Lembremo-nos que os segundos, são
os humildes, que se humilham diante de Deus, não se consideram superiores aos
demais, ou seja, são os pobres de espírito. São alguns dos bem aventurados.
Enquanto não nos apequenarmos diante de Deus, nosso Pai de Infinita Bondade e
Sabedoria, não teremos acesso à Verdade Integral e, se não formos sinceros em
nosso amor para com o próximo, não nos expandiremos para além dos limites de
nós mesmos. È pelo orgulho de seu excessivo conhecimento, que o homem vem se
constituindo em ameaça para a civilização, se revelando mais carente de amar e
ser amado. É o Amor que nos conduz à essência da Verdade, e não o contrário. Os
simples e pequeninos são aqueles que se esquecem, relegando a plano secundário
a própria felicidade, que, afinal, se resume na felicidade de promover a
felicidade do próximo.
É chegada a hora em que o homem,
após dois mil anos de Evangelho, deve tomar nas mãos as rédeas do destino... É
preciso libertar-se do circulo vicioso das reencarnações! Não nos iludamos...,
por muito tempo haveremos de continuar trabalhando nos alicerces da Nova Era
que se anuncia. O Cristo não nos advertiu em vão. No alvorecer do 3º milênio da
era cristã, a Humanidade se encontra à beira de tenebroso precipício. O momento
é de oração, sem duvida, mas também de conjugação de esforços para que, juntos,
preservemos os valores alcançados pela civilização. O espírita não deve mais
pensar em reencarnar apenas com o propósito de cuidar de si... A coletividade
humana pede socorro; a Natureza no orbe agoniza; os poderes das trevas se
adensam e ocupam posições estratégicas, com a intenção de deflagrar a
catástrofe, que poderá mergulhar no caos a vida no planeta... Hoje,
acima de nossos carmas pessoais, pesa o carma da Humanidade.
Como, meu Deus, verdadeiramente
amar o necessitado que nos bate à porta ou que nos espera em nossas
instituições assistenciais? Quando deixaremos de destinar ao carente apenas as
migalhas que nos sobram? Quando, fazendo tão pouco, ou quase nada, deixaremos
de supor que fazemos muito? Quando não mais nos recolheremos em nossas
confortáveis residências, de consciência anestesiada, sem que nos incomodem os
que perambulam expostos às intempéries? Quando pararemos de vender o Senhor,
como artigo de fé em nossos templos de oração? Quando deixaremos de crer por
simples conveniência, para que o sofrimento, que não poupa ninguém, não nos
arrase? Quando? Quando?
Diante do que o Mestre realiza,
preocupado com que nenhuma das ovelhas que o Pai lhe confiou se perca, a
verdade é que nada fazemos; pois ainda não aprendemos a servir com
indispensável desapego de nós mesmos... Uma coisa é servir aos propósitos do
Bem, convictos de que não nos resta alternativa, outra é servir por amor!
Todos os dias, carecemos de nos
vigiar em nossas atitudes, não deixando de formular a nós mesmos, a seguinte
indagação: Por que me tornei espírita? Com que intuito tenho
procurado ser médium? O que me inspira quando me disponho a discorrer sobre os
princípios da Doutrina? O que penso em relação aos demais companheiros de
Ideal? Estarei de fato, agindo, isento de interesses menores.
Quantos não são os que, ‘tendo
começado no espírito’, se desvirtuaram depois? Infelizmente, são muitos os que
abraçam o Espiritismo e, com o tempo, acabam deixando novamente prevalecer o ‘homem
velho’...
O Espiritismo não pretende ser uma
religião formalizada; o seu propósito é o de vitalizar todas as crenças,
escoimando-as da intromissão humana que as têm desfigurado... O Espiritismo,
assim como o Cristianismo, não almeja senão que o homem renda culto exclusivamente
à Verdade e aprenda a amar. No futuro, sem que tenham necessidade de se
converter, todos serão naturalmente espíritas – adeptos dos postulados
fundamentais da Doutrina, que serão, finalmente, aceitos por todas as
religiões. Haverá um momento de transição... Teremos católicos-espíritas,
protestantes-espíritas, etc, e assim por diante, até que todos os princípios
religiosos se unifiquem. As religiões mais ortodoxas e conservadoras, por
exemplo, se retornarem às suas origens, identificar-se-ão com as teses
defendidas pelo Espiritismo, que, na inspirada palavra do Codificador, “é o
mais poderoso auxiliar das religiões”.
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