Em nossa cultura há
uma certa resistência do uso do negativo uma vez que na maioria das vezes que é
utilizado vem acompanhado de uma carga emocional negativa, entretanto,
necessariamente assim não precisa ser.
Há que se lembrar que
entre nós há o falso conceito que quem é bom nunca diz não (...).
É necessário
considerar, entretanto, que aprender a dizer não com equilíbrio
e serenidade é um aprendizado nem sempre fácil, pois dizer sim ou não exige
análise reflexiva e não pode nascer de um impulso ou estado de ânimo alterado
ou preguiçoso.
Quando estamos alegres
tendemos a dizer sim, quando com raiva, a dizer não, e quando não queremos
ter trabalho a opção é feita no sentido de resolver depressa.
O nosso Mestre Jesus
já nos ensinava
"Mas
seja o vosso falar: sim, sim; não, não" (Matheus 5: 37).
Este ensinamento está
contido em O Sermão do Monte, que sabemos ser o código de ética do
Cristianismo, uma vez que ali estão todas as diretrizes do agir do cristão.
Há os opositores que
vêm nesta afirmação uma atitude radical e inflexível, porém o que o Cristo nos
dizia era da necessidade de sermos assertivos, conceito hoje claramente
apresentado pela psicologia.
Assertivo é o
indivíduo que sabe definir claramente o seu papel, que sabe que a passividade o
transforma em pessoa manipulável sempre fazendo o que os outros querem, sabe
também que a agressividade e a inflexibilidade não permitem um viver em grupo
de forma harmônica e agradável.
A pessoa assertiva
esta disposta a ouvir o outro e a ponderar a respeito de pontos de vista
diferentes do seu, entretanto sempre terá o seu sistema de valores como
referência para incorporar idéias e atitudes.
Se espírita, seu
referencial de análise será o espiritismo.
Se desta análise
surgir um não ele virá sem qualquer traço de agressividade.
Um exemplo disto nos
dá André Luiz no caso da alimentação em Nosso Lar quando após trinta anos de
argumentação o Governador da colônia deu um basta nos excessos:
"Não
houve combate, nem ofensiva na colônia, mas resistência absoluta… A colônia
ficou, então, sabendo o que vem a ser a indignação do espírito manso e justo".
Em seu livro Pão
Nosso, Emmanuel, nos traz uma belíssima lição Intitulada "O ‘não’ e a
luta" da qual faremos algumas citações concluindo nossa matéria:
"O
‘sim’ pode ser agradável em todas as situações, todavia, o ‘não’, em
determinados setores da luta humana, é mais construtivo".
"Tanto
quanto o ‘sim’ deve ser pronunciado sem incenso bajulatório, o ‘não’ deve ser
dito sem aspereza".
"Muita
vez, é preciso contrariar para que o auxílio legítimo se não perca; urge
reconhecer, porém que a negativa salutar jamais perturba. O que dilacera é o
tom contundente no qual é vazada".
(Nilza Teresa Rotter
Pelá in Jornal Verdade e Luz)
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