"Sejam como dois pilares que sustentam o mesmo teto,
mas não comece a possuir o outro; deixe o outro independente.
Sustentem o mesmo
teto: esse teto é o amor."
Pergunta a Osho:
Amado Osho,
Por que é tão difícil se relacionar?
Porque você ainda não é.
Há um vazio interior e o medo de
que ao se relacionar com alguém, mais cedo ou mais tarde, você será exposto
como sendo vazio.
Por isso parece mais seguro manter distância das pessoas;
pelo menos você pode fingir que é.
Você não é.
Você ainda não nasceu, é apenas uma
potencialidade.
Você ainda não está preenchido – e só duas pessoas preenchidas
podem se relacionar.
Relacionar-se é uma das maiores coisas da vida:
relacionar-se significa amar, relacionar-se significa compartilhar.
Mas antes
de poder compartilhar, você tem que ter.
E antes de poder amar, você deve estar
cheio de amor, transbordando de amor.
Duas sementes não podem se relacionar, elas estão fechadas.
Duas flores podem se relacionar, elas estão abertas, podem mandar suas
fragrâncias uma à outra, podem dançar no mesmo sol e no mesmo vento, podem
dialogar, podem sussurrar.
Mas isso não é possível para duas sementes.
As
sementes são totalmente fechadas, sem janelas – como podem se relacionar?
E esta é a situação.
O homem nasce como uma semente.
Ele
pode se tornar uma flor, ou não.
Tudo depende de você, do que faz consigo
mesmo; tudo depende de você, crescer ou não.
A escolha é sua – e ela tem que
ser encarada a cada momento; você está na encruzilhada a cada momento.
Milhões de pessoas decidem não crescer.
Elas permanecem
sementes, permanecem potencialidades, nunca se tornam realidades.
Elas não
sabem o que é auto-realização, não sabem o que é auto-concretização, não sabem
nada do ser.
Vazias elas vivem e totalmente vazias elas morrem.
Como
podem se relacionar?
Isso será expor a si mesmo – sua nudez, sua feiúra, seu
vazio.
Parece mais seguro manter uma distância.
Até mesmo amantes mantêm
distância; eles só vão até um ponto e permanecem atentos de onde voltar.
Eles têm
limites, nunca atravessam os limites, permanecem confinados em seus limites.
Sim, há um tipo de relacionamento, mas não o de se
relacionar, é o de possuir: o marido possui a esposa, a esposa possui o marido,
os pais possuem os filhos, e assim por diante.
Mas possuir não é se relacionar.
Na verdade, possuir é destruir todas as possibilidades de se relacionar.
Se você se relaciona, você respeita, você não pode possuir.
Se você se relaciona, há uma grande reverência.
Se você se relaciona, chega
perto, muito perto, em profunda intimidade, se sobrepõe.
Contudo, a liberdade
do outro não é invadida, o outro permanece um indivíduo independente.
O relacionamento é o do eu-você e não do eu-isso – se
sobrepondo, interpenetrando, todavia num sentido independente.
Khalil Gibram
diz:
"Sejam como dois pilares que sustentam o mesmo teto, mas não comece a
possuir o outro; deixe o outro independente. Sustentem o mesmo teto: esse teto
é o amor".
Dois amantes sustentam algo invisível e algo imensamente
valioso: uma certa poesia do ser, uma certa música ouvida nos mais profundos
recantos de sua existência.
Eles se apoiam, apoiam uma certa harmonia, mas
mesmo assim permanecem independentes.
Eles podem se expor ao outro, porque não há medo algum.
Eles
sabem quem são.
Eles conhecem sua beleza interior, conhecem seu perfume
interior, não há medo nenhum.
Mas normalmente o medo existe, porque você não tem nenhum
perfume.
Se você se expor, simplesmente federá.
Você federá ciúmes, raivas,
ódios, cobiças.
Você não terá o perfume do amor, da oração, da compaixão.
Milhões de pessoas decidiram permanecer sementes. Por quê?
Se elas podem se tornar flores e podem também dançar ao vento, sob o sol e sob
a lua, por que decidiram permanecer sementes?
Há algo em suas decisões.
A semente está mais segura do que
a flor.
A flor é frágil; a semente não é frágil, a semente parece mais forte.
A
flor pode ser destruída muito facilmente; apenas um vento forte, e as pétalas
murcham.
A semente não pode ser destruída tão facilmente pelo vento; a semente
está muito protegida, segura.
A flor está exposta, uma coisa tão delicada e exposta a
tantos perigos.
O vento pode vir forte, pode chover a cântaros, o sol pode ser
forte demais, algum tolo pode colher a flor.
Qualquer coisa pode acontecer à
flor, tudo pode acontecer à flor; a flor está constantemente em perigo.
Mas a
semente está segura.
Por isso milhões de pessoas decidem permanecer sementes.
Mas
permanecer semente é permanecer morto, permanecer semente é não viver de modo
algum.
Certamente ela está segura, mas não tem vida.
A morte é segura, a vida é insegurança.
A pessoa que
realmente quer viver, tem que viver em perigo, em constante perigo.
Aquele que quer alcançar os picos tem que correr o risco de
se perder.
Aquele que quer escalar os mais altos picos tem que correr o risco
de cair de algum lugar, de escorregar.
Quanto maior o desejo de crescer, mais e mais perigo tem de
ser aceito.
O homem verdadeiro aceita o perigo como seu próprio estilo
de vida, como seu próprio clima de crescimento.
Osho, em "Relacionamento, Amor e Liberdade"
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