Orgulho é o sentimento de superioridade
pessoal resultante do processo natural de crescimento.
Sem esse sentimento de valor pessoal,
não encontraríamos motivação para existir e não formaríamos um auto-conceito de
dignidade pessoal.
O problema não é o sentimento, é o
descontrole de seus efeitos.
Allan Kardec, na questão nº 908 do
Livro dos Espíritos, explica que
“todas as paixões têm seu princípio num
sentimento, ou numa necessidade natural(…).
A paixão (…) é uma exageração de uma
necessidade ou de um sentimento”.
Portanto, a paixão “está no excesso
e não na causa e este excesso se torna um mal quando tem como consequência um
mal qualquer”.
Assim, podemos qualificar o orgulho
como um mal quando se torna uma “paixão por si mesmo”, ou seja, um excesso que
se acresceu à auto-estima.
É nesse sentido que trataremos do
orgulho doravante.
Nesse diapasão, o orgulho é uma doença,
da qual nos livraremos quando tivermos a coragem de apedrejarmos os espelhos da
ilusão e de quebrar as imagens fictícias de nós mesmos, mirando, então, o
espelho da realidade, no resgate do ‘eu divino’ e exuberante, ao qual todos nós
estamos destinados a ser.
O orgulho é uma perigosa ‘bactéria da
alma’, que alimenta uma falsa imagem que criamos para que nos sintamos
importantes.
O orgulho advém dessa necessidade de
aplacar o profundo sentimento de inutilidade que assola os corações de muitos
espíritos, encarados e desencarnados.
O movimento humano passa por severo
desafio contra o orgulho, a medida que edifica formalidades que adulam a
vaidade pessoal e que enaltecem vitórias institucionais.
Assim, os padrões têm apontado mais
para a vaidade que para a verdade.
É preciso humildade para aceitarmos
quem somos verdadeiramente e decidirmos interromper as fantasias de grandeza e
elevação.
Enquanto isso, na seara espírita, o
orgulho é ainda mais perigoso.
Dizem, hoje, haver o “Espiritismo do
Cristo” e o “Espiritismo dos homens”.
Quando os princípios religiosos são
mais importantes do que os sentimentos, a fraternidade não tem vez e a fé é submetida
aos roteiros do ego, desvalorizando-se os ditames da consciência.
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua”, ensinou João Batista
(Jo 3:30).
Ao optarmos por sermos um pouco
menores, diminuindo para que o Cristo cresça em nós, também optamos pela
felicidade.
Para gozar da felicidade, não basta cumpramos
algumas receitas de conduta, como se fossem fórmulas prontas.
É preciso merecimento para sermos
felizes. Merecimento é um estado afetivo que precisa ser conquistado.
Para Ermance Dufaux, “merecimento é
a liberdade conferida pela consciência para o florescimento de elevados
recursos interiores; é resultante do esforço de aperfeiçoamento espiritual,
constituindo vigoroso campo de atração para o recolhimento da ‘boa parte’ da
vida; é o estado íntimo que só começaremos a ouvir a sublime melodia da
consciência em substituição ao valor que damos à gritaria do ego”.
Diante desse quadro, é preciso que
descubramos a felicidade, a partir do instante em que nos despimos do orgulho.
O orgulho é porta perigosa e obstáculo
à paz.
É imperioso que busquemos identificá-lo
e dizimá-lo em inúmeras situações cotidianas.
Assim, proponho uma reflexão.
Trago diversas situações aqui e peço que
reflitam sobre elas, identificando:
1- o orgulho se manifestando;
2- uma forma de superá-lo e;
3- como resultado, o que será colhido
no êxito deste esforço.
São 4 situações fictícias.
1. Joaquim vai ao Centro Espírita e,
ajudado em seu problema, recebe orientação para trabalhar e estudar.
Joaquim se matricula em vários cursos,
além de ser o primeiro a chegar e o último a sair do Centro.
Passando por atritos em seu casamento,
Joaquim queixa-se ao Céu:
“Isso não é justo! Sou profundo
estudioso e trabalhador sempre a postos. Isso deveria bastar para afastar-me os
problemas.”
a) Onde está a manifestação do orgulho?
b) Qual a postura de correção do erro?
c) Quais os resultados da “cura”?
2. Maria, pessoa de posses e prestígio,
vai ao Centro Espírita acompanhar uma amiga no exercício da caridade.
Ouve preleção que lhe fala
profundamente na alma, apontando-lhe vicissitude que já está arraigada no seu
ser.
Maria exclama com empáfia:
“Ora, estou muito bem assim. Eu sou
assim. Esse é o meu jeito! E devolvam-me cá as doações!”
a) Onde está a manifestação do orgulho?
b) Qual a postura de correção do erro?
c) Quais os resultados da “cura”?
3. Pedro, orador da Casa espírita, vê
suas palestras esvaziarem-se. Tem-se habituado a utilizar-se do chavão
religiosista de que “espírita faz isso, espírita não faz aquilo”.
O que está acontecendo com Pedro?
a) Onde está a manifestação do orgulho?
b) Qual a postura de correção do erro?
c) Quais os resultados da “cura”?
4. Magda conta a José que seu problema
não se resolveu, malgrado tenha Magda seguida por semanas com o tratamento em
uma das salas de assistência do Centro Espírita.
E José, antes de tudo, pergunta já
descrente:
“Não me diga que você passou na sala do
Ciclano, na do Beltrano ou na do Fulano, ao invés de vir a minha sala?!”
a) Onde está a manifestação do orgulho?
b) Qual a postura de correção do erro?
c) Quais os resultados da “cura”?
Refletir sobre estas questões é dinâmica
que data de mais de cem anos.
No capítulo X, item 10, do Evangelho
Segundo o Espiritismo, Kardec assinalou:
“Uma das insensatezes da Humanidade consiste
em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós.
Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar:
Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar:
‘Que pensaria eu, se visse alguém fazer
o que faço?’…
…É o orgulho que induz o homem a dissimular
para si mesmo os seus defeitos.
Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo;
O Livro dos Espíritos;
Mereça ser Feliz – Superando as Ilusões
do Orgulho. De
Wanderley S. de Oliveira, pelo espírito de Ermance Dufaux.
(Paula Duran)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Amigos! Esse blog é de vocês. Nos alegramos muito com a sua colaboração!