“A paixão, meu amigo,
é uma febre efêmera, resultado de uma reação bioquímica, que como qualquer
outra reação é temporária. (…)
Parece que estou
lendo um dicionário ou um manual de patologias psíquicas para falar de um
fenômeno de natureza tão oposta. É como colocar um narrador de futebol para
traduzir uma sinfonia de Mozart.
Sempre me intrigou o
fato de que se o princípio que rege as paixões é falso, por que então ele
existe na natureza? Por que permite Deus que nos apaixonemos?
Allan Kardec não
deixou isso passar despercebido e mais uma vez me surpreendeu.
O Espiritismo, quando
o conheci, que se me desvendava uma Doutrina tão racional, em minha expectativa
teria uma opinião próxima a do primeiro parágrafo, mas vejamos o que Kardec
pergunta e qual a resposta dos Espíritos em O Livro dos Espíritos:
907. Será substancialmente mau o princípio originário das paixões,
embora esteja na Natureza?
Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.
Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.
Que maravilha de resposta! O princípio que origina as paixões foi
colocado em nós para o bem. Não é apenas uma trama cruel de nossos genes ou uma
armadilha psicológica. É bem verdade que a paixão, assim como todos os
sentimentos, tem uma fundamentação biológica.
O corpo humano é um
complexo concebido para manifestar as possibilidades do ser espiritual, assim
como responde ao comando mecânico de nossa vontade, é preparado para responder
emocionalmente de forma que os hormônios desencadeiam uma série de reações que
conhecemos muito bem quando estamos com raiva, ou quando estamos apaixonados.
Também é verdade
dizer que ao nos apaixonarmos projetamos nossas necessidades e expectativas no
outro, de forma que o outro se torna a ilusão do que sonhávamos para atender
nossas necessidades e caprichos.
Mas a paixão só é
destruidora para as almas inferiores porque as pessoas desequilibradas não
conseguem ter domínio sobre a paixão e usufruir dela moderadamente. A paixão,
assim como qualquer outra coisa, torna-se-lhes um fator de desequilíbrio.
908. Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de
ser boas para se tornarem más?
As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem.
As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem.
Diria que o
desequilíbrio é uma criação do nosso ego e não está necessariamente no
princípio que gera a paixão. A paixão é em princípio o deslumbramento, o
interesse, o fascínio e a admiração. É uma sensação de sentir que algo ou
alguém é especial e que há uma magia em torno deste algo ou alguém e esta magia
nos mantém cativados e ligados a este ser ou objeto. Está relacionada com uma
sensação de incompletude que impulsiona a humanidade ao progresso.
Se o ser humano fosse
completo e acabado ele não se apaixonaria por nada. É a incompletude que o faz
buscar algo e/ou alguém que lhe dê alguma compensação emocional. É por isso que
dizem os Espíritos que o princípio das paixões foi colocado no homem para o seu
bem e a paixão o tem feito realizar grandes coisas em benefício do seu
progresso:
As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam
na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa
que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada
pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.
Todas as paixões têm seu princípio num sentimento, ou numa necessidade
natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa
das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a
exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na
causa e este excesso se torna um mal, quando tem como conseqüência um mal
qualquer.
O que combatem os
Espíritos é a situação em que a paixão fortalece nossa natureza animal e nos
distancia da natureza espiritual. Quando a paixão é direcionada para um ideal
nobre, para uma grande realização, ela é sempre positiva. O problema é que ela
tem sido usada apenas para a realização de nossos interesses mesquinhos e
egoístas. (...)
(Trechos extraídos do
artigo “A paixão… ah… a paixão!, de Breno Henrique de Souza, para o site Espiritismo.net)
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