quarta-feira, 16 de julho de 2014

A MEDIUNIDADE SEM LÁGRIMAS

Muito se explica sobre os fenômenos mediúnicos, suas formas e diferentes manifestações.
Eu já vi muitos fenômenos, obsessões, intuições e outras situações que são trazidas à Casa Espírita com a frase:
“Isso é mediunidade. Você precisa desenvolver isso.”
E daí, muitos saem daqui assustados e preocupados. Temerosos de que PRECISAM desenvolver algo com o que, geralmente, não têm familiaridade ou têm até certo medo.
Não é raro também ouvirmos os próprios freqüentadores, em conversas fora da Casa Espírita, “diagnosticando” a mediunidade em familiares ou amigos que narram algum tipo de manifestação mediúnica.
Há algum tempo, ao passar por situações como estas, percebi a necessidade de confortar os corações que se descobriam “médiuns”, mas confesso que nem sempre encontrava as palavras mais adequadas.
Então, xeretando num sebo certo dia, encontrei o título “A Mediunidade sem Lágrimas” do Eliseu Rigonatti. Tive uma epifania: é isso! A mediunidade não precisa ser despertada e desenvolvida com lágrimas!
Comecei a ler o livro e outros textos começaram a aparecer – como sói acontecer quando decidimos preparar uma palestra.
Primeiro, pensei em fazer algo bem sistemático, com quadros sinóticos, diagramas e gravuras. Depois, achei que não teria o envolvimento afetivo necessário com o tema se fizesse desta forma.
Assim, decidi escrever livremente, como se produzisse um texto, com base no que penso, no que vejo e no que leio.
Espero que apreciem o tema.

Eu poderia estar aqui dedilhando com precisão científica o mecanismo da mediunidade. Claro que eu agendaria a palestra pra Janeiro de 2015, pra dar tempo de deixar tudo na ponta da língua.
Ao invés disso, resolvi compilar alguns conceitos mais singelos. Só pra assoprar o braseiro... a fogueira é com vocês!

Em primeiro lugar, acho injusto quando ouço “descobri a mediunidade pela dor”. Na verdade, a mediunidade não é pra doer. O que dói é a falta da nossa espiritualidade nos momentos difíceis.
Quando permitimos que Deus se achegue de nós, fica mais fácil a superação de algumas provações. Quando dEle nos afastamos, um tapinha dói como uma surra, porque não temos o amparo necessário.
É por isso que muitos descobrem a mediunidade num momento de dor: Deus, misericordioso que só Ele, dá um empurrãozinho para que ouçamos suas palavras amorosas quando buscamos “ajuda” para lidar com certos fenômenos...

Em segundo lugar, penso que dizer que “é PRECISO desenvolver a mediunidade” é um contra-senso sem tamanho. Um dos pilares do espiritismo é o livre-arbítrio. Portanto, desenvolve a mediunidade quem quer!
Agora, há que se esclarecer que a mediunidade é uma ferramenta. E uma ferramenta maravilhosa. Se usada para o bem, torna-se um elemento facilitador dos mais louváveis.
Pensemos num jardim.
Se eu quero plantar, prefiro usar uma pazinha e um rastelinho, do que minhas mãos para cavar o buraquinho e remexer a terra... Pois bem! A mediunidade são esses apetrechos.
E mais, se eu usar esses utensílios para plantar uma erva daninha, verei minha plantação definhar... Mas se eu plantar boas ervas, folhagens lindas, flores e alimentos, meu jardim será próspero. Pois bem! Essa é a mediunidade usada na seara do bem.
Assim, com isso em mente, a decisão de desenvolver ou não a mediunidade será consciente e responsável.

Em terceiro lugar, vem a pergunta: por que desenvolver? Se ouvimos, sentimos e percebemos a espiritualidade, o que há para ser desenvolvido?
Filtros, botões e radares. Esses são melhoramentos que podem ser feitos na mediunidade, para que ela se torne um instrumento mais preciso, mais útil e benéfico.
Os “filtros” servem para darmos voz ao que for necessário, edificante e elucidador. Se o espírito sabe que a conta bancária do meu irmão está negativa, devo dizer-lhe? Devo expô-lo? Devo assustá-lo? De forma alguma!
O médium “educado na mediunidade” sabe que se não há proveito na mensagem: é melhor calar-se.
E os “botões”, para que servem? Servem para que o médium não dê passividade na fila do banco, no cinema, na reunião da escola do filho...  Lugar de dar-se passividade é num Centro Espírita de Luz, com propósito firme de ajudar e esclarecer, com amparo dos Amigos Espirituais e a orientação dos Diretores e demais trabalhadores.
E não é só a faculdade de “dar passividade” que “ganha um botão” no desenvolvimento da mediunidade.
Ao buscar entendimento, o médium também entende que não deve sair doutrinando a todos: encarnados e desencarnados. O médium, em não sendo detentor da verdade absoluta, deve contar com o amparo da espiritualidade para trazer luzes à escuridão em que vive o irmãozinho menos esclarecido.
E onde encontramos esse amparo? Acertou que disse no Centro Espírita!
Para entender isso direitinho, vamos pensar no Centro Espírita:

“(...) O Centro espírita é dirigido por duas diretorias: a diretoria terrena e a diretoria espiritual.
A diretoria terrena é composta de um grupo de pessoas de boa vontade, dotadas de idéias nobres que se reúnem para lutar pelo progresso espiritual da humanidade.
A diretoria espiritual é composta de espíritos abnegados que lutam ao lado da diretoria terrena e lhe secundam os esforços.
(...) um Centro Espírita é um templo de estudos, de fé, de oração e de trabalhos, onde encarnados e desencarnados, estudando as leis eternas que emanam do Senhor, assentam os alicerces de um mundo de compreensão e de amor.” (“A Mediunidade Sem Lágrimas”)

E, finalmente, os “radares”, que servem para que percebamos o quão edificante é a companhia espiritual que detectamos no nosso dia-a-dia. Médium é pára-raios!
Se o médium não souber elevar o pensamento em favor de um irmão menos esclarecido que se achega, vai parecer um arame farpado – como sabiamente diz minha amiga Silvana: vai passar levando tudo consigo!
E lembrando: é elevar o pensamento em prece, não sair doutrinando até a samambaia de plástico!

E o que mais deve acompanhar um médium sequioso para trabalhar na seara do bem?
A humildade de conhecimento e a humildade de caráter.
É preciso que o médium saiba que nunca saberá tudo! Deve estudar, ler, conversar; pode orientar e ensinar; mas nunca pode olvidar o aprendizado constante. O médium deve buscar conhecimento e raciocínio, para não se ver estagnado, arrogante e sabichão. Se cair nas garras da vaidade, dará ensanchas aos irmãos menos esclarecidos, que adoram um vozeirão grosso e pomposo, desprovido de conteúdo salutar.
E a humildade de caráter é, nada mais, nada menos, que a prática desses ensinamentos. Não digo com isso que médiuns devem ser perfeitos. Jamais! Fosse assim, sequer estaríamos nesse mundo de provas e expiações. Mas médiuns devem tentar, diuturnamente, pôr em prática o que aprendem. Devem exigir de si mesmo a caminhada no roteiro do bem, mesmo sabendo das paradas, das titubeadas e dos percalços do porvir.

E temos que abordar também a importância dos fluídos para todos, especialmente o médium.
Tudo é fluídico: a lama e o perfume de uma flor.
Cabe ao médium escolher de qual fluído deve se alimentar.
É claro que muitas vezes, o médium não pode escolher: há lugares de densidade fluídica que não podem ser evitados – hospitais, cadeias públicas, etc.
Nesse caso, há duas providências que o médium deve conhecer: a blindagem e a faxina!
Blindar-se significa se imbuir de bons propósitos e rogar o achego dos prepostos do Alto. A Eliana tem uma frase para esses momentos que eu considero emblemática: “Ai, Deus, pega na minha mão e vem comigo!” E é só pedir com o coração, que Ele pega e não solta!
E a faxina é a limpeza do nosso corpo fluídico, levada a efeito com a presença no Centro Espírita, com a ingestão de água fluidificada, com o passe magnético, com a prece sincera e com o Evangelho no Lar. Nesse assunto, vale a máxima: Sujou, limpe!

Quase ia me esquecendo: temos que atentar também para a questão da afinidade!
A lei da afinidade moral atrai para perto de nós o grupo de espíritos cujos gostos, inclinações e imperfeições são iguais as nossas.
E a lei da afinidade fluídica facilita-lhe a atuação: o espírito encontrará campo livre para agir sobre nós.
Assim, trocando em miúdos, eu gosto de vinho e “atraio” espíritos que também gostam. Se eu bebo com parcimônia e equilíbrio, um brinde! Se eu bebo além da conta, ultrapasso os limites e não meço as conseqüências do meu proceder, ficarei vulnerável aos irmãos que instigarão o meu vício, o meu descontrole e a minha derrocada.

E tem muito mais a ser dito e certamente não faltarão oportunidades para que a gente volte a esse tema, com outra ótica, outros ensinamentos.
O aprendizado e a reciclagem devem ser uma constante na vida do médium que quer progredir.
O “Livro dos Médiuns” está aí para nos amparar. Indico também esse livro que mencionei no começo – “A Mediunidade sem Lágrimas”, do Eliseu Rigonatti –, o “Médiuns e Mediunidades” e o “Mediunidade – Diretrizes de Segurança”, ambos do Divaldo Franco.
O bom médium deve ser sério, modesto, devotado, abnegado e desinteressado. Com essas cinco qualidades, outros defeitos assumem importância diminuta e a mediunidade tem efeitos balsâmicos na encarnação presente e nas futuras!

Se possui a mediunidade, “roga ao Pai que a transforme em fonte de consolo para todos os que sofrem”.

Para encerrar, vou emprestar novamente umas palavras:
“(...) a mediunidade é simplesmente um sentido que todos possuímos e cuja aplicação depende unicamente de nós. Um médium não é um ser privilegiado: é uma pessoa que aprendeu a usar de sua faculdade mediúnica.
Embora em todas as épocas tenha havido médiuns, estava reservado aos nossos tempos a disseminação e a popularização das práticas mediúnicas (...). A mediunidade, como tudo o que há no Universo, também está sujeita à lei da Evolução.
(...) Não pararemos aqui. Evoluiremos sempre. (...)
Não há santos e não há milagres (...).
De agora em diante, não mais santos; não mais milagres; mas médiuns esclarecidos e espíritos do bem irmanados na santa tarefa de cuidarem da seara do Senhor.”

(Paula Duran)




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