quarta-feira, 24 de julho de 2013

O MAL DO ORGULHO

Orgulho é o sentimento de superioridade pessoal resultante do processo natural de crescimento.

Sem esse sentimento de valor pessoal, não encontraríamos motivação para existir e não formaríamos um auto-conceito de dignidade pessoal.

O problema não é o sentimento, é o descontrole de seus efeitos.
Allan Kardec, na questão nº 908 do Livro dos Espíritos, explica que
“todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade natural(…).
A paixão (…) é uma exageração de uma necessidade ou de um sentimento”.
Portanto, a paixão “está no excesso e não na causa e este excesso se torna um mal quando tem como consequência um mal qualquer”.
Assim, podemos qualificar o orgulho como um mal quando se torna uma “paixão por si mesmo”, ou seja, um excesso que se acresceu à auto-estima.

É nesse sentido que trataremos do orgulho doravante.

Nesse diapasão, o orgulho é uma doença, da qual nos livraremos quando tivermos a coragem de apedrejarmos os espelhos da ilusão e de quebrar as imagens fictícias de nós mesmos, mirando, então, o espelho da realidade, no resgate do ‘eu divino’ e exuberante, ao qual todos nós estamos destinados a ser.
O orgulho é uma perigosa ‘bactéria da alma’, que alimenta uma falsa imagem que criamos para que nos sintamos importantes.

O orgulho advém dessa necessidade de aplacar o profundo sentimento de inutilidade que assola os corações de muitos espíritos, encarados e desencarnados.
O movimento humano passa por severo desafio contra o orgulho, a medida que edifica formalidades que adulam a vaidade pessoal e que enaltecem vitórias institucionais.
Assim, os padrões têm apontado mais para a vaidade que para a verdade.

É preciso humildade para aceitarmos quem somos verdadeiramente e decidirmos interromper as fantasias de grandeza e elevação.
Enquanto isso, na seara espírita, o orgulho é ainda mais perigoso.
Dizem, hoje, haver o “Espiritismo do Cristo” e o “Espiritismo dos homens”.
Quando os princípios religiosos são mais importantes do que os sentimentos, a fraternidade não tem vez e a fé é submetida aos roteiros do ego, desvalorizando-se os ditames da consciência.
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua”, ensinou João Batista
(Jo 3:30).

Ao optarmos por sermos um pouco menores, diminuindo para que o Cristo cresça em nós, também optamos pela felicidade.

Para gozar da felicidade, não basta cumpramos algumas receitas de conduta, como se fossem fórmulas prontas.
É preciso merecimento para sermos felizes. Merecimento é um estado afetivo que precisa ser conquistado.

Para Ermance Dufaux, “merecimento é a liberdade conferida pela consciência para o florescimento de elevados recursos interiores; é resultante do esforço de aperfeiçoamento espiritual, constituindo vigoroso campo de atração para o recolhimento da ‘boa parte’ da vida; é o estado íntimo que só começaremos a ouvir a sublime melodia da consciência em substituição ao valor que damos à gritaria do ego”.
Diante desse quadro, é preciso que descubramos a felicidade, a partir do instante em que nos despimos do orgulho.

O orgulho é porta perigosa e obstáculo à paz.

É imperioso que busquemos identificá-lo e dizimá-lo em inúmeras situações cotidianas.
Assim, proponho uma reflexão.
Trago diversas situações aqui e peço que reflitam sobre elas, identificando:
1- o orgulho se manifestando;
2- uma forma de superá-lo e;
3- como resultado, o que será colhido no êxito deste esforço.

São 4 situações fictícias.
1. Joaquim vai ao Centro Espírita e, ajudado em seu problema, recebe orientação para trabalhar e estudar.
Joaquim se matricula em vários cursos, além de ser o primeiro a chegar e o último a sair do Centro.
Passando por atritos em seu casamento, Joaquim queixa-se ao Céu:
“Isso não é justo! Sou profundo estudioso e trabalhador sempre a postos. Isso deveria bastar para afastar-me os problemas.”

a)     Onde está a manifestação do orgulho?
b)     Qual a postura de correção do erro?
c)      Quais os resultados da “cura”?

2. Maria, pessoa de posses e prestígio, vai ao Centro Espírita acompanhar uma amiga no exercício da caridade.
Ouve preleção que lhe fala profundamente na alma, apontando-lhe vicissitude que já está arraigada no seu ser.
Maria exclama com empáfia:
“Ora, estou muito bem assim. Eu sou assim. Esse é o meu jeito! E devolvam-me cá as doações!”

a)     Onde está a manifestação do orgulho?
b)     Qual a postura de correção do erro?
c)      Quais os resultados da “cura”?

3. Pedro, orador da Casa espírita, vê suas palestras esvaziarem-se. Tem-se habituado a utilizar-se do chavão religiosista de que “espírita faz isso, espírita não faz aquilo”.
O que está acontecendo com Pedro?

a)     Onde está a manifestação do orgulho?
b)     Qual a postura de correção do erro?
c)      Quais os resultados da “cura”?

4. Magda conta a José que seu problema não se resolveu, malgrado tenha Magda seguida por semanas com o tratamento em uma das salas de assistência do Centro Espírita.
E José, antes de tudo, pergunta já descrente:
“Não me diga que você passou na sala do Ciclano, na do Beltrano ou na do Fulano, ao invés de vir a minha sala?!”

a)     Onde está a manifestação do orgulho?
b)     Qual a postura de correção do erro?
c)      Quais os resultados da “cura”?

Refletir sobre estas questões é dinâmica que data de mais de cem anos.
No capítulo X, item 10, do Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec assinalou:
“Uma das insensatezes da Humanidade consiste em vermos o mal de outrem, antes de vermos o mal que está em nós.
Para julgar-se a si mesmo, fora preciso que o homem pudesse ver seu interior num espelho, pudesse, de certo modo, transportar-se para fora de si próprio, considerar-se como outra pessoa e perguntar:
‘Que pensaria eu, se visse alguém fazer o que faço?’…

…É o orgulho que induz o homem a dissimular para si mesmo os seus defeitos.

Bibliografia:
O Evangelho Segundo o Espiritismo;
O Livro dos Espíritos;
Mereça ser Feliz – Superando as Ilusões do Orgulho. De Wanderley S. de Oliveira, pelo espírito de Ermance Dufaux.

(Paula Duran)


 

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