A dolorosa ocorrência deste final
de semana, na cidade de Santa Maria/RS, causando a morte de homens e mulheres, traz,
muitas vezes de forma intensa e
angustiosa, diversas questões:
Por quê?
Por que acontecem essas tragédias
coletivas?
Por que tantas morreram e outras
conseguiram se salvar?
Por que alguns foram poupados e
outros desencarnaram de forma difícil?
Esses flagelos destruidores ocorrem de
todos os tempos, e Kardec, que foi o codificador do Espiritismo, não fugiu a
esse tema, e nas questões 737 a 741 do Livro dos Espíritos, interrogou os
Espíritos Superiores.
De suma importância,
pois, ler a orientação dos espíritos, refletir sobre elas e, assim, vibrar, com o coração apaziguado de dúvidas, pelos desencarnados, pelos
feridos e para os familiares de todos eles.
737. Com
que fim fere Deus a Humanidade por meio de
flagelos
destruidores?
Para fazê-la progredir mais
depressa.
Já não dissemos ser a destruição
uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova
existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento?
Preciso é que se veja o objetivo,
para que os resultados possam ser apreciados.
Somente do vosso ponto de vista pessoal os
apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo
que vos causam.
Essas subversões, porém, são
freqüentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor
ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos
séculos.
738. Para conseguir
a melhora da Humanidade, não podia Deus empregar outros meios que não os
flagelos destruidores?
Pode e os emprega todos os dias,
pois que deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal.
O homem, porém não se aproveita
desses meios.
Necessário, portanto, se torna que
seja castigado no seu orgulho e que se lhe faça sentir a sua fraqueza.
a) — Mas, nesses
flagelos, tanto sucumbe o homem de
bem como o perverso.
Será justo isso?
Durante a vida, o homem tudo
refere ao seu corpo; entretanto, de maneira diversa pensa depois da morte.
Ora, conforme temos dito, a vida
do corpo bem pouca coisa é.
Um século no vosso mundo não passa
de um relâmpago na eternidade. Logo, nada são os sofrimentos de alguns dias ou
de alguns meses, de que tanto vos queixais. Representam um ensino que se vos dá
e que vos servirá no futuro.
Os Espíritos, que preexistem e
sobrevivem a tudo, formam o mundo real.
Esses os filhos de Deus e o objeto de toda a
sua solicitude.
Os corpos são meros disfarces com que
eles aparecem no mundo.
Por ocasião das grandes
calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército
cujos soldados, durante a guerra, ficassem com seus uniformes estragados,
rotos, ou perdidos.
O general se preocupa mais com seus
soldados do que com os uniformes deles.
b) — Mas, nem por
isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
Se considerásseis a vida qual ela
é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis.
Em outra vida, essas vítimas
acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem
murmurar.
Venha por um flagelo a morte, ou
por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a
hora da partida.
A única diferença, em caso de flagelo,
é que maior número parte ao mesmo tempo.
Se, pelo pensamento, pudéssemos
elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e a abrangê-la em seu conjunto,
esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades
no destino do mundo.
739. Têm os flagelos
destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que
ocasionam?
Têm. Muitas vezes mudam as
condições de uma região.
Mas, o bem que deles resulta só as
gerações vindouras o experimentam.
740. Não serão os
flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as
mais aflitivas necessidades?
Os flagelos são provas que dão ao
homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação
ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos
de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.
741. Dado é ao homem
conjurar os flagelos que o afligem?
Em parte, é; não, porém, como
geralmente o entendem.
Muitos flagelos resultam da
imprevidência do homem.
À medida que adquire conhecimentos
e experiência, ele os vai podendo conjurar, isto é, prevenir, se lhes sabe
pesquisar as causas.
Contudo, entre os males que
afligem a Humanidade, alguns há de caráter geral, que estão nos decretos da Providência
e dos quais cada indivíduo recebe, mais ou menos, o contragolpe.
A esses nada pode o homem opor, a não
ser sua submissão à vontade de Deus. Esses mesmos males, entretanto , ele
muitas vezes os agrava pela sua negligência.