quinta-feira, 17 de setembro de 2015

EMOÇÃO E ESPIRITISMO

1. INTRODUÇÃO

Um estado de desequilíbrio emocional poderá nos trazer dificuldades para a harmonia familiar, a convivência no emprego e o relacionamento com o próximo. Pergunta-se: o que se entende por emoção? Qual a sua natureza? Quais são os tipos de emoção? As emoções são boas ou más? Que influência o Espiritismo exerce sobre as emoções?

2. CONCEITO

Emoção – Designa, na psicologia moderna, um estado da mesma natureza com o sentimento, mas muito mais forte que ele, pois surge de improviso e, durante certo período de tempo, impõe-se ao espírito, paralisando a associação livre e natural das representações.

Canus acrescenta: “Creio que a emoção deve ser distinguida do sentimento pela sua maior complexidade, no sentido que, enquanto no sentimento o homem é excitado por uma simples percepção sensorial, na emoção é excitado por um complexo ideológico”. (Monaco, 1967, p. 34)

É o reverbero cortical do fenômeno perceptivo que ocorre na subcorticalidade, em nível subliminar, e só posteriormente se delineia na consciência – no córtex – assumindo a forma de conhecimento propriamente dito. (Equipe da Feb, 1995)

Paixão – Do grego pathos, pena. Significa a disposição para receber alterações ou comoções mais ou menos vivas e com elas corresponder. São reações às emoções, produzidas por causas externas e internas. Inicialmente passiva, torna-se ativa quando espontaneamente a elas adere e quase coopera com elas.

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

As emoções são os determinantes de nossas ações, tanto para o bem quanto para o mal. Às vezes elas nos incitam a produzir muito e outras vezes inibem todos os nossos campos da vontade. Hoje, costuma-se apelar muito para os sentimentos emocionais das pessoas, principalmente para a compra deste ou daquele produto.

A emoção faz parte do indivíduo, mas é fortemente influenciada pela sociedade, por suas regras e seus costumes. Observe que muitos governos querem ditar normas de conduta aos seus cidadãos.

Há também aquilo que sentimos particularmente, mas que não podemos expressá-lo em público, pois morreríamos de vergonha.

Caso não tenhamos força de vontade, acabamos nos desviando do nosso projeto de vida, porque não soubemos controlar os nossos estados emotivos. O que dá prazer nem sempre é o que deve ser seguido. O importante para o consumo pode ser um péssimo negócio para o nosso crescimento moral e espiritual.

4. EMOÇÃO

4.1. EMOTIVIDADE

Emotividade é a reação excessiva diante de um acontecimento, idéia ou sensação. Podemos distingui-la: sentimento, emoção e paixão. 

No sentimento, nossas reações permanecem organizadas, reguladas e controladas;

Na emoção, há descontrole; não conseguimos organizá-las ou regulá-las;

Na paixão, temos um sentimento superdesenvolvido a expensas de outros, exaltado, que nos pode conduzir ou a grandes realizações ou a grandes quedas, segundo seu teor. (Curti, 1980, p. 44)

4.2. ALGUNS TIPOS DE EMOÇÃO

Raiva – Sentimento violento de ódio ou de rancor. Quando alguém se sente enraivecido toma atitudes violentas. Por exemplo, atirar em alguém.

Termos correlatos: fúria, revolta, ressentimento, exasperação, indignação vexame, animosidade, aborrecimento, irritabilidade e hostilidade.

Medo – Fenômeno psicológico marcado pela consciência de um perigo ou objeto ameaçador determinado e identificável. Nessa situação, o sangue corre para todos os músculos mais rapidamente permitindo a fuga e movimentos rápidos.

Termos correlatos: ansiedade, apreensão, nervosismo, preocupação, consternação, cautela, escrúpulo, inquietação, pavor, susto, terror e, como psicopatologia, fobia e pânico.

Amor – É a totalidade dos sentimentos e desejos que estruturam o pensamento para a liberação de energia e de forças que guiam a ação na produção do bem e possibilitam a aquisição de qualidades, constituintes do crescimento do Espírito. Provoca um estado geral de calma e satisfação, facilitando a cooperação entre os seres humanos.

Termos correlatos: aceitação, amizade, confiança, afinidade, dedicação, adoração, paixão, ágape (caridade).

Felicidade – Em geral, é um estado de satisfação devido à própria situação do mundo. Inibe o aparecimento de sentimentos negativos e favorece o aumento da energia existente.

Termos correlatos: alegria, alívio, contentamento, deleite, diversão, orgulho, prazer sensual, emoção, arrebatamento, gratificação, satisfação, bom humor, euforia, êxtase e, no extremo, mania.

Tristeza – Estado afetivo duradouro em que a consciência se vê invadida por um doloroso sentimento de insatisfação, sendo acompanhada de uma ideia de desvalorização da existência e do real. A tristeza acarreta uma perda de energia e de entusiasmo pelas atividades da vida, em particular por diversões e prazeres. Quando a tristeza é profunda aproxima-se de depressão.

Termos correlatos: sofrimento, mágoa, desânimo, desalento, melancolia, autopiedade, solidão, desamparo, desespero e, quando patológica, severa depressão. 

4.3. TENSÃO ENTRE SENTIR E EXPRESSAR

Há, no indivíduo, uma acepção interna e particular, que se distingue da sua apresentação pública. Suponha a corrupção: internamente, o sujeito é contra, pois o seu valor moral a reprime veemente. Na vida pública, é obrigado a conviver com ela, o que lhe causa uma grande tensão entre os seus sentimentos de pureza, de honestidade, de ético, com aqueles que é obrigado a enfrentar no seu dia a dia.

5. EMOÇÃO, PAIXÃO E RAZÃO

5.1. ORIGEM DA PAIXÃO

As paixões têm origem na emoção. Pode-se dizer que a paixão é um sentimento mais duradouro do que a própria emoção. É um movimento da alma que nos arrasta pra fora do nosso estado normal, provocado ou pela atração de um bem que se ama, ou pela repulsa de um mal do qual se foge. Paixão é um desejo que não permite outros. Rousseau dizia: “Todas as nossas paixões são boas quando nos tornam senhores; todas são más quando nos tornam escravos”. Descuret acrescenta: “necessidades desregradas que geralmente começam por nos seduzir para acabar tiranizando-nos”. (Mônaco, 1967, p. 39)

5.2. PAIXÃO: BOA OU MÁ?

A paixão, se não for guiada para o bem, pode se descambar para mal. Os atos e os movimentos das paixões são sempre acompanhados por um distúrbio físico no organismo. A emoção é, inicialmente, orgânica, porque é a resposta a uma sensação. No caso da paixão, é aquele ímpeto do nosso ser para realizar alguma coisa, que geralmente emprestamos um valor extraordinário. 

5.3. EMOÇÃO VERSUS RAZÃO

Agimos mais em função da emoção do que da razão. Observe um torcedor de futebol. Mesmo que seu time seja mais fraco do que o do adversário, ele tem que ganhar de qualquer jeito. Caso seu time não vença, o torcedor acaba xingando o juiz, correndo atrás dos jogadores e punindo-os com as próprias mãos.

A fé é um sentimento do coração, portanto emocional. Ele precisa ser melhorado, trabalhado segundo a razão, para que não se transforme em fé cega, que pode gerar o fanatismo. Não é sem razão que Allan Kardec escreveu no início de O Evangelho Segundo o Espiritismo:

“Não há fé inabalável senão aquela que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da humanidade”.

6. EMOÇÃO E DOUTRINA ESPÍRITA

6.1. A EXCITAÇÃO CEREBRAL

As decepções, os infortúnios e as afeições contrariadas excitam sobremaneira o nosso cérebro, sendo as causas mais freqüentes de suicídio. “Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro, produziria violenta emoção, mediocremente o afeta”. (Kardec, 1995, Introdução, item 15)

6.2. CUIDAR DO CORPO E DO ESPÍRITO

Devemos cuidar do corpo e do Espírito. Os dois estão de tal modo inter-relacionados que não podemos nos dar ao luxo das fortes emoções sem as respectivas consequências para o nosso estado espiritual. Observe a obsessão. Ela acontece porque nos desregramos com alimentação, os prazeres e outras excitações da carne, com coisas que nos trazem a influência desses Espíritos menos felizes.

6.3. FERRAMENTAS ESPÍRITAS

A Doutrina Espírita oferece-nos as ferramentas racionais para enfrentarmos qualquer tipo de problema, inclusive os de cunho emocional, que nos fazem entrar em contato com Espíritos inferiores. Estes se aproveitam de nossa fraqueza momentânea para nos incutir o remorso, o medo, a raiva e outros tipos de emoções, que devemos defender com a prece e os pensamentos voltados para o bem.

7. CONCLUSÃO

Saibamos dosar emoção, paixão e razão. Caso estejamos em dúvida, conclamemos a presença dos benfeitores do espaço, para nos guiar no caminho do bem e da verdade.

(Sérgio Biagi Gregório)

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

VIBREMOS PELO PAÍS, POR TODOS

O País está em crise financeira e política, o mundo está em crise, às crises vão além de um simples problema, isso é sabido por todos.

Porém, podem vir a representar solução, pois onde há pouco as pessoas aprendem a dividir, aprendem a enxergar além do próprio “umbigo”, estamos em um mundo de expiação e provas, de angústias e sofrimentos, mas não podemos de forma alguma deixar essa condição nos afastar do propósito maior de Deus ao nos criar, e de Cristo ao entregar sua vida para que fossemos salvos.

Não podemos deixar que crises financeiras e políticas deturpem a nossa moral, nosso vínculo com a espiritualidade, enfraqueçam nossos laços com pessoas próximas que tem como objetivo principal a caridade.

Caridade – que fique claro, não somente entendida como material e sim acima de tudo sentimental, emocional, espiritual. Sabemos que não só de amor vive o homem considerando sua própria constituição física, mas que com certeza ele não pode sobreviver sem o próximo. Não pode viver sem a cooperação e compaixão do próximo, somos todos imperfeitos e por isso estamos aqui. Um não é mais importante que o outro, um não é mais autossuficiente que o outro.

A espiritualidade maior nos quer unidos para os desígnios do bem, da humildade, da compreensão, da fraternidade, cada espírito desencarnado, assim como cada espírito encarnado possui uma importância para a evolução de todos.

Entrar em crise moral e espiritual é dizer ao mundo capitalista e egoísta que ele está certo, que os fins justificam os meios, que a ganância é o cerne da natureza humana, mas não é essa a realidade. 

Deixar que a crise material atinja nosso íntimo é admitir que não passamos de um invólucro vazio e sem salvação, é admitir que não temos consciência que uma casa sem união nada mais é que paredes cheias de egos, repleta de sentimentos menos nobres e egoísticos.

Não deixemos que nossas vibrações baixem e deem espaço para o mal que nos cerca, não deixemos que aquilo de mais obscuro em nós vença. Atacar um ao outro só enfraquecerá o elo de luz e de amor que existe, só trará a tona a incompreensão e a frustação de exigirmos do outro aquilo que temos que exigir de nós mesmos.

Pensemos que a fartura se faz de pequenas quantias e que dispensar um grão que seja a tornará um pouco menor a cada dia. Lembremos sempre que é mais válido um abraço e uma palavra de carinho nascida da centelha divina que há dentro de nós, do que uma grande mansão nascida de uma atitude menos feliz.

Todas as iniciativas possuem uma grande importância desde que acarinhadas, envoltas com o amor. Que não percamos a razão por nos colocarmos acima dos nossos consortes de caminhada, que não adiemos nossa evolução por em algum momento nos considerarmos donos da verdade, pois nenhum que aqui está possui a verdade absoluta, esta somente é inerente ao Criador que não nos julga, não nos culpa, não nos castiga, não nos diminui e sim mesmo com toda a sua grandiosidade nos deu a oportunidade de escolhermos nossas próprias ações, nos fez sua imagem e semelhança para aprendermos que ele é todo AMOR.

Sejamos todos humildes o suficiente para reconhecermos nossos erros, sejamos resignados o bastante para seguir nossa caminha e por fim sejamos caridosos o suficiente com nossas próprias almas para aceitar o quanto precisamos de nossos irmãos.

(Thairine Silveira)


Foto: Mar da Galileia (*Pixabay) Irmãos, que alegria estarmos todos aqui neste ambiente de paz, amor, fraternidade e luz, muita...