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O que é um grupo mediúnico e qual o
número adequado de pessoas que deve constituí-lo?
Divaldo - Entendemos por grupo mediúnico a
associação de pessoas que têm conhecimento da Doutrina Espírita e que pretendem
dedicar-se ao estudo da fenomenologia medianímica e, simultaneamente, praticar
a excelente lição do próprio Espiritismo, que é a caridade.
O número de pessoas oscila de acordo com as
possibilidades dos que dirigem o grupo. Ideal é que este seja constituído de
elementos, como diz Allan Kardec, simpáticos entre si, que persigam objetivos
superiores, que desejem instruir-se e que estejam dispostos ao ministério do
serviço contínuo; entretanto, merece considerar que todo grupo de experiências
mediúnicas fundamentado num número excessivo de membros está relativamente
fadado ao fracasso. Os espíritos prescrevem um número em torno de 15 (quinze),
no máximo 20 (vinte), ou não inferior a 6 (seis), para que haja a equipe dos
que funcionarão na mediunidade, propriamente chamada, bem como a equipe dos que
atenderão no socorro dos passes e através da mediunidade de doutrinação, e, ao
mesmo tempo, o grupo dos que poderão atender como assessores para qualquer
outra cooperação necessária.
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Qual o objetivo de uma sessão
mediúnica?
Divaldo - É acima de tudo uma oportunidade de o
indivíduo auto-reformar-se; de fazer silêncio para escutar as lições dos
espíritos que nos vêm, depois da morte, chorando e sofrendo, sendo este um meio
de evitar que caiamos em seus erros. É também esquecer a ilusão de que nós
estejamos ajudando os espíritos, uma vez que eles podem passar sem nós. No mundo
dos espíritos, as Entidades Superiores promovem trabalhos de esclarecimento e
de socorro em seu favor; nós, entretanto, necessitamos deles, mesmo dos
sofredores, porque são a lição de advertência em nosso caminho, convidando-nos
ao equilíbrio e à serenidade. Assim, vemos que a ajuda é recíproca:
O médium é alguém que se situa entre os dois
hemisférios da vida. O membro de um labor de socorro medianímico é alguém que
deve estar sempre às ordens dos Espíritos Superiores para os misteres elevados.
À hora da reunião, devem-se manter, além das
atitudes sociais do equilíbrio, a serenidade, um estado de paz interior
compatível com as necessidades do processo de sintonia, sem o que, quaisquer
tentames neste campo redundarão inócuos, senão negativos.
Depois da reunião é necessário manter-se o mesmo
ambiente agradável, porque, à hora em que cessam os labores da incorporação, ou
da psicografia, o fenômeno objetivo externo, em si, não cessam os trabalhos
mediúnicos no mundo espiritual. Quando um paciente sai da sala cirúrgica, o
pós-operatório é tão importante quanto a própria cirurgia. Por isso, o paciente
fica carinhosamente assistido por enfermeiros vigilantes que estão a postos
para atendê-lo em qualquer necessidade que venha a ocorrer.
Quando termina a lide mediúnica, ali vai encerrada,
momentaneamente a tarefa dos encarnados, a fim de recomeçá-la, logo mais, no
instante em que ele penetre a esfera do sono, para prosseguir sob outro aspecto
ajudando os que ficaram de ser atendidos e não puderam, por uma ou outra razão.
Então, convém que, ao terminar a reunião mediúnica seja mantida a psicosfera
agradável em que as conversas sejam edificantes. Pode-se e deve-se fazer uma
análise do trabalho realizado, um estudo, um cotejo no campo das comunicações e
depois uma verificação da produtividade; tudo isto em clima salutar de
fraternidade objetivando dirimir futuras inquietações e problemas Outros.
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Como se devem Portar os médiuns e os
demais membros de um grupo, antes e depois do trabalho mediúnico?
Divaldo - Como verdadeiros cristãos.
Devem manter a probidade, o respeito a si mesmos e
ao seu próximo; ter uma vida, quanto possível, sadia, sabendo que o exercício
mediúnico não deve ser emparedado nas dimensões de apenas uma hora de relógio,
reservada a tal mister.
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Os participantes de uma sessão
mediúnica devem fazer algum tipo de preparo íntimo durante o dia, antes mesmo
do início da reunião?
Divaldo - O espírita deve fazer um preparo normal,
porque é um dever que lhe compete, uma vez que nunca sabe a hora em que será convocado
ao retorno à consciência livre.
O espírita que freqüenta o labor mediúnico, além de
espírita, é peça importante no mecanismo de ação dos espíritos na direção da
Terra. Ele deve fazer uma preparação, não somente nos dias da reunião, mas
sempre, porque tal preparação seria insuficiente e ineficaz, já que ninguém
muda de hábitos, apenas por alterar sua atitude momentânea.
Nos trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos
mentais de comportamento moral enobrecido, e estes não podem ser improvisados.
Então, os membros de uma sessão mediúnica são pessoas que devem estar
normalmente vigilantes todos os dias e, em especial, nos reservados ao labor,
para que se poupem às incursões dos espíritos levianos e adversários do Bem,
que, nesse dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado
interior, levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles objetivam
destruir. Então, nesse dia, a vigilância deve ser maior: orar,ler uma página
salutar, meditar nela, reflexionar, evitar atitudes da chamada reação e
cultivar as da ação, pensar antes de agir, espairecer e se, eventualmente, for
colhido pela tempestade da ira, pela tentação do revide, que às vezes nos
chega, manter a atitude recomendada pelo Evangelho de Jesus.
(Do livro "Diretrizes de Segurança", de Divaldo Franco e Raul Teixeira)