“... A partir do nascimento, suas idéias
retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos...”
“... Durante o tempo
em que seus instintos dormitam, ele é mais flexível e, por isso mesmo, mais
acessível às impressões que podem modificar sua natureza e fazê-lo
progredir...”
Quando crianças, somos como uma ―argila
frágil ou mesmo como um galho verde prontos para ser modelados ou direcionados
pelos nossos pais, que têm por missão desenvolver nossos potenciais como uma de
suas principais tarefas.
Grande parte de nossas percepções
e reações emocionais foram internalizadas em razão da influência dos adultos à
nossa volta.
Desde o nascimento, somos todos
extremamente sensíveis ao ambiente em que vivemos; por isso, os adultos devem
meditar sobre as posturas que irão tomar em relação às crianças, pois terão
grave importância em seu desenvolvimento futuro.
Determinados atos no ambiente
familiar podem ―melhorar e ―desenvolver, ou ―deteriorar e ―inibir a organização
psicoespiritual da personalidade infantil.
Um ponto básico para compreensão e
aceitação dos conceitos de educação em profundidade é o fato de que as
crianças, no início de seu desenvolvimento, são ―forçadas a aceitar as regras
dos pais, que se esquecem de que os filhos não são ―livros em branco, mas almas
antigas que carregam consigo enorme bagagem de experiências em seu ―curriculum espiritual.
Cada criança é um mundo à parte.
Embora existam necessidades
generalizadas para todas, também a individualidade de cada uma deve ser
respeitada, pois os
filhos, mesmo de uma só família,
são diferentes entre si, inclusive os gêmeos univitelinos.
Impraticável tentar vestir mãos
diferentes com a mesma luva ou enquadrar todas as crianças em igual padrão
educativo.
Não se podem determinar modelos,
receitas e atitudes absolutamente fixas e rígidas.
Aceita-se com flexibilidade que
cada criança terá sua importância à medida que desenvolve sua personalidade.
Todas as crianças gostam e
necessitam de correr, de brincai; de estudar, de comer e de ser educadas
convenientemente, mas cada uma terá características peculiares e não poderá
correr, brincar, estudar e comer como as outras, nos mesmos moldes ou
figurinos.
Um outro ponto importante é que,
em muitas circunstâncias, as reações educativas dos pais não atendem
basicamente às necessidades dos filhos, porém às deles mesmos.
Inconsciente-mente, tentam educá-los através das projeções de seus conflitos,
frustrações e problemas pessoais, nunca atingindo uma dinâmica profunda e
direcionada às reais necessidades dos filhos.
Certos adultos vivem suas
dificuldades interiores na vida da criança, tentando resolver seus problemas
nos problemas infantis, sentindo-se destroçados ou vitoriosos conforme as
derrotas e os triunfos dos filhos. O resultado disso tudo será uma pessoa
atingindo a maioridade completamente desconectada de suas realidades e
profundamente desorientada.
Um fato a destacar é o sofrimento
dos filhos em razão de constantes atitudes inibitórias provocadas por adultos
que se comportam com excessivo controle e zelo.
Impedem que as crianças expressem
gestos e raciocínios espontâneos, bem como a sua forma de ser.
Desencorajam-nas a promover suas
idéias inatas, desestimulam-lhes as vocações naturais, alteram-lhes as
atividades para as quais teriam toda uma habilidade instintiva e faculdades
apropriadas e impedem o desenvolvimento de sua própria índole, prejudicando-as.
Portanto, deveremos ser cuidadosos
na análise de nossas influências
paternais junto aos filhos, porque
em ―nome da missão ou da ―educação filial não nos é licito forçar ou distorcer
os ―galhos verdes, impondo-lhes opiniões e decisões e deixando de
proporcionar-lhes gradativamente o hábito das próprias escolhas.
Superprotegidos contra os erros,
defendidos dos problemas e dificuldades, vemo-los crescendo à sombra dos pais,
indecisos até sobre a mais simples opção, numa situação de dependência e apego
que se prolonga, em muitos casos, durante toda a encarnação e também, por que
não, nas futuras.
A partir do nascimento, suas
idéias retomam gradualmente impulso, à medida que se desenvolvem os órgãos, e
as crianças vão adquirindo uma maior possibilidade de se expressar como
realmente são.
A partir daí, devem ser educadas
de forma coerente com seu caráter instintivo e traços de personalidade - fruto
dos conhecimentos que adquiriram nas existências anteriores.
Nunca porém nos padrões da
coerção, da exigência, da comparação, da crítica constante ou da superproteção
- fatores de insegurança e de desajustes psicológicos profundos.
Pais generosos, de espírito
totalmente isento de crítica destrutiva, aproximam-se das crianças com o
objetivo real de lapidá-las num clima constante de muito amor e compreensão,
jamais se esquecendo de que elas não são suas, mas ―almas eternas em estágio
temporário no recinto de nosso lar.
São criaturas de Deus a caminho da
luz.
(Do livro “Renovando Atitudes”, de
Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito de Hammed)
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