quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

AFLITOS


"Bem-aventurados os aflitos!" - disse-nos o Divino Mestre.
Cabe-nos, todavia, considerar que semelhante felicidade não decorre simplesmente da dor
pela dor.
Não podemos esquecer que a aflição é um dardo espiritual que nos impele à procura. E
somente aqueles que procuram a frente se transformam em construtores do progresso.
Quem encontra para si mesmo um acordo acomodatício com as experiências da Terra,
dificilmente consegue ausentar-se do vale da estagnação para os luminosos cimos do conhecimento
superior, às vezes, tão-somente, acessíveis pelos trilhos pedregosos do sofrimento.
Todas as descobertas, que dilataram a alegria e a cultura no Planeta, nasceram na aflição de
homens desajustados que souberam criar a renovação à custa do próprio sacrifício.
Guttemberg sente a angústia do pensamento enclausurado e estabelece o berço da
imprensa.
Colombo reconhece a estreiteza do Mundo Antigo e, preocupado, avança no rumo da
América.
Edison experimenta a inquietação das trevas e inventa a lâmpada elétrica que afugenta as
sombras noturnas.
Marconi registra o tormento da separação que  isola as criaturas entre si e aperfeiçoa o
telégrafo, trazendo á civilização a maravilha do rádio.
Pasteur suporta consigo os padecimentos de milhões de enfermos e, atormentado,
desenvolve a conquista salvadora contra os perigos do microcosmo.  Alinhamos estas citações para  nos referirmos, tão-somente,  a alguns dos missionários da
prosperidade comum.
Não podemos olvidar, porém, acima de tudo, o martirológio do Grande e Inesquecível Aflito
da Cruz.
Sentindo na própria alma as chagas da  ignorância e da penúria que arruinavam a
Humanidade, Cristo vem a nós e imola-se no madeiro, para que o Amor incendeie o coração
humano na senda dos séculos.
Por esse motivo, a última lembrança do Divino Flagelado está expressa no desajustamento
que o assinala no monte do testemunho.
Nem no céu indiferente aos enigmas do mundo, nem na Terra esquecido das perfeições
celestiais, mas sim suspenso entre os anjos  e os homens, como a dizer-nos que somente
algemados à cruz de nossos próprios deveres é que acharemos, depois da procura vitoriosa, o
excelso caminho de nossa própria ressurreição.

(Do livro "Mais Perto", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de Emmanuel)




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