Quanto puderes, não te afastes do
lar, ainda mesmo quando o lar te pareça inquietante fornalha de fogo e aflição.
Quanto te seja possível, suporta a
esposa incompreensiva e exigente, ainda mesmo quando surja aos teus olhos por
empecilho à felicidade.
Quanto estiver ao teu alcance,
tolera o companheiro áspero ou indiferente, ainda mesmo quando compareça ao teu
lado, por adversário de tuas melhores esperanças.
Quanto puderes, não abandones o
filho impermeável aos teus bons exemplos e aos teus sadios conselhos, ainda
mesmo quando se te afigure acabado modelo de ingratidão.
Quanto te seja possível, suporta o
irmão que se fez cego e surdo aos teus mais elevados testemunhos no bem, ainda
mesmo quando se destaque por inexcedível representante do egoísmo e da vaidade.
Quanto estiver ao teu alcance,
tolera o chefe atrabiliário, o colega leviano, o parente desagradável, ou o
amigo menos simpático, ainda mesmo quando escarneçam de tuas melhores
aspirações.
Apaga a fogueira da impulsividade
que nos impele aos atos impensados ou à queixa descabida e avancemos para
diante arrimados à tolerância porque se hoje não conseguimos realizar a tarefa
que o senhor nos confiou, a ela tornaremos amanhã com maiores dificuldades para
a necessária recapitulação.
Não vale a fuga que complica os
problemas, ao invés de simplificá-los.
Aceitemos o combate em nós mesmos,
reconhecendo que a disciplina antecede a espontaneidade.
Não há purificação sem
burilamento, como não há metal acrisolado sem cadinho esfogueante.
A educação é obra de sacrifício no
espaço e no tempo, e atendendo à Divina Sabedoria, - que jamais nos situa uns à
frente dos outros sem finalidade de serviço e reajustamento para a vitória do
amor -, amemos nossas cruzes por mais pesadas e espinhosas que sejam, nelas
recebendo as nossas mais altas e mais belas lições.
(Do livro “Coragem, de Francisco Cândido
Xavier, pelo espírito de Emmanuel)
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