"Bem-aventurados os
aflitos!" - disse-nos o Divino Mestre.
Cabe-nos, todavia, considerar que
semelhante felicidade não decorre simplesmente da dor
pela dor.
Não podemos esquecer que a aflição
é um dardo espiritual que nos impele à procura. E
somente aqueles que procuram a
frente se transformam em construtores do progresso.
Quem encontra para si mesmo um
acordo acomodatício com as experiências da Terra,
dificilmente consegue ausentar-se
do vale da estagnação para os luminosos cimos do conhecimento
superior, às vezes, tão-somente,
acessíveis pelos trilhos pedregosos do sofrimento.
Todas as descobertas, que
dilataram a alegria e a cultura no Planeta, nasceram na aflição de
homens desajustados que souberam
criar a renovação à custa do próprio sacrifício.
Guttemberg sente a angústia do
pensamento enclausurado e estabelece o berço da
imprensa.
Colombo reconhece a estreiteza do
Mundo Antigo e, preocupado, avança no rumo da
América.
Edison experimenta a inquietação
das trevas e inventa a lâmpada elétrica que afugenta as
sombras noturnas.
Marconi registra o tormento da
separação que isola as criaturas entre
si e aperfeiçoa o
telégrafo, trazendo á civilização
a maravilha do rádio.
Pasteur suporta consigo os
padecimentos de milhões de enfermos e, atormentado,
desenvolve a conquista salvadora
contra os perigos do microcosmo.
Alinhamos estas citações para nos
referirmos, tão-somente, a alguns dos
missionários da
prosperidade comum.
Não podemos olvidar, porém, acima
de tudo, o martirológio do Grande e Inesquecível Aflito
da Cruz.
Sentindo na própria alma as chagas
da ignorância e da penúria que
arruinavam a
Humanidade, Cristo vem a nós e
imola-se no madeiro, para que o Amor incendeie o coração
humano na senda dos séculos.
Por esse motivo, a última
lembrança do Divino Flagelado está expressa no desajustamento
que o assinala no monte do
testemunho.
Nem no céu indiferente aos enigmas
do mundo, nem na Terra esquecido das perfeições
celestiais, mas sim suspenso entre
os anjos e os homens, como a dizer-nos
que somente
algemados à cruz de nossos
próprios deveres é que acharemos, depois da procura vitoriosa, o
excelso caminho de nossa própria
ressurreição.
(Do livro "Mais Perto", de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito de Emmanuel)
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