mediunidade é preciso educar a postura do médium,
para que ele seja intermediário equilibrado, não dando ensejo a distonias na
área mediúnica.
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É possível ao médium distinguir as alterações
psíquicas e orgânicas que lhe são próprias das que estão procedendo dos
espíritos desencarnados?
Divaldo
- Um dos
comportamentos iniciais do médium deve ser o de estudar-se. Daí ser necessário
estudar a mediunidade. Eu, por exemplo, quando comecei o exercício da
mediunidade, ia a uma festa e assimilava de tal forma o psiquismo do ambiente,
que me tornava a pessoa mais contente dali. Se ia a um casamento eu ficava mais
feliz que o noivo. Se ia a um enterro ficava mais choroso que a viúva, porque
me contaminava psiquicamente, e ficava muito difícil saber como era a minha
personalidade. Pois, de acordo com o local, havia como que um mimetismo, isto
é, eu assimilava o efeito do ambiente.
Lentamente, estudando a minha
personalidade, as minhas dificuldades e comportamentos, logrei traçar o meu
perfil pessoal, e estabelecer uma conduta medial para que aqueles que vivem
comigo saibam como eu sou, e daí possam avaliar os meus estados mediúnicos.
De início, o
médium terá algumas dificuldades, porque o fenômeno produz uma interposição de
personalidades estranhas a sua própria personalidade. Somando-se velhas
dificuldades à sensibilidade mediúnica, o sensitivo passa a ter muito aguçadas
as reminiscências das vidas pretéritas, não o caráter da consciência, mas o
somatório das experiências.
Recordo-me
que, em determinada época da minha vida, terminada uma palestra ou reunião
mediúnica, eu tinha uma necessidade imperiosa de caminhar. Caminhar até a
exaustão física. Naquele período claro-escuro da mediunidade, sem saber
exatamente como encontrar a paz, os espíritos me receitaram trabalho físico,
para que, cansado, fosse obrigado ao repouso físico, porque tinha dificuldades
de dormir. A vida física era-me muito ativa e, mesmo quando o corpo caía no
colapso, a mente continuava excitada, e eu me levantava no dia seguinte pior do
que havia deitado. Então, às vezes, eu preferia não deitar.
Com o tempo
fui formando meu perfil de comportamento, de personalidade, aprendendo a
assumir a responsabilidade dos insucessos e a transferir para os Mentores os
resultados das ações positivas que são sempre de Deus, enquanto os erros são
sempre nossos. Estaremos sempre em sintonia com espíritos de comportamento
idêntico ao nosso. Daí, o médium vai medindo as suas reações, suas mágoas,
ciúmes, invejas, e irá identificando as reações positivas, a beleza, o desejo
de servir. Por fim, aprende a selecionar quando é ele e quando são os espíritos
que estão agindo por seu intermédio.
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O que determinará a qualidade dos espíritos que, pela lei das
afinidades, serão impelidos a se afinarem conosco nas práticas mediúnicas?
Raul - Compreendemos que
todos nós renascemos com determinadas tarefas a realizar, e para esse
entendimento, há aqueles que renascem com a tarefa da mediunidade. O chamamento
da mediunidade na hora correta mostra aquele que porta o compromisso ajustado.
Normalmente, as entidades que deverão trabalhar,
que deverão atuar no campo mediúnico, dirigindo as lides entre os
companheiros da Terra, já vêm ajustadas desde os seus contatos no mundo
espiritual. Elas se posicionam como verdadeiros guardiães para que, em momento
oportuno, o indivíduo se apresente diante do chamado.
Há outros
espíritos que estão associados a essa programática reencarnatória e que se
afinam com o encarnado fora do labor da mediunidade; e, à semelhança de alguém
que se transfira de uma casa para outra, de um bairro para outro, vai surgindo
a vizinhança nova e vão mostrando os espíritos que se unem por afinidades, por
sintonia de gosto com aqueles que são os médiuns.
O médium,
desejoso que a sua vizinhança espiritual seja do melhor naipe, deverá
preparar-se para ser também de bom teor a sua vida. Como nos ensina Emmanuel,
deverá ligar-se aos que estão na faixa do Cristo. E, mesmo quando se manifestem
entidades enfermas, o médium estará servindo à enfermagem espiritual, da mesma
forma que um enfermeiro num hospital da comunidade, embora atenda a diversos
doentes, a vários pacientes de múltiplas características, nem por isso assimilará
as mazelas do doente. Um médico que trabalhe com doenças contagiosas, nem por
isso contrairá as moléstias das quais trata. Então, esses médiuns que estão
laborando com os diversificados tipos espirituais procurarão ajustar-se aos
Espíritos Benfeitores, unir-se pela vivência, pela prática do amor e da
caridade, em suas várias dimensões.
Entendemos, com a Doutrina Espírita, que para nos ajustarmos aos Espíritos
Nobres será necessário enquadrar nossa romagem, pensamentos e hábitos ao bem e
ao trabalho da caridade.
(Do livro “Diretrizes de Segurança”, de Divaldo Franco e Raul Teixeira)