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O médium pode trocar
a tarefa mediúnica por outra atividade doutrinária?
Divaldo - A tarefa mediúnica
estará presente na vida do instrumento, onde quer que ele se localize. É óbvio
que a tarefa mediúnica foi por ele elegida e não seria lícito que a abandonasse
a meio do caminho, num mecanismo de fuga à responsabilidade, para a realização
de outra que, certamente, não levará adiante, O indivíduo, por exercer a
mediunidade, pode e deve assumir outras tarefas que dizem respeito ao labor da
Casa Espírita, mesmo porque a mediunidade não irá tomar-lhe o tempo integral,
de modo que o impeça de vivenciar a programática da Doutrina Espírita em outros
níveis.
Neste momento, eu vejo aqui um
médium desencarnado, que viveu em Belo Horizonte. Era militar e se chama Henrique Kemper Borges.
Entregou-se à mediunidade, trabalhando por longos anos a fio, sem que isso lhe
perturbasse o labor da vida militar, social e doutrinária abraçado, porque a
educação da mediunidade, diz ele, “faz parte do Evangelho de Jesus e, à luz da
Codificação Espírita, é uma diretriz de equilíbrio no culto do dever que o
espírito encarnado assume, para liberar-se do passado comprometido com aqueles
a quem prejudicou e que ainda se encontram na erraticidade inferior,
necessitando de sua ajuda e de seu apoio. Qualquer motivo que objetive
desviá-lo da tarefa abraçada é mecanismo de fuga para acumpliciamento com a
ociosidade.”
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Se o médium
interrompe sua tarefa mediúnica, pode isto lhe causar danos? Por quê?
Divaldo - O êxito de qualquer
atividade depende do exercício da aptidão de que se é objeto. A mediunidade,
segundo Allan Kardec, “é uma certa predisposição orgânica” de que as pessoas
são investidas. A faculdade mediúnica é do espírito.
A mediunidade é-lhe uma resposta
celular do organismo. Apresenta-se como sendo uma aptidão. Se a prática não é
convenientemente educada, canalizada para a finalidade a que se destina, os
resultados não são, naturalmente, os desejados. A pessoa, não conduzindo
corretamente as suas forças mediúnicas, não logra os objetivos que persegue.
Abandonando a tarefa a meio termo, é natural que a mesma lhe traga os efeitos
que são conseqüentes do desprezo a que está relegada.
Qualquer instrumento ao abandono
é vítima da ferrugem ou do desajuste. Emmanuel, através da abençoada
mediunidade de Chico Xavier, afirmou com lógica:
“Quanto mais
trabalha a enxada, mais a lâmina se aprimora. A enxada relegada ao abandono vai
carcomida pela ferrugem.”
Quando educamos a mediunidade,
ampliando a nossa percepção parafísica, desatrelamos faculdades que jaziam
embrionárias.
Se, de um momento para outro,
mudamos a direção que seria de esperar-se, é óbvio que a mediunidade não
desaparece e o intercâmbio que se dá muda de condutor. O indivíduo continua
médium, mas já que ele não dirige a faculdade para as finalidades nobres vai
conduzido pelas entidades invigilantes, no rumo do desequilíbrio.
Daí dizer-se, em linguagem
popular, que a mediunidade abandonada traz muitos danos àquele que dela é
portador. Isso ocorre porque o indivíduo muda de mãos. Enquanto está no
exercício correto de suas funções, encontra-se sob o amparo de entidades
responsáveis. Na hora que inclina a mente e o comportamento para outras atividades,
transfere-se de sintonia, e aqueles com os quais vai manter o contato psíquico
são, invariavelmente, de teor vibratório inferior, produzindo-lhe danos.
Também seria o caso de
perguntarmos ao pianista o que acontece com aquele que deixa de exercitar a
arte a que se dedica no campo da música. Ele dirá que perde o controle motor,
que as articulações perderam a flexibilidade, a concentração desapareceu e
ele vai, naturalmente, prejudicado por uma série de temores que o assaltam,
impedindo-lhe o sucesso.
A mediunidade é um compromisso
para toda “a vida” e não apenas para toda a reencarnação. Porque, abandonando
os despojos materiais, o médium prossegue exercitando a sua percepção
parafísica em estágios mais avançados e procurando chegar às faixas superiores
da Vida.
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